4 - Odiado

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esqueci de dizer

que quero o teu trabalho pra amanhã

Getou encarava a tela de forma incrédula. Já seria ruim ter visto isso no momento que a mensagem foi recebida, mas duas horas depois — ele não era tão vagabundo a ponto de não faxinar a casa, oras! — era uma merda. Principalmente considerando que, se o professor demorasse para responder, ele teria menos tempo ainda para reformular o que quer que o bastardo quisesse que fosse reformulado.

Você me odeia?

Claro que no momento que mais desejava, a resposta não veio rapidamente. Depois de esperar por cinco minutos, largou o foda-se e foi tomar um banho demorado, tentando lavar o carma da alma. Somente mais de meia hora depois, com o cabelo pingando e se secando enquanto andava pelo quarto, Getou se permitiu olhar o telefone de novo. Suspirou de alívio ao ver a resposta de Gojo e o status online abaixo do seu nome — bom, Maldita Gojokink não era bem o nome do professor, mas isso não vinha ao caso.

claro que não

Desesperado, pelado e ainda meio molhado, Getou começou a digitar a resposta com pressa, temendo que o merdinha saísse do whats e não respondesse mais. O maldito bem que podia ter adiantado o assunto, mas nããão, tinha que fazer todo aquele teatro.

Fala logo o que tenho que fazer

tudo o que você quiser, docinho

( ꈍᴗꈍ)

No trabalho, professor!

ah, isso

acabei de decidir algo

não gosto desse app

mas...

gosto da Starbucks perto da universidade

Getou passou os olhos por essas mensagens três vezes seguidas, sem saber como reagir. O professor estava mesmo o chamando para um rolê vespertino? Sacudiu a cabeça, tentando se recompor. Podia ser só um golpe para zoar com sua cara, e, além do mais, não seria bom parecer tão desesperado para encontrar Gojo fora do espaço acadêmico. Se bem tinha sacado o homem, seria demais para a aura arrogante dele, e o universitário seria infernizado se desse muito na cara com seu interesse. Decidido, resolveu até mandar um áudio para soar mais convincente.

— Sem chance.

Não pôde deixar de sorrir ao observar o status "gravando áudio" abaixo do nome do contato. Aquilo estava começando a ficar interessante.

"Eu pago."

Talvez andasse lendo fanfic demais, se imaginar um tom de sugar daddy nesse áudio simples significasse algo. Caramba, Getou nem gostava dessas coisas! Mas claro que imaginar aquilo com o professor quase o fazia mudar de ideia. Felizmente, Gojo não tinha idade para ser sugar daddy — o que significava que o pobre fanfiqueiro não precisaria pisar em suas preferências por causa daquele homem bonito e gostoso. Tentando se recompor, resolveu digitar a resposta, já que não confiava mais na sua própria voz para dizer algo.

Sendo assim...

Acho que posso lhe conceder a honra

De minha presença

que honra facilmente comprável essa sua

Veja bem, querido professor

O jovem desempregado não recusa convites

Se tiver alguém que o banque

ah, se me chamar de querido pessoalmente

vou ficar tímido T.T

Você é patético

Resolve logo o que quer

eu já resolvi

te vejo daqui a meia hora

MEIA HORA? NEM FODENDO

1H

40min

1 HORA!

certo então

40min

bye bye

E o filho da puta saiu, desligando o wifi. Getou gastava pelo menos meia hora para chegar na universidade, mas ainda precisava se arrumar e tinha planos de alinhar sua ereção, desperta por culpa das provocações de Gojo. Agora, mal tinha tempo para qualquer uma das opções. Trincando os dentes, começou a se mover pelo quarto, se secando com pressa e amaldiçoando o professor enquanto isso.

Aluno favorito? — Pensou consigo mesmo, incrédulo. — Tô mais pra aluno mais odiado, isso sim!

Vergonha de fanfiqueiroOnde histórias criam vida. Descubra agora