𝘽𝙧𝙤𝙠𝙚𝙣 𝙋𝙞𝙚𝙘𝙚𝙨

3|O Acordo

Ele não te faria apenas uma Rainha, ele te faria uma lenda.

Any Gabrielly

Uma vez eu vi em um programa da televisão que nos segundos anteriores a serem atacados, os cervos podem sentir a presença do predador. Eu definitivamente consigo sentir a presença de Josh, e ao invés de me sentir assustada, me sinto atraída. Ele é o predador perfeito, com toda a boa aparência, a cadência do sotaque e o cheiro de canela inebriante. Eu preciso de alguns segundos para processar sua presença e impedir meu corpo de se jogar em cima dele.

Nos atenhamos então aos fatos: Josh é o chefe de alguma grande máfia italiana. Josh tem um irmão mais novo chamado Noah. Josh me olha como se nunca tivesse visto nada assim antes. Josh tem os músculos dos braços e abdômen definidos. Josh tem os músculos da coxa definidos. Josh tem uma tatuagem de uma cobra passando por seu braço esquerdo até o coração. Josh cheira deliciosamente bem. Josh está perto demais...

Eu pisco e o encaro.

- Você poderia me deixar sair, sabia? Eu nem tenho para quem contar sobre vocês. E mesmo se tivesse, não contaria. Não gosto de drama.

Eu tento, mesmo sabendo que meu argumento é ridículo. É óbvio que ele não vai simplesmente me deixar ir embora andando. Seria um idiota se o fizesse.

- Te deixar sair não é uma opção. Agora, o que eu vou fazer com você enquanto estiver aqui...-Ele levanta a mão, passando o dedo indicador pela lateral do meu rosto, descendo para meu maxilar, meu pescoço e parando exatamente na gola da camiseta preta, no meu decote. Seu toque é tão leve, mas ao mesmo tempo tão quente, e eu sinto cada átomo do meu corpo responder à isso. À ele. - Tem alguma coisa em mente, querida?

Ele é um assassino, eu preciso lembrar a mim mesma.

Ele está apenas jogando com você.

Repito mil vezes, até me convencer disso.

- Eu não tenho nenhuma utilidade aqui Josh. O que você quer em troca de me deixar sair?

Ele aperta os olhos em minha direção e se afasta, colocando as mãos nos bolsos da calça social preta. O homem foi esfaqueado há pouco menos de vinte e quatro horas, mas parece tão em forma

-Por que não fazemos um acordo, querida?

Eu bufo, cruzando os braços.

- Não vou me prostituir para nenhum homem daqui, se é o que está pensando.

Ele me encara do outro lado da sala. Seu olhar se torna severo, feroz.

- Ah, mas não vai mesmo. Meus homens não vão encostar um dedo em você, Any, acredite em mim. - O jeito como meu nome soa em seus lábios deveria ser proibido. É como uma carícia, o sussurro de um amante. É delicioso. -Mas ninguém faz parte dos Beauchamp sem trabalhar.

Beauchamp. Esse deveria ser o nome da máfia e o sobrenome de Josh e Noah.

- Eu não pretendo te prender aqui contra sua vontade para sempre, afinal você me salvou ontem. Mas também não pretendo deixa-la ir embora e nunca mais olhar para trás. Por isso o acordo. O que me diz?

Eu ergo as sobrancelhas, respondendo com a voz cética.

- Você está manipulando o jogo para tentar fazer com que pareça que eu esteja trilhando meu caminho, para que pareça que eu tenho o controle aqui e que eu tenha escolha. Mas nós dois sabemos que isso não é verdade.

O homem mais gostoso do planeta Terra solta uma gargalhada rouca, e eu aperto as coxas uma contra a outra.

Merda.