A história da rosa branca

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Jin.

Confuso. Esta é a palavra que posso me descrever nesse momento desde que voltei do bosque com Taehyung ao ver aquela cena tenebrosa do caule.

Pedi que me deixassem sozinho na Ala Oeste com os meus pensamentos conturbados, agradeci aos céus por estar livre de todo aquele pó e vidros quebrados pelo chão e corredor.
Não posso me sentir mais confuso do que agora, porque ele também viu e agora me sinto mais perdido do que antes. "Mas por que ele?."

Ecoava na minha mente as infinitas possibilidades para aquilo ter acontecido, não me sinto assim desde a morte dos meus pais. "Ele teve a mesma visão que você do caule sangrando, e o medo foi o mesmo que em seu coração". É como os meus pensamentos respondiam à mim mesmo devido a todas as minhas dúvidas, nesses momentos sinto a falta dos conselhos do meu pai e do carinho materno de mamãe afagando meus cabelos enquanto falava palavras doces.

Eu vinha na Ala Oeste para fugir do mundo lá fora e quando estava com medo, mas depois que eles morreram passo a maior parte do meu tempo aqui em cima. Porém, às vezes tenho uma pequena vontade de sair gritando pela casa e para que isso não ocorra, decidi descontar nos espelhos, paredes e com uma pequena adaga fiz algum dos pequenos estragos que tem por aqui. Sempre tive a leve sensação de viver como uma Fera isolada em sua torre e que se esconde do mundo. Irônico me sentir como um personagem da Disney, só que com o passado mais triste e tenebroso.

A vantagem é que sou mais bonito e gentil, mas é como me sinto.
Acho que o alento em meu coração são as minhas rosas e meu jardim, certa noite acabei encontrando a rosa perfeita para mantê-la dentro da redoma de vidro e ser a minha companhia durante as longas madrugadas na Ala Oeste.

Não posso dizer que isso faz com que a minha dor passe, mas ameniza porque dizem por aí que as coisas belas, ainda que sejam pequenas como essa rosa, fazem que a nossa pior vá embora por pequenos segundos. E isto tem acontecido frequentemente quando a olho, me sinto completamente diferente e até levemente feliz ao ter esta rosa, e como o próprio Taehyung falou ontem à noite quando deu uma de bisbilhoteiro, esta é a rosa mais linda que já vi em toda a minha vida. Por isso fiz questão de mantê-la em segurança dentro da redoma de vidro, assim não corre riscos de algo de ruim lhe acontecer.




- Você é mesmo fascinante, não posso dizer em palavras o quão sua beleza pode lhe valer. Eu morreria em pensar que algo pode lhe acontecer, mas de uma forma curiosa, está sobrevivendo bem desse jeito. - Fitei a rosa está na minha frente e sorrio de canto, acho que mamãe gostaria de ver como cuido desta rosa diferente. Mas algo em meu coração dizia que esta rosa possui algo peculiar, tanto na sua aparência quanto na sua própria existência. A rosa é uma rosa desde o momento em que é uma semente até o momento em que morre. No seu interior, em todos os momentos, ela contém todo o seu potencial.



Retirei a tampa de vidro com cuidado e reguei levemente a rosa para lhe deixar sempre saudável, me aproximei para sentir o maravilhoso perfume que exalava e sempre me deixava encantado.

Me sento na poltrona que tinha ao lado e abro um pequeno livro com alguns poemas, estes eram os favoritos da minha mãe. Ela ia com frequência na biblioteca quando mais nova, algo que a fez ser muito repreendida pelas mulheres e homens naquela época porque diziam que uma mulher não devia ler porque isto lhe traria ideias vulgares. Que isto era para os homens.

Ainda bem que minha mãe nunca deu ouvidos e acabou conhecendo o meu pai naquela biblioteca, foi assim que o destino a surpreendeu. Ela me contou que foi amor à primeira vista, mas demorou para aceitar o convite de meu pai para sair porque pensou que ele estava a zombar dela como outros rapazes fizeram, ainda bem que ela recusou os idiotas e esperou meu pai.
O livro que estou em segurando foi o que comprou no dia que se conheceram, ela me contou que lhe trouxe sorte e me deu de presente quando comecei a me interessar por tudo que tinha a haver com rosas e romance. Acho que puxei este lado sonhador dela, mas ainda tinha um outro lado meu que era de meu pai.
O fato de estar sempre isolado, porque meu pai era um tanto rude e grosseiro, o que fez ficar sozinho por muito tempo porque ninguém quer uma pessoa dessas por perto. Ele se isolou nessa mesma Ala Oeste por anos, até que decidiu sair e encontrou a minha mãe.





- Ontem era apenas mais um botão,
que se destacava nos galhos da roseira, hoje, com a magia da transformação, surgiu uma rosa linda e altaneira. Ela é branca...ela é a dona do jardim, a mais bela entre tantas belas flores, que juntamente com o perfume do jasmim, vem compor a essência dos amores... A rosa branca reina soberana. As outras flores lhe rendem homenagem, pois é tal o poder que dela emana, que destaca, das outras, a sua imagem! Suas pétalas brancas, alvas como a lua, exalam um suave aroma, embriagador, parece uma explosão da natureza nua, em fragmentos de ternura e de amor. - Recito enquanto leio a página com poemas sobre a rosa branca, era o favorito da minha mãe e ela sempre lia para mim. - Sabe, às vezes me sinto mais sozinho do que devo e penso em sair dessa casa algum dia. Mas para onde eu iria ? - Disse para mim, não tinha com quem conversar e esse tipo de perguntas sem respostas que fazia à mim mesmo eram frequentes. É solitário, mas acabei acostumando e pelo menos consigo colocar para fora algumas coisas que passam pela minha mente.




Um barulho me faz voltar atenção a porta e tive a visão de Taehyung parado me olhando, acho que ele deve ter escutado a leitura do meu poema sobre rosa branca. Fiz um sinal para que ele entrasse, ainda estávamos um pouco assustados sobre o que vimos, mas tento dar um sorriso para ele.
Taehyung é o único que se atreveu a vir na Ala Oeste, a ir na parte mais densa do bosque e viu o caule sangrando. Acho que posso confiar nele a partir de hoje, e além disso, me sinto confortável perto dele desde o dia que chegou junto com Namjoon.

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