Subway

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Namjoon.


Podia sentir as minhas mãos suando de nervoso enquanto dirigia até o endereço de Boyoung, e pior, no absoluto silêncio.

Ela encarava o lado de fora pela janela, a noite está bonita nessa época fria de outono. A luz da lua está parcialmente sendo vista, mas iluminando o seu pequeno e delicado rosto. O que lhe deixava mais linda ainda.

Ela esfregou as mãos em seus braços com frio e pensei no que poderia fazer, como se fosse difícil ligar um simples aquecedor de carro. Estou agindo como um adolescente clichê e atrapalhado.

Boyoung se virou para mim quando tossi sem querer, de nervoso para ser mais exato. Onde tem um buraco para que eu enfie a minha cabeça pelos próximos 200 anos ? Irei reencarnar mesmo.

Paramos no sinal vermelho e ela ainda me olhava. Como faço para que pare com isso e fale logo alguma coisa ?

Deixe de ser idiota, é sua grande chance de falar alguma coisa para ela. Anda, não pode ser tão difícil falar.




- Então, está frio, não é ? - Logo me arrependi, não sabia como falar com uma mulher e seria diferente agora.



- Sim, um pouco. Poderia ligar o aquecedor, por favor ? - Perguntou o óbvio que já deveria ter feito. A forma dócil que pediu me deixou sem graça.




- Claro, você quer quente ou só confortável ? Existe essas opções e...




Boyoung deixou escapar uma risada pela minha forma de agir desesperada, não acredito que isso está acontecendo comigo sem ao menos ser de um modo normal.

Ao contrário do que pensava, ela não parece estar desconfortável com a situação ou me achando um idiota já que eu agia perfeitamente igual a um idiota. Acho que ela se divertia com a situação, o que me deixou levemente aliviado porque ainda faltava 10 minutos de caminho até a casa dela, mas parecia uma eternidade dentro do carro. Liguei o aquecedor do carro para deixar o ambiente mais confortável já que também estou com frio. Ela sorriu e esfregou as mãos para ficar mais quente, pelo menos dessa vez fiz alguma coisa de certo.

E estava tudo certo, até que escutei um barulho vindo dela.




- Que barulho foi esse ? - Acabei rindo devido ao barulho novamente e reconheço o que é. - Você está com fome ? Podemos parar no Subway que tem aqui perto.



- Ah, não. Não quero te incomodar com isso, posso ir direto para a casa.




- Não é incômodo nenhum, eu também estou com fome e nada melhor do que um bom sanduíche do Subway para matar a fome. Vamos, é por minha conta e não aceito um não como resposta.




- Acho que um bom sanduíche vai cair bem, mas somente se aceitar que eu pague a sobremesa para você. O que acha ? - Esticou a mão em forma de acordo, ela sabe como ser fofa de forma simples. - Em frente tem uma sorveteria com ótimos sabores de sorvete e, não é por nada, mas é o melhor sorvete da Coreia do Sul. E ainda irei conseguir um desconto porque o dono é meu vizinho.




Uma risada sincera sai de mim sem nervosismo. Me senti confortável pela primeira vez essa semana, e para ser honesto, não espero que volte a minha vida ao normal depois do que vi essa noite. Acho que posso esquecer essa coisa de regressão durante algumas horas, e espero achar um jeito para falar a verdade á ela sobre nosso passado juntos. Fomos noivos há 70 anos, eu morri em guerra e ela morreu de tristeza algum tempo depois.  Função difícil. Pensei enquanto estacionei o carro em frente ao Subway. Como vou contar isso sem gaguejar ou falar demais ?

Boyoung saiu do carro indo em direção a lanchonete e fui andando atrás dela. Nesta vida, ela é bem diferente de como a vi na regressão, há 70 anos usava seu cabelo solto e longo, vestida com saias rodadas que marcavam sua cintura e uma blusa com as costas de fora na cor rosa bebê. Já nessa vida, Boyoung usa calças largas e blusões femininos bem despojados que combinavam com seu cabelo em tamanho médio e uma leve franja sem perder sua fofura física.

No lugar das sapatilhas com salto baixo, ela usava tênis em um tamanho maior que o seu e brancos. Em questão de acessórios, usava apenas brincos e um relógio simples em seu braço direito.

Não posso pensar que ela se vestiria igual uma moça dos anos 50 ou usaria um penteado, apenas achei que faria jus em alguma coisa já que lembra de sua vida passada como usar o cabelo partido de lado com tiaras, lenços amarrado, presilhas estampadas. Igual nos filmes antigos, estando bastante enganado.

Ela faz o pedido do melhor sanduíche do Subway, frango defumado com cream cheese.

Eu peço o mesmo pedido com dois sucos naturais de laranja e a olho curioso, ela simplesmente dá de ombros sorrindo convencida, ou seja, Boyoung consegue o Subway como uma fã nata. O clima está agradável dentro dessa lanchonete que nos faz esquecer do mundo lá fora. Legal, agora estou pensando igual o Jin, acho que preciso de um bom remédio tranquilizador.

Não demora muito para o nosso pedido ficar pronto e pego a bandeja, ela agradece por mim já que procurava alguma mesa distante. Quero poder ter essa chance de conversar sobre o passado que vi na regressão com Boyoung, talvez ela ainda procure saber quem foi o noivo por qual chorou e sofreu antes de morrer há 70 anos atrás.




- Vamos nos sentar ali. - Apontei e me sentei colocando a bandeja de frente para ela. Ficamos embaixo de uma luminária florida. - Espero que aqui esteja aconchegante, se quiser podemos ir para outro lugar.



- Ah, não, aqui está muito bem e estou morrendo de fome. - Sorriu sentando ao meu lado, pegando um sanduíche e logo mordendo rápido. Ela pareceu estar morrendo de fome pelo jeito.




- Você estava morrendo de fome, não é, senhorita. - Apesar de estar sentada ao meu lado, não me senti nervoso dessa vez. - Essa confusão toda de regressão me deu fome, entendo como você está. - Dei uma enorme mordida no sanduíche desfrutando da companhia dela, nós  teríamos algumas horas no Subway e assim posso saber um pouco mais da história dela.

Talvez, consiga achar a coragem certa para poder contar a verdade que vi na minha regressão.






O encontro de duas almas tem como foco principal, não a aparência física, mas a afinidade entre elas existente, e o que o destino a elas destinou, como o porquê e o quando tudo deve acontecer. Estas almas falam além das palavras, e aliás, delas não precisam, pois se comunicam, se encontram, se amam pelo éter, pelo espaço sideral. São encontros etéricos.

Se o reencontro ocorrer no tempo certo, estas almas afins se entrelaçam e buscam a forma de juntas ficarem, num processo contínuo de reaproximação até a consumação do resgate daquilo que vieram cumprir.

“São almas que atravessam os tempos, as muitas passagens, buscando o resgate final de seu amor, até que em determinada passagem conseguem cumprir o resgate, tendo então seu descanso final, quando conseguem ter um lindo dia.”



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