seis

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•Ryan Butler•

Olho para a dona dos olhos cor de mel mais intensos que eu já vi na minha vida. A decepção transbordava e me afogava.

Nada saía da minha boca, nem da dela.

Dou dois passos e fecho a porta atrás de mim. Me sento na única cadeira vaga que havia e Angel vira o rosto para Justin.

- Como vai ser isso? -ela questiona e cruza os braços.

- Vocês irão ficar por aqui, até pensarmos no que fazer com vocês. Helena já arrumou os quartos.

- Nós podemos ficar juntas. -a loira, que eu conhecia como melhor amiga de Angel, diz.

Justin sorri irônico.

-Pensei bem sobre isso. Não. Não vão ficar juntas nem ferrando. Vocês vão dar um jeito de conversarem e fugirem no meio da noite ou sabe-se lá mais o que.

Angel e Hope se olham.

-Bom, Caitlin, leve-as até Helena para que ela possa ajudar com as coisas.. e Nolan, o que elas precisarem você manda comprar.

Os dois concordam e se levantam para sair, vejo Hope e Angel se levantando também.

- Angel. -a chamo e tento pegar em sua cintura.

- Ryan. Você fica aqui. -ouço a voz grossa de Justin e o olho.

Engulo seco.

Vejo todos saindo e me sento na cadeira de frente pra ele.

- Você precisa se resolver com essa garota.

- Mas não brigamos -eu digo.

- E você acha mesmo que ela vai ficar com você depois de descobrir essa mentira?

Engulo seco dessa vez com muito mais dificuldade.

- De qualquer forma, ela ficando nervosa ou MUITO nervosa, você tem que se resolver com ela. Se pretendemos soltá-las em algum momento, precisamos que elas colaborem para que não nos denunciem.

Assinto.

- Certo. Pode ir.

Me levanto e saio. Suspiro e penso em ir atrás de Angel. Olho a hora e decido deixar ela dormir e conversar ao acordar.

Subo para meu quarto e me deito, sentindo o sono me invadir.







•Nolan Murray•

Caitlin fica responsável por acomodar Hope, e eu Angel.

Abro a porta e dou espaço para ela passar.

Ela passa por mim e eu sinto com mais precisão o perfume dela. Fecho os olhos me sentindo inebriado.

- Espero que se sinta confortável aqui - digo olhando-a se virar pra mim.

- Eu prefero ir para casa. -ela diz se sentando na ponta da cama.

Fico em silêncio sem saber o que responder.

Ela suspira e passa a mão nos braços.

- Está com frio? -pergunto e ela afirma.

Vou até o closet e pego um cobertor bem quentinho e coloco sob seus ombros.

- Muito obrigada..

- Nolan. - digo completando.

- Muito obrigada, Nolan - ela diz e sorri forçado. Mesmo assim conseguindo ser maravilhosa.

Fico olhando para ela e ela para mim, até ela bocejar.

- Vou te deixar descansar. Aconteceram muitas coisas hoje, você precisa.

- Obrigada. -me viro e abro a porta para sair- Nolan -ela me chama.

- Eu.

Ela olha para o chão e a vejo apertando suas mãos.

- Ryan está nisso faz tempo? -ela me pergunta com uma voz falha.

Eu respiro fundo, fecho a porta e caminho calmamente até sua cama, me sentando ao seu lado.

- Você não acha melhor descansar e conversar com ele amanhã?

- Nolan, por favor. -ela suplica e pega em minha mão me olhando nos olhos, e eu fico perdido nos olhos cor de mel da garota. Eu nunca vi olhos tão brilhantes em toda a minha vida.

- Olha.. -começo com cautela- estamos nessa há uns anos e..

- Anos?

- Sim, estamos nessa há uns anos. Os pais de Ryan.. -tento falar.

- Morreram. -ela me interrompe.

Franzo o cenho.

- Não, moram na Europa.

- O que? -ela pergunta.

- Todos nós somos amigos desde pequenos, por um tempo Justin sumiu e reapareceu com toda essa história de gangue.. e nós todos vínhamos de famílias muito simples e aceitamos entrar nessa com ele, aos poucos fomos melhorando de vida, e quem tinha família os mandou para outro países, de preferência em outros continentes. É muito perigoso estar nessa vida e ter pessoas importantes por perto. Absolutamente tudo pode ser usado para nos atingir.

Ela assente e fica em silêncio olhando para a parede por um tempo, até que suspira e me olha novamente.

- Certo. Muito obrigada por explicar o básico. Em algum momento eu converso com ele.

- Imagina.

Ficamos nos olhando e ela olha para nossas mãos que ainda estão dadas, e eu nem tinha percebido também. Vejo suas bochechas ficando vermelha e ela recolhe as mãos com delicadeza.

- Boa noite, Angel. -fico sem jeito, eu deveria abraçar? Não, melhor não. Quando vou me afastar ela o faz.

-Boa noite, Nolan.

Ela me solta e se deita na cama, se cobrindo.

Abro a porta novamente.

- Nolan -ela me chama pela segunda vez, me viro e a olho bocejando- obrigada.

Sorrio de leve. Mas paro ao lembrar do que Justin nos disse.

- Angel, eu vou ter que trancar a porta -ela se senta na cama e me olha com cara de confusa- ordens de Justin, para que você e Hope não se vejam no meio da noite e nem planejem nada, me desculpe. Mas antes de você acordar eu venho aqui e deixo a porta aberta, ok?

- Vocês nem sabem que horas eu acordo.

- Mas nós estamos acostumados a acordar bem cedo.

- Tudo bem.. boa noite, Nolan -diz e se deita novamente.

- Boa noite, Angel.

Saio, fecho a porta e a tranco.

Antes de deitar decido beber um copo de água. Desço, bebo e subo lentamente enquanto ainda pensava em tudo. Ao entrar no meu quarto, vejo Caitlin sentada com cara de safada em minha cama.

- Agora não, Caitlin, estou muito cansado, acho que vou dormir direto.

Ela me olha confusa.

- Nem mesmo nos dias mais pesados você negou assim. O que houve?

- Nada, estou com dor de cabeça.

Ela me abraça, me dá um beijo na bochecha e me deseja uma boa noite de descanso, e melhoras para a minha dor de cabeça.

Depois que ela sai, eu tranco a porta, tiro minha camisa, a calça, e me deito.

Fecho os olhos e tudo que vem em minha mente são os olhos cor de mel.

Criminal ReleaseOnde histórias criam vida. Descubra agora