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•Chaz Somers•

Depois de um bom tempo jogando vídeo game, olho em meu celular e vejo que faltam pouquíssimas horas para nossos treinos.

Desligo o jogo e vejo Ryan sentando ao meu lado no sofá.

- Não dormiu ainda, cara? -pergunto à ele.

- Dormi um pouco, mas acordei e não consigo mais dormir.

Ao falar, ele começa a estalar os dedos olhando para seus pés.

- Pode falar. -digo depois de perceber que ele precisa conversar.

- Angel nunca vai me perdoar.

- Vai, ela vai sim. Você vai explicar o porquê mentiu, vai explicar tudo e ela vai te perdoar.

- Chaz, mesmo que ela me perdoe.. você acha que vai querer estar em minha vida? Olha quem ela é. E olha pra vida que eu levo.

Fico em silêncio pensando sobre o que ele disse e suspiro.

- Eu sei, isso infelizmente eu não posso te dar certeza do que ela irá fazer. Mas se ela não aceitar essa vida contigo, ela não é pra você, cara.

Ele me olha e assente levemente.

- Agora vai dormir. Amanhã é um longo dia.

Ele assente de novo.

- Obrigado, cara. -me dá umas batidinhas no ombro e sobe para seu quarto.

Desligo o ar condicionado e vou lentamente para meu quarto até que escuto um barulho. Sigo o som e quando percebo, estou na frente do quarto de Hope.








•Hope Schwartz•

- Obrigada, Caitlin.

- Aliás, tem cobertores ali no closet, caso sinta frio. Sobre roupas, amanhã você e Angel usarão as minhas, mas iremos comprar algumas para vocês.

Ela sorri e eu permaneço no meu canto.

- Olha, não somos ruins. Fazemos coisas fora da lei mas não somos ruins. Que o Justin não me escute, mas não faremos nada com vocês. Pode ficar tranquila.

Sorrio de leve e ela me deseja boa noite, sai do quarto e escuto a porta ser trancada. Suspiro, ela me explicara que era odens de Justin, para que eu não converse com Angel.

Sento na cama e penso em Logan. Procuro meu celular para pesquisá-lo nas redes sociais. Para ver mais fotos dele com Giovanna, ou ver o que estão fazendo, mas me lembro que com certeza deve estar com Justin. Se bem conheço Logan, eles estão juntos na décima transa. Sinto meus olhos marejarem e decido ir ao banheiro. Quem sabe tomar um banho e conseguir me distrair.

É incrível como eu sei que tivemos momentos caóticos, que com ele eu já pensei em me matar pelo menos umas 4 vezes. Cansada de brigas e de tanta pressão mental.

Mas agora, é como se tivesse uma névoa imensa. Todos os momentos ruins sairam da minha memória e eu só me lembro dos momentos bons. E agora quem está vivendo isso é Giovanna.

Eu o perdi.

Logo que penso isso, me lembro de minha psicóloga e amigos dizendo que só penso isso por conta da dependência emocional e das manipulações.

Eu não perdi. Eu me livrei. Ele me fazia mal. Ele era horrível. Eu mereço mais.

Sempre repito isso todas as vezes que começo a pensar algo do tipo. É como se ele tivesse sugado toda a minha autoestima e tivesse colocado na minha minha cabeça que a única coisa boa que eu tinha na vida era ele.

A única coisa que eu tinha na vida realmente era ele. Ele me tirou absolutamente tudo. Amigos, hobbies, alegria, autoestima, segurança, felicidade, esperança, fé. Tudo. Até mesmo saúde. E a única coisa que eu tinha era ele.. mas não! Com certeza não era uma coisa boa.

Vou ao banheiro e tiro minhas roupas.
Olho tudo, muito cheiroso e arrumado.
Entro no box e ligo a água quente.
Sinto a água caindo sob meus ombros e rezo.

Desde que fui diagnosticada com todas as questões mentais, me apeguei muito em Deus. E todos os banhos rezo bastante. As vezes choro junto, mas acho que Deus está acostumado.

Depois de uns 15 minutos rezando, procuro coisas para fazer minhas higienes.

Angel e eu fomos apresentadas à Helena, e ela disse já ter arrumado tudo e deixado várias coisas para utilizarmos hoje caso quiséssemos. Mas que amanhã iria fazer mais compras, com coisa que nós usemos de verdade.

Procuro pelo banheiro e encontro um sabonete líquido roxo.

Começo a tremer e minha mente é bombardeada com diversas memórias. Não, não de novo não.

Lembranças boas, lembranças ruins e mesmo embaixo da água quente eu sinto um frio absurdo.
Sinto como se tivesse levado um soco no estômago e me curvo.

Quando percebo, estou chorando descontroladamente e não me aguento mais em pé. Me sento no chão do banheiro e abraço as minhas pernas. Meu peito parecia que ia rasgar. O ar faltava e minha vista estava turva. Fecho os olhos.

- Para, por favor. Para. Sai da minha cabeça por favor, por favor.

Isso não sai, isso não passa. Eu só quero que isso passe, por favor, eu preciso que isso pare.








•Chaz Somers•

Bato na porta e nada.

Vou até o quarto de Nolan e o acordo.

- O que foi? Me deixa dormir.

- Acho que aconteceu algo com Hope, venha comigo. -digo e ele se levanta, ainda coçando os olhos.

Quando chegamos em frente ao quarto de Hope, ele escuta e fica alerta.

- Acho melhor entrarmos. -ele diz.

Combinamos de trancar os quartos de ambas as garotas, mas deixar as chaves na porta para que qualquer um consiga abrir ao chegar aqui e não somente Justin.

Abrimos a porta e nos deparamos com a luz acesa.

Olho por todos os cantos e nada dela. Mas o chuveiro está ligado.

- Hope -a chamo batendo na porta. Nenhuma resposta. E percebo que o barulho é de choro- Hope, abre a porta.

Ela não o faz e eu olho para Nolan que faz um sinal para que eu abrisse mesmo assim. Mas é tão óbvio que vai estar trancado que eu o olho com cara tapado. Tento abrí-la e percebo que ele estava certo, a porta estava destrancada.

Abro com cautela e a vejo sentada embaixo do chuveiro chorando.

-Hope, consegue falar comigo? -pergunto desligando a água do chuveiro.

Nenhuma resposta. Me abaixo e tento tocar sua cabeça, mas ela se recolhe e eu retiro as mãos instantâneamente.

- Por favor -ela sussurra.

Olho para Nolan sem saber o que fazer.

- Vou chamar Angel. -ele diz e eu concordo e ele se retira correndo.

Me mantenho afastada dela. Analisando a situação realmente não tenho direito e não posso chegar perto dela. Ela não está apenas chorando. Apesar de estar com falta de ar e precisar de ajuda, ela está nua.

Procuro uma toalha e fico com ela em mãos esperando Angel, que em poucos segundos chega com cara de preocupação.

- Vocês podem ficar aqui no quarto, por favor? -ela indaga.

- Claro. -eu e Nolan disparamos juntos.

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