O dia seguinte se mostrou tão entediante quanto os outros, sem mais piadas ou segundas observações sobre suas peculiaridades. Getou achou que finalmente teria paz e que seu professor não o incomodaria mais, mas claro que estava absolutamente errado. Bem quando estava prestes a comemorar sua sorte saindo da sala ao fim da aula, ouviu seu nome ser chamado por Gojo. Revirando os olhos, se virou para o professor.
— O que foi?
— Ah, mas que mal humor! — Exclamou Gojo, parecendo ofendido, abaixando um pouco o óculos escuro e se tornando altamente atraente apenas com esse ato. — E quanta pressa! Algum compromisso especial? — Acrescentou, balançando as sobrancelhas sugestivamente.
— Você não tem nada melhor pra fazer do que cuidar da vida pessoal de seus alunos, professor? — Retrucou Getou, cruzando os braços e se encostando no batente da porta da sala de aula com um arzinho desdenhoso em sua postura.
— Infelizmente, eu tenho sim — ele vasculhou uns papéis e pegou um que seu aluno prontamente reconheceu. — Você é melhor que isso, Getou, quero que refaça esse trabalho com a mesma dedicação que você lê fanfics.
— Será que dá pra você parar de falar disso? Já perdeu a graça — o aluno se aproximou e pegou o trabalho da mão do professor. — E por que só não me dar uma nota baixa, ao invés de me mandar fazer de novo?
— Você é meu aluno favorito, não quero te dar uma nota ruim — Gojo fez um beicinho. — E não perdeu a graça, não. Vou te zoar até o fim do semestre por causa disso.
— Favorito? — Getou franziu o cenho, confuso, ignorando tudo o mais que o professor tinha dito. — Eu praticamente ignoro suas aulas, Gojo. Você tem algum tipo de perversão desse tipo? — Acrescentou, sorrindo sugestivamente.
— Ah, mas o pervertido aqui é você, Getou... — Retorquiu Gojo, sem nunca perder a pose ou tirar o sorriso cínico do rosto. — Me conta aí; você costuma se imaginar fazendo as mesmas coisas que lê com seus professores? — Piscadinhas inocentes dos seus cílios acompanharam a pergunta nada inocente.
— E se eu imaginar? — Desafiou o universitário, avançando um passo, os olhos semicerrados.
Foi uma péssima ideia, claro. Ele já sabia que Gojo não respeitava espaço pessoal, e abrir aquela enorme brecha foi como um convite. Antes que pudesse piscar, o professor estava a um fio de cabelo de distância, com óculos na mão e olhos azuis estrelados cavando fundo em sua alma. Estavam tão próximos que Getou pôde sentir o aroma de morango que os lábios do professor exalavam e as pernas tremeram com a constatação, mas se recusou a recuar.
— Nesse caso, eu te aconselharia a tornar suas fantasias reais — sussurrou o homem, de forma tão sensual e com um sorriso tão predatório que fez Getou se arrepiar da cabeça aos pés, principalmente quando ele pegou uma mecha solta de seu cabelo e enrolou no próprio dedo. Então, num piscar de olhos, Gojo já tinha se afastado e sorria inocentemente, como se o momento anterior nunca tivesse ocorrido. — Bom, eu adoraria papear sobre seu trabalho e o que precisa ser melhorado, mas tenho um compromisso em meia hora e já estou atrasado. Mando mensagem mais tarde, querido aluno.
Com isso, o homem voltou-se para suas coisas já organizadas na mesa, pegou-as e saiu da sala de aula logo depois, deixando Getou com apenas uma piscadela e um sorriso cínico.
Ao pobre universitário, só restou a opção de se apoiar na mesa e tentar controlar a própria irritação e excitação. Gojo era simplesmente demais para ele, no pior aspecto possível — provocação demais, ação de menos. Maldita hora que inventara de criar sua Gojokink!
Encarando o teto enquanto esperava sua respiração voltar ao normal, perguntou a quaisquer entidades ouvintes se teria paz em algum momento daquele curso, ou se pagaria pelos dois semestres seguintes pelo pecado de ser fanfiqueiro.
Infelizmente, ele meio que já sabia a resposta. E só lhe restava o velho jargão da internet para descrever sua situação:
Eu que lute!
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Espero não ter iludido ninguém com o título (mentira, esse foi exatamente meu objetivo huahuahua)
Sei que algumas pessoas não entendem essas gracinhas, então chô explicar: kink é meio que fetiche em "ingreis", embora o tradutor teime em dizer que é torção, mas se tu pensar que são uns gostos sexuais torcidos, até que faz sentido (eu vou parar com as piadas bobas kkkkkk). Então, Gojokink nada mais é do que fetiche/torção por Gojostoso (tá, não parei, não).
Anyway, por hoje é só. Inté mais!
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Vergonha de fanfiqueiro
FanfictionTodo fanfiqueiro que se preze já passou alguma vergonha ao ler coisas indevidas em lugares indevidos. Getou não era muito diferente, mas ele não esperava ser pego lendo um hot justamente pelo professor Gojo, por quem tem uma queda enorme. Depois des...