Nosso passado

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Estar ali novamente presos na visão é uma pequena tortura para os meninos, eles já tinham visto como ambos se conheceram, se amaram e morreram.

Por mais que fosse necessário para terem a chance de consertarem o que lhes foi tirado, tanto para Jin quanto para Taehyung, ter que reviver quem foi  covarde o suficiente para puxar o gatilho e fazer coração de Seokjin parar pela dor de ter perdido o seu grande amor.

Jisoo segurava as mãos dos meninos com força para não soltarem. Eles não sabiam que ela só podia ser a médium que fazia as memórias voltarem, o que está fazendo agora é ultrapassar além do que pode.

Ela estava atravessando a linha da morte não para o momento que morrerem, mas para todos os momentos em que o assassino cruzou com eles.  O assassino é ligado diretamente ao passado deles e ninguém mais, a Jisoo está fazendo todas as memórias deles voltarem. Uma fita sendo rebobinada.
Isso está fazendo um mal enorme para as forças vitais dela, só que em nome do amor que floresceu durante os anos que fingiu ser apenas uma empregada da família dele, ela está disposta à isso.

Viram todas as memórias de Taehyung como um filme de cinema, nada de anormal. Apenas boas memórias de uma vida no exército coreano na Guerra da Coreia e depois disso na faculdade de Medicina.

Dias saudosos da sua vida.
Nada de anormal, nem suspeito.



- Eu tive uma boa vida, não é mesmo,  Jisoo ? - Taehyung sentiu os olhos lacrimejarem vendo tudo o que fez, conquistou e o respeito dos demais.
A vida que foi interrompida, mas que foi tão boa enquanto durou e sentiu saudades do que não lembra de ter vivido. Por um momento quis reviver tudo, até o que não viveu pela morte.



- Você não sabe o quanto foi feliz, a sua vida passada foi uma das melhores que testemunhei. Não se preocupe com o que passou, ainda há uma chance de viver tudo isso de novo. Mas precisamos achar quem foi o responsável. - Disse.



- Jisoo... - Jin chamou atento aos pulsos da menina que estava ficando com uma  coloração azulada nos dedos e unhas, ou seja, sintomas de má circulação. Ele quis puxar a menina de volta para o "mundo real". Mas ela teimou. - Você não está bem, nós precisamos parar com isso.
Deve existir outro jeito, por favor.



- Está tudo bem, prometi que te ajudaria e isso que irei fazer nem que seja a última coisa que faça na vida. Não se preocupe comigo ou o que devo sentir, já passei por coisas piores. Isso não é nada, apenas confie em mim. - O sorriso doce escondia a dor que pulsava em seu corpo e doía, ela não iria admitir porque queria ajudar Jin nem que fosse a última vez que respirasse. Há muito tempo não se sentia assim viva e intensa. - Agora vamos passar pelas memórias mais profundas do subconsciente de Jin, então não sei o que iremos ver a partir de agora. Posso neutralizar a dor de vocês durante esse tempo, mas tente ser rápidos porque precisamos voltar.




As memórias de Jin apareceram e o fizeram parar por alguns segundos. Ele era tão feliz em algumas e tão tristes em outras, mesmo que soubesse disfarçar a expressão em seu rosto, se conhecia o suficiente para saber quando fingia. Em uma das memórias, ele está sentado na mesa de jantar na família com seu irmão ao lado e encarando uma taça cheia de vinho. O líquido foi jogado em seu rosto por um homem de aparência robusta, grosseira e com voz conhecida.

Dongmin. Seu irmão mais velho.

Um tapa foi desferido no rosto do mais novo por Dongmin, e logo foi jogado no chão grunhindo de dor por tal ato.

Ele, Seokjin, apanhou de seu irmão mais velho de uma forma baixa e covarde com apenas 12 anos de idade na ausência dos seus pais. A relação abusiva começou na sua infância e se estendeu para a sua  juventude conforme as lembranças iam passando como rolo de fime, seu único conforto era ficar na biblioteca com os pais ou se esconder de Dongmin pelas passagens secretas da mansão, e claro, admirar seu belo jardim de rosas.



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