8|Inevitável Atração

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Why the more you have to say it's harder tô say/speak?

Joshua Beauchamp

Eu mexi o maxilar enquanto esperava Any colocar o vestido. Eu estava sentado no sofá branco da loja imensa e elegante, com várias mulheres indo para lá e para cá, tentando chamar minha atenção, pronunciando meu nome de maneira provocadora.

E tudo o que eu conseguia pensar era na americana mandona e teimosa que tirava minha paciência e brincava de corda bamba na linha estreita que era o meu autocontrole.

Eu suspirei, tentando tirar da cabeça a imagem de suas coxas com aquelas meias-ligas. E aquele corpete com botões, que enfatizava os peitos dela e deixavam os ombros totalmente livres...

Fui interrompido quando a cortina se abriu e a mulher mais bonita do mundo arranjou um jeito de ficar ainda mais maravilhosa.

Eu me levantei sem nem perceber o que estava fazendo, e me aproximei dela.

O vestido vermelho era o próprio pecado vestido em Any. O tecido descia como uma onda do ombro esquerdo até a parte direta de seu quadril. A cintura estreita e o decote que se abria gradativamente eram o próprio instrumento do diabo para fazer um homem imaginar como seria tocar naqueles lugares. O vestido não era apenas elegante, ou apenas lindo, ou apenas provocador. Ele era tudo isso junto. E eu perdi o fôlego quando o olhar de Any encontrou o meu.

Ela não admitiria nem sob ameaça de morte, mas eu conhecia aquele olhar. Ela queria saber o que eu achava sobre o vestido.

- O vestido ficou bom em você.

Eu disse para a mulher mais linda do planeta, usando o vestido mais magnífico ja inventado pelas mãos de um ser humano.

Ela suspirou e se virou exasperada, entrando denovo no vestiário.

Quarenta minutos depois, ela ainda não tinha aparecido. E eu já estava de saco cheio das estilistas oferecidas que me rondavam incessantemente.

Me levantei e parei ao pé da cortina.

- Any? Esta tudo bem por aí?

Silêncio. Um grunhido.

-Por que não estaria?

Ela respondeu, mal humorada. Eu dei um sorrisinho discreto.

- Cadê o próximo vestido? Você mesma foi fabricar, a mão?

Ela bufou e a mulher que a ajudava com os vestidos soltou uma risadinha aguda.

- Estou provando meu quinto vestido e...

Eu abri a cortina de repente, sem pensar duas vezes.

Na minha frente, as costas e ombros de Any se estediam nus, sem nenhuma marca sequer. Eu imaginei meus dentes percorrendo seu corpo, me imaginei marcando sua pele com chupões, e meu pau latejou.

A estilista me olhava incrédula, e quando levantei o olhar para o espelho na frente de Any, ela me encarava com os olhos em chamas.

- Você não conhece o significado da palavra "privacidade"?

Eu fechei os olhos, me virando de costas, subitamente arrependido.

- Eu...Desculpe Any. Não queria...- Pude ouvir um barulho de roupas sendo tiradas e colocadas.

- Não queria o que? Me ver semi-nua? Invadir um dos únicos lugares que posso estar quase sozinha? Ou estragar uma noite que deveria estar sendo ótima?

Pude sentir ela esbarrando em meu ombro, e abri os olhos. A figura pequena de Any saía da loja irritada, batendo os pés.

Eu passei pela recepção e murmurei para a mulher mais velha.

- Quero todos os vestidos que ela provou na minha casa, essa semana. Boa noite.

E então eu saí correndo atrás da minha americana estressada.

Ela estava atravessando uma rua com tanta pressa que não olhou para o lado, onde um carro pssava a toda velocidade, e eu corri mais rápido do que um raio, puxando seu corpo para trás.

Ela bateu as costas contra o meu peito e sua respiração se tornou ofegante.

Eu a virei de frente para mim.

- Esta louca? Quase foi atropelada!

Ela semicerrou os olhos em minha direção e começou a dar soquinhos em meu peito. Eu franzi o cenho e peguei seus punhos com facilidade.

- Any, Any, se acalme pelo amor de Deus.

Ela suspirou e concentrou o olhar em algum ponto atrás de mim.

- Me solte.

Eu pisquei, controlando meus nervos, que me mandavam arrancar cada ofensa dela com beijos. Também controlei meu corpo que só queria te-la inteira, sem roupas e vulnerável. Controlei meu temperamento, que ela sempre deixava a um passo de explodir.

Controlei todo o meu ser e apenas olhei em seus olhos.

- Você esta chateada comigo.

Ela finalmente me encarou. Seu olhar me fulminava.

- Não. Eu estou puta da vida com você!

Eu suspirei.

- Eu não queria ter entrado daquele jeito no vestiário. Foi só que... Ela ergueu as sobrancelhas,esperando uma explicação. - Eu vi você naquele vestido vermelho. E, e...Droga Any, foi a coisa mais bonita que eu ja vi. E eu estava esperando você colocar o próximo, e cada minuto parecia uma tortura, e eu te perguntei e você disse que ja tinha provado quatro e...Eu me descontrolei. Me desculpe.

Ela estava vermelha. Como um pimentão, adoravelmente vermelha. Mesmo com a luz fraca dos postes da rua eu podia ver.

Um sorriso começou a tomar conta do meu rosto.

- Você esta vermelha porque eu disse que você é a coisa mais bonita que eu ja vi ou porque esta se controlando para não me bater?

Pela primeira vez, que ela desviou o olhar do meu.

- Não...Não diga essas coisas, por favor.

Seus olhos continham uma pontada de mágoa, e eu me perguntei quem havia sido o homem sem noção que a fez acreditar que ela poderia ser qualquer coisa menos que maravilhosa.

Suspirei e soltei seus pulsos.

- Any, olhe para mim.

Ela continou encarando meu peito, e eu levantei seu queixo delicadamente, com o dedo indicador.

A sensação de sua pele sob meus dedos ainda era devastadora.

- Eu posso ser muitas coisas. Babaca, idiota, cafajeste, até assassino. Mas não sou mentiroso. Se eu estou dizendo que você é a coisa mais linda que eu ja vi, é porque você é a coisa mais linda que eu ja vi. Tudo bem?

Ela assentiu e engoliu seco. O ar entre nós estava pesado, e todo meu corpo queria sentir as curvas que eu tinha visto hoje. Senti minha respiração acelerar quando o olhar dela parou em minha boca.

- Eu tenho regras...- Ela sussurrou, sem tirar o olhar dos meus lábios. Eu assenti, assistindo seu peito subir e descer rapidamente.
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