6 - Sorte?

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— Não acredito! — Mei Mei riu, tapando a boca por ainda estar mastigando. —  Você saiu com o professor?

— Fala baixo, Mei! — Ralhou Getou, olhando ao redor para ver se alguém tinha ouvido algo. — Não é pra essa gente toda ficar sabendo.

— Relacionamento secreto, ainda? Vou começar a ler pornô em lugares inadequados também, vai que alguém me nota e me paga um rolê!? — Suspirou a jovem, sonhadora.

— Você só pensa em dinheiro — resmungou Sukuna, com uma careta de desgosto.

— Verdade, Mei. Fala aí; se o cara for um cuzão, você fica com ele só pelo dinheiro? — Getou indagou, em parte para deixar de ser o assunto principal, em parte por estar realmente curioso, a encarando com expectativa enquanto mordia um pedaço do seu sanduíche.

— Por um tempo, sim. Depois dou um jeito de extorquir dinheiro dele como recompensa por ele ter feito eu perder meu tempo com a cuzãozice dele, né — ela deu de ombros, parecendo satisfeita com sua resolução.

Sukuna fez uma cara de quem acha a ideia bem razoável, mas não respondeu verbalmente por que a boca estava cheia — ele comia como um animal —, enquanto Getou se perguntava porque só tinha relação com gente doida. Eles deviam parecer o grupo mais exótico do campus: Sukuna, um cara com tatuagens pelo corpo todo, inclusive no rosto, cabelos cor de rosa que não amenizavam em nada sua expressão assassina e o corpo marombado que atraía olhares por onde passava. Mei Mei tinha cabelos longos e brilhosos de invejar pelo tom platinado impecável, adorava fazer penteados exóticos e tinha uma obsessão por vestidos longos com fenda, parecendo sempre pronta para uma festa chique, mesmo que só estivesse indo para uma faculdade mediana. De todos, Getou se considerava o mais normal: seu papel no grupo era parecer o emo boy triste e reservado, que observava tudo e vivia fazendo e refazendo seu coque num tique nervoso peculiar.

Muito casualmente, assumiu sua pose de calado e observador e passou os olhos pelos arredores, já que muitas pessoas gostavam daquela lanchonete perto da universidade pelo preço ser favorável e os sanduíches, além de saudáveis, bem gostosos. Viu vários rostos conhecidos, mas o que o interessava nem sinal de vida tinha dado.

— Olha lá, Suku, parece um cachorro perdido procurando o dono! — Caçoou Mei Mei, que tinha terminado o lanche e agora tomava seu suco de laranja, os olhos de gavião sempre atentos a coisas que pudesse usar para zoar Getou.

— Só falta latir e ficar de quatro pra ele — Sukuna completou, e a dupla maldosa desatou em gargalhadas escandalosas, enquanto o alvo das piadas apenas revirava os olhos e se concentrava em seu sanduíche.

— Aposto que logo logo ele chega nesse nível, sabia? — Opinou a garota, rindo diabolicamente. — O professor tem a maior cara de galinha, com certeza tá só esperando pra devorar nosso pintinho.

— Aí, Getou, vê se senta e cai fora; sem apego, viu? — Sukuna o encarou, parecendo sério de súbito. — Não quero ser expulso da facul por ter quebrado a cara de um professor que quebrou seu coração.

— Não sabia que você era tão amoroso e amigável, Sukuna — Comentou Getou, arqueando as sobrancelhas enquanto limpava os farelos do lanche terminado que ainda sujavam sua roupa.

— Não é por amor, mas sim por ódio de ter que lidar com você chorando pelos cantos. — Disfarçou o amigo, desviando o olhar.

— Você fingindo que não é bom amigo é igual o Getou tentando fingir que não tá caidinho pelo professor... — Mei Mei comentou, meneando a cabeça em negativa para as habilidades teatrais dos amigos. — Enfim, eu acho que você precisa mesmo tomar cuidado, Gê. Senta com cautela, tá?

Vergonha de fanfiqueiroOnde histórias criam vida. Descubra agora