3 - Pecado

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O dia seguinte se mostrou tão entediante quanto os outros, sem mais piadas ou segundas observações sobre suas peculiaridades. Getou achou que finalmente teria paz e que seu professor não o incomodaria mais, mas claro que estava absolutamente errado. Bem quando estava prestes a comemorar sua sorte saindo da sala ao fim da aula, ouviu seu nome ser chamado por Gojo. Revirando os olhos, se virou para o professor.

— O que foi?

— Ah, mas que mal humor! — Exclamou Gojo, parecendo ofendido, abaixando um pouco o óculos escuro e se tornando altamente atraente apenas com esse ato. — E quanta pressa! Algum compromisso especial? — Acrescentou, balançando as sobrancelhas sugestivamente.

— Você não tem nada melhor pra fazer do que cuidar da vida pessoal de seus alunos, professor? — Retrucou Getou, cruzando os braços e se encostando no batente da porta da sala de aula com um arzinho desdenhoso em sua postura.

— Infelizmente, eu tenho sim — ele vasculhou uns papéis e pegou um que seu aluno prontamente reconheceu. — Você é melhor que isso, Getou, quero que refaça esse trabalho com a mesma dedicação que você lê fanfics.

— Será que dá pra você parar de falar disso? Já perdeu a graça — o aluno se aproximou e pegou o trabalho da mão do professor. — E por que só não me dar uma nota baixa, ao invés de me mandar fazer de novo?

— Você é meu aluno favorito, não quero te dar uma nota ruim — Gojo fez um beicinho. — E não perdeu a graça, não. Vou te zoar até o fim do semestre por causa disso.

— Favorito? — Getou franziu o cenho, confuso, ignorando tudo o mais que o professor tinha dito. — Eu praticamente ignoro suas aulas, Gojo. Você tem algum tipo de perversão desse tipo? — Acrescentou, sorrindo sugestivamente.

— Ah, mas o pervertido aqui é você, Getou... — Retorquiu Gojo, sem nunca perder a pose ou tirar o sorriso cínico do rosto. — Me conta aí; você costuma se imaginar fazendo as mesmas coisas que lê com seus professores? — Piscadinhas inocentes dos seus cílios acompanharam a pergunta nada inocente.

— E se eu imaginar? — Desafiou o universitário, avançando um passo, os olhos semicerrados.

Foi uma péssima ideia, claro. Ele já sabia que Gojo não respeitava espaço pessoal, e abrir aquela enorme brecha foi como um convite. Antes que pudesse piscar, o professor estava a um fio de cabelo de distância, com óculos na mão e olhos azuis estrelados cavando fundo em sua alma. Estavam tão próximos que Getou pôde sentir o aroma de morango que os lábios do professor exalavam e as pernas tremeram com a constatação, mas se recusou a recuar.

— Nesse caso, eu te aconselharia a tornar suas fantasias reais — sussurrou o homem, de forma tão sensual e com um sorriso tão predatório que fez Getou se arrepiar da cabeça aos pés, principalmente quando ele pegou uma mecha solta de seu cabelo e enrolou no próprio dedo. Então, num piscar de olhos, Gojo já tinha se afastado e sorria inocentemente, como se o momento anterior nunca tivesse ocorrido. — Bom, eu adoraria papear sobre seu trabalho e o que precisa ser melhorado, mas tenho um compromisso em meia hora e já estou atrasado. Mando mensagem mais tarde, querido aluno.

Com isso, o homem voltou-se para suas coisas já organizadas na mesa, pegou-as e saiu da sala de aula logo depois, deixando Getou com apenas uma piscadela e um sorriso cínico.

Ao pobre universitário, só restou a opção de se apoiar na mesa e tentar controlar a própria irritação e excitação. Gojo era simplesmente demais para ele, no pior aspecto possível — provocação demais, ação de menos. Maldita hora que inventara de criar sua Gojokink!

Encarando o teto enquanto esperava sua respiração voltar ao normal, perguntou a quaisquer entidades ouvintes se teria paz em algum momento daquele curso, ou se pagaria pelos dois semestres seguintes pelo pecado de ser fanfiqueiro.

Infelizmente, ele meio que já sabia a resposta. E só lhe restava o velho jargão da internet para descrever sua situação:

Eu que lute! 

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Espero não ter iludido ninguém com o título (mentira, esse foi exatamente meu objetivo huahuahua)

Sei que algumas pessoas não entendem essas gracinhas, então chô explicar: kink é meio que fetiche em "ingreis", embora o tradutor teime em dizer que é torção, mas se tu pensar que são uns gostos sexuais torcidos, até que faz sentido (eu vou parar com as piadas bobas kkkkkk). Então, Gojokink nada mais é do que fetiche/torção por Gojostoso (tá, não parei, não).

Anyway, por hoje é só. Inté mais!

Vergonha de fanfiqueiroOnde histórias criam vida. Descubra agora