Uma alma quebrada...
Kenna foi levada de sua casa quando era apenas uma criança, tendo sendo forçada á viver em um mundo repleto de segredos, terror e medo... Tudo aquilo que era oposto ao seu verdadeiro lar: Velaris.
Porém, agora, quase vinte anos...
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FUI SALDADO PELA visão de Kenna em meus braços logo que acordei. Os primeiros raios da manhã passavam pela janela, iluminando o quarto em que ela estava ficando - o cômodo um pouco bagunçado demais.
Meu rosto estava enterrado em seus cabelos, suas costas coladas ao meu peito. E, tirando o fato de que o uniforme estava me incomodando depois de uma noite inteira, tudo estava perfeito. Eu a apertei mais forte contra mim, espalhando beijos por sua nuca delicadamente.
Não pude evitar de sorrir ao lembrar da noite anterior. Certo, talvez eu estivesse um pouco orgulhoso do que acontecera... De tudo o que nós fizemos.
Um sorriso se alargou em meu rosto quando Kenna começou a se esticar contra mim, despertando. Continuei trilhando beijos por toda a extensão de seu pescoço até seus ombros e podia jurar que a ouvi ronronar para mim.
- Bom dia, amor. - eu sussurrei, afrouxando meu aperto quando ela tentou se virar em meus braços, seu corpo roçando o meu para que ela ficasse frente a frente comigo.
- Já é a segunda vez que você me chama de "amor". - resmungou ela, seus olhos ainda fechados, mas havia um pequeno sorriso ali.
Seu rosto estava tão sereno e eu tive que prender a respiração, atordoado por um momento quando fui golpeado por sua beleza. A luz fraquinha do sol batia direto em seu rosto, fazendo com que seus cabelos brilhassem. Os contornos de seu rosto eram suaves e delicados, o que eu já sabia, depois de ter olhado tanto tempo para ela desde que nos conhecemos.
Ela era maravilhosa.
- Gostou? - perguntei.
Minha vontade era de passar os dedos por seu rosto, seguir cada pequeno traço para memoriza-los... Mas eu não estava usando minhas luvas. Eu passei a usa-las com mais frequência desde que Kenna chegou, não querendo que ela visse as cicatrizes... Mas talvez eu estivesse errado sobre isso. Afinal, eu estava errado sobre o que ela pensaria das minhas sombras.
Eu já sabia que elas se atraiam para Kenna, mas não fazia ideia de que gostavam tanto dela. Elas nunca se aproximavam de ninguém assim além de mim.
- Eu adorei. - disse Kenna, baixinho.
Ela lentamente moveu as mãos para meu peito enquanto aconchegava mais sua cabeça na curva do meu braço, suas pernas se entrelaçando entre as minhas.
- Você está bem? - eu perguntei, tentando não deixar transparecer a pontada de preocupação que me atingiu. - Depois de ontem?
Kenna finalmente abriu os olhos, as safiras verdes cintilando para mim. Ela me lançou um sorrisinho malicioso.
