Uma alma quebrada...
Kenna foi levada de sua casa quando era apenas uma criança, tendo sendo forçada á viver em um mundo repleto de segredos, terror e medo... Tudo aquilo que era oposto ao seu verdadeiro lar: Velaris.
Porém, agora, quase vinte anos...
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MAL TIVE TEMPO de sequer assimilar o que estava acontecendo quando Cassian disparou na direção de Kenna ... Ou seria Selene?
Eu ainda estava em negação sobre essa descoberta bizarra. Minutos atrás qua nova: era tudo o que eu parecia sentir desde que Kenna entrou em minha vida.
Mas então ele a chamou por aquele nome.
Aquele nome que quase nenhum de nós ouvia ou ousava pronunciar durante quase duas décadas. E, o pior de tudo, foi que Kenna não negou. Ela tentou, á princípio, mas eu percebi... Eu senti sua mentira.
Tudo ao meu redor pareceu desmoronar de um modo assustadoramente silencioso enquanto Rhys e ela tinham algum tipo de... Reencontro de pai e filha?
Porra.
Ela era filha dele.
Eu prestei atenção em cada palavra que disseram, em como Rhys oscilava entre um estado de alegria esperançosa e de uma tristeza dolorosa. E Kenna não estava melhor; ela não parecia ter percebido, mas deixou o escudo em nosso laço cair em alguns instantes.
Sua culpa, sua dor, sua desconfiança, seu pânico... O jeito que ela odiava não estar no controle, o quanto estava irritada por não saber o que fazer... Eu senti. Senti tudo me acertando como um se uma lança atravessasse meu peito.
Queria ir até ela, acalma-la, segura-la e dizer que tudo ficaria bem.
Mas eu simplesmente não conseguia me mexer ou raciocinar direito enquanto pensa que ela era Selene. Pelo Caldeirão, o que... o que faríamos agora? Que merda isso significava?
E então Rhys me mandou sair e buscar Cassian e Nestha. Eu relutei, nem pensar eu deixaria Kenna naquela situação...Mas então ela me pediu parra ir. Eu considerei ignorar o pedido, mas tive vontade de me bater logo depois disso. Estávamos falando de confiança instantes antes de Rhys aparecer, pelo amor da Mãe. Eu precisava confiar nela sobre isso.
Mas, enquanto descia para procurar Cassian, não conseguia expulsar a pergunta que rodeava minha mente: por que então ela não confiou em mim para me contar sobre quem ela era?
Cassian travou a mandíbula quando contei á ele antes de passar por mim e correr pelas escadas e corredores até a enfermaria. Suas asas farfalhavam e ele parecia pronto para destruir o que estivesse em seu caminho.
Eu o segui, Nestha me acompanhando. Diferente do meu irmão, ela era um caso mais difícil de se ler. Eu não fazia ideia do que ela estava pensando.
Agora, Cassian parou a poucos centímetros de Kenna, com uma expressão nada boa.
- Isso não vai acabar bem... – murmurou Nestha para mim, sua expressão ainda em branco.
Dei um passo para perto de minha parceira, mas me obriguei á parar quando Rhys me lançou um aviso silencioso para que eu ficasse longe. Cerrando minhas mãos em punhos, apenas observei Cassian e Kenna se encararem ameaçadoramente, mas eu estava pronto para agir se fosse necessário.
