× CAPÍTULO UM ×

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OS PEQUENOS GRAVETOS quebravam conforme eu me movimentava pela margem da floresta, a neve densa atrapalhando irritantemente meu lento progresso

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OS PEQUENOS GRAVETOS quebravam conforme eu me movimentava pela margem da floresta, a neve densa atrapalhando irritantemente meu lento progresso. Já fazia algum tempo desde que eu havia atravessado as fronteiras do território da noite, mesmo que alguma parte de mim - a que ficou com os últimos resquícios de sabedoria, imagino - gritasse para que eu desse meia volta e desistisse dessa ideia ridícula.

Ela provavelmente tinha razão.

Eu não deveria estar ali, não deveria estar marchando para... Bem, eu não sabia ao certo o que pretendia encontrar fazendo aquilo, mas não era como se eu pudesse me parar.

A princípio, eu tentei. Tentei com todas as minhas forças tirar aquela ideia da cabeça, enterrar bem fundo em minha mente para evitar fazer uma idiotice, mas infelizmente não adiantou. A emoção, mais uma vez, acabou falando mais alto que a razão e eu sabia melhor do que ninguém que nada de bom acontecia quando agimos assim.

- Idiota... - murmurei, me amaldiçoando.

Droga. Eu não tinha tempo para isso. Eu precisava chegar á costa da Corte Estival em dois dias se quisesse partir para Vallahan, como havia planejado desde o começo.

Mas eu sabia que não conseguiria fazer isso... Não sem antes tentar espiar um pouco daquilo que deveria ter sido meu.

Finalmente, a neve começou á diminuir enquanto a floresta desaparecia diante de meus olhos, revelando um caminho limpo para uma grande montanha. Segurei minha lâmina com mais força em minha mão enquanto ajeitava o capuz negro sobre minha cabeça, procurando atentamente por qualquer sinal de perigo.

Sempre peste atenção nos arredores, foi o que me ensinaram, nunca se sabe quem estará lá apenas esperando para atacar.

E eles fizeram questão de que eu aprendesse na prática, assim como todas as outras lições.

O ar frio entrou mais forte em meus pulmões, congelando um pouco meu corpo, quando encarei a montanha á minha frente. Contei minhas respirações durante alguns minutos, batendo a ponta do dedo na lâmina da faca.

Eu sabia o que teria que fazer, mas mesmo assim, ainda não queria fazê-lo.

Balancei a cabeça, estava me demorado de mais. Eles sempre me puniram por hesitar em seguir alguma ordem, pois era um sinal de que eu estava relutante em ser o que eles precisavam, o que eles queriam que eu fosse: um soldado perfeito, pronto para matar.

Agitei minhas mãos ao lado do corpo enquanto convocava aquela centelha de poder que me dava forças para esconder minhas asas - a parte do meu corpo a qual eu mais odiava. Em um estante, o peso sobre meus ombros mudou, o sinal de que eu precisava para me avisar que elas estavam ali. Ergui a cabeça e empinei o queixo enquanto me lançava para o céu, nunca olhando para trás, pois eu não queria vê-las.

O vento gélido do inverno bateu contra mim, uma sensação desagradável. Escalei a montanha voado, sem me importar com nada além de chegar o mais rápido possível onde eu queria.

{ A COURT OF SHADOWNS AND DARKNESS }Onde histórias criam vida. Descubra agora