dezoito

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Charles Somers

Eu e Hope já estávamos conversando há um bom tempo, sentados na grama. E apesar de ser um assunto delicado, eu estava curioso demais para não perguntar nada.

- Aquele dia.. o que houve exatamente? -pergunto com um certo receio.

- De que dia você está falando? -pergunta com um falso cenho franzido.

- Você sabe, a primeira noite de vocês aqui.

Ela respira fundo e olha para o céu, que estava um azul maravilhoso. Ela demora em seus pensamentos, e eu respeito totalmente seu tempo, enquanto a olhava.

Depois de alguns segundos ela leva seus olhos até mim, eles já se encontravam levemente umedecidos.

- Eu realmente não me sinto confortável pra conversar com ninguém sobre isso, mas eu não sei porquê, com você, aqui, agora, estou sentindo que preciso desabafar.

Sua confissão me fez sorrir e me surpreendeu muito.

A conexão que eu estava sentindo, não estava sendo sentida apenas por mim, e isso me deixava muito bem.

- E você pode desabafar, tudo ficará entre nós. E eu acho que sou um bom ouvinte. -dou um risinho leve tentando descontrair o clima e ela me acompanha.

- Eu estive.. an.. com uma pessoa por dois anos.

Ela dá uma pausa para respirar fundo e eu sorrio como apoio, e tento ajudá-la.

- Ele não era uma boa pessoa. -eu digo tentando a ajudar.

- Não, ele era. Era ótimo, me tratava bem, me amava, me dava carinho e eu me sentia uma verdadeira princesa. -ela dá uma pausa e olha para suas mãos, ela as apertava, as deixando vermelha- Mas isso foi antes. Antes de eu conhecer o completo abusivo que ele era. Resumidamente, ele estragou a minha vida, me afastou de amigos, me afastou de quem eu era, dos meus sonhos e de tudo que eu gostava. De herança, eu ganhei problemas psicológicos.

- Problemas psicológicos?

- Depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós traumático. -ela diz me olhando nos olhos e eu me lembro de Angel dizendo essas coisas- E sobre aquele dia, eu vi um frasco de sabonete líquido. E pode parecer meio besta, mas de alguma forma minha mente viajou para uma situação traumática que vivi com ele. Isso ocorre muitas vezes.

- Quando isso acontece, o que você faz?

- Não sei, Chaz. Eu apenas.. choro, eu acho. Eu choro, perco o ar, mas tento me concentrar em outra coisa, costuma passar depois de alguns minutos.

- Eu sinto muito. Se eu soubesse quem ele é, eu o mataria. -digo, e realmente falo sério.

Não entra na minha cabeça um homem maltratar uma mulher. Simplesmente não entra.

- Agora tudo já passou, o que posso fazer é me tratar, e seguir a minha vida. -ela diz me olhando e uma lágrima escapa de seu olho.

- Ei, eu sei que essa situação toda é meio esquisita, e que você provavelmente não se sente em casa. Mas você pode contar comigo como seu amigo, se quiser. Você disse que ele te afastou dos seus amigos, e bom.. você tem a mim e sempre terá a Angel.

Ela sorri levemente e assente.

- Obrigada, Chaz.

Quando vejo, ela estava abraçada a mim e eu noto uma linda flor vermelha atrás dela. Me separo de seu abraço e retiro a flor de seu habitat natural, logo colocando-a atrás da orelha de Hope, que ri.

Criminal ReleaseOnde histórias criam vida. Descubra agora