Amar é um jogo perdido

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O planos mudaram, uma nova decisão foi tomada com todo o ódio e vigor. Sobre as ruas escuras de Seattle Victoria andava, olhos negros, o vento bagunçava vários dos seus fios vermelhos, eram como ondas de chama sobre ela. Chama estava ela por dentro, também, Victoria não lutava apenas uma luta do presente, mas do passado, todas essas dores juntas não  poderiam dar certo, nem em pesadelo. 

Victoria havia ficado com um celular de alguma vítima aleatória que teria feito, ajudava a se comunicar com Ryle quando não queria olhar na cara dele ou dar falsas caricias, ainda contudo acostumada a fazer o que nunca gostou. 

Uma...duas...três chamadas

-Victoria?--Ryle indagou--

a ruiva revirou os olhos, odiava que lhe perguntassem o óbvio. 

-Ryle...como estão as coisas?--Victoria colocou curiosidade na voz, precisava saber exatamente como andavam as coisas para poder dar um passo inteligente, que não agravasse a situação-- 

Ryle lhe encheu de informações, algumas despertaram mais interesse em Victoria, alguns recém criados apresentavam talentos, e ali chegamos no ponto que Victoria esperava, um clã como os do Cullen não era tão fácil, números não eram garantia, agora poder era. 

Sem enrolar ela desligou o telefone e começou a elaborar planos em cima de planos, por primeiro deveria de fazer os Cullen acreditar que aqueles ataques infrutíferos eram tudo que ela tinha em mente. Se eles soubessem que ela queria guerra, a situação seria pior do que o planejado.

Sempre que Victoria pensava demais ela descobria as suas feridas, sentia falta de James a cada instante, ela não conhecia ninguém além dele, e mesmo Victoria não sabendo talvez tivesse sido melhor ela ter seguido a eternidade sozinha do que com alguém que apenas a destruiu em cada aspecto, James era um chão instável, mesmo significando tudo aos olhos dela, ele não era nada, nunca amou-a, nunca se quer a respeitou, mudou-a para o seu próprio bem, mas Victoria nem ao menos percebeu isso um dia da vida, afinal...ele nunca havia a espancado até um desmaio, bem...talvez teria feito isso se fosse humano, nem abusava dela todos os dias. O olhar de Victoria se tornou neutro, não lembrava do rosto de todos os homens que haviam a  tomado a força, por muitas das vezes estar quase desmaiada, porém a dor...essa, Victoria se lembrava amargamente e com clareza, não ia ter século ou milénio que acabaria com isso, seu corpo ainda tremia, o medo a tomava por muitas das vezes, a vida inteira. 

Respirando fundo, o vento batia em seus cabelos, fechou os olhos, se fosse humana uma lágrima teria caído do seu olhar, ainda ouvia seus próprios gritos implorando por algum tipo de piedade, era tão inútil, das lembranças mais antigas as que lhe causaram mais feridas com o tempo, ainda em aberto.

"Eu vou enlouquecer...eu vou enlouquecer assim"~ Victoria disse a si em pensamento, tentando desviar tudo aquilo, mas a memória perfeita de uma vampira, era a própria maldição, fazia parecer que tudo teria ocorrido ontem, vinha com a maior da clareza. 

Quando em fim a dor dos pensamentos despareceram Victoria abriu os olhos, isso tudo era um jogo perdido, mas ela jogaria, tudo que ela sabia naquele momento era isso, amar era um jogo perdido, ódio talvez fosse uma segunda chance. 

Victoria tinha uma chance amais, foi ao seu encontro. Temia que erraria novamente, está agora estava em seus braços, com as duas pequenas mãos quentes no rosto dela, Héloïse olhava para a mãe fixamente, sentia tudo da mãe, não sabia lidar com  isso, um choro fino saiu da sua garganta.

-Não...não...shh --Victoria caminhou a mostrando qualquer coisa da casa, o olhar de encontro com a filha a fez balançar por dentro--

Um silêncio mortal de Victoria incomodava um pouco a neném que gostava de escutar a voz da mãe, uma ideia atormentava, mas ela seria mais forte que qualquer presságio ruim, afinal...quem ela tinha além da filha? Héloïse ressoo nos braços da mãe olhando para o canto da porta do quarto, aquela figura estranha parecia sempre lhe acompanhar ou adivinhar aos pensamentos de sua mãe, encolhida sobre os braços de Victoria a pequena parecia procurar abrigo e por mais horrível que aquilo fosse não a machucaria. 

Victoria cuidava da neném com todo o amor que ela conhecia e que queria ter sido cuidada, Héloïse era tudo que ela tinha e zelaria, custe o que for, e a dificuldade que for, para isso ela ainda tinha algum tipo de força. Quando em fim adormeceu a bebê, a deitou no berço cobrindo-a, Victoria passava a mão de leve sobre os cabelinhos loirinhos escuros, cacheadinhos da filha, tudo nela era perfeito, o vermelho nas suas bochechas faziam Victoria dar um involuntário, mesmo que fraco. 

Ao sair Victoria sentia sempre uma parte dela ficar, tinha pesadelos acordada em retornar e não achar a filha, as vezes sentia mais medo dos humanos do que dos Volturi, nessa situação, não sabia como eram agora, mas para ela continuavam a mesma coisa, ruins, pior que vampiros, muito piores. 

A partir daquele dia sessado foi as idas para Forks, a matança se tornou algo forte, desaparecimentos, mortes, cheiro de sangue se tornou mais constante do que antes, famílias na polícia, cartazes de procura, para o azar de uns e sorte de Victoria, alguns dos novos recrutados não tinham nem isso.

Ryle de certa forma começou a ver Victoria não tão mais "inocente" quanto parecia, ele não conhecia nem metade dela, nem de como as vezes era tão boba como outras parecia a própria rainha do inferno, cego apaixonado nem reparava como ela repugnava-o e contava dias para ele ser morto naquela guerra. 

Com quase vinte vampiros Ryle começou a cogitar que estava na hora de atacar, estava frustrado com a hesitação de Victoria.

-Já disse que não Ryle!--A voz dela ecoava no local de alta que ela soava-- 

-Quero treiná-los! Ao menos os mais velhos! Lutaram com eficiência, não do jeito que est --Quando Ryle iria concluir a frase Victoria lançou um olhar que o fez calar-se --

Ainda nervosa com a situação, começaram debater métodos de treinar os vampiros, essa situação sim tirava Victoria da sanidade.

-Não...não...--Victoria disse nervosa--Se esse início intervir nas visões de Alice é provável que nós dois acabamos mortos! --ela deu um soco na parede tirando uma lasca--

Ryle suspirou aborrecido, e foi até ela. Toda essa situação era frustrante.

"Por quê tanto medo ruiva?"~Ryle pensou, tentava encontrar alguma em resposta em uma mentira bem contada que ela teria dito a ele

Victoria o encarou por alguns minutos e tirou os braços dele em volta da cintura dela quando ele os pôs.

-Calma...--ele tentou algum tipo de conforto a dando beijos no pescoço,  mas mal sabia que só estava era piorando toda aquela situação--

Victoria sentia o desejo dele por ela, e nesse ponto ela não conseguiria fingir, era além do seu controle, algo muito mais do que não amar a ele, algo que lhe obrigaram por muitas vezes, machucando-a. 

-Enquanto a gente não se livrar dos Cullen... --Victoria lançou isso como uma boa desculpa para não ter nada com ele, sabia que a probabilidade de Ryle acabar morto era agradavelmente alta-- Não podemos ficar juntos de fato --Esse foi o momento em que Victoria respirou fundo e retraiu a todas as lembranças, pensamentos que vieram, era tão difícil esquecer, melhor dizendo, isso era impossível-- 

Ryle olhou-a , parecia evidentemente aborrecido, chegando a se questionar do compromisso que ela tinha com ele era o mesmo do que ele com ela. Lógico que não era, mas se ele questionasse Victoria faria o próprio show, talvez se machucasse falando, mas manteria uma boa razão para não ceder nada a ele. 

-Me deixa sozinha...--a voz de Victoria saiu abafado--Por favor...vai fazer seu trabalho, temos muito ainda 

Ryle concordou com a cabeça, lhe deu um beijo demorado no rosto, após isso saiu em silêncio. Quando ouviu a porta bater, Victoria respirou fundo e ergueu a cabeça olhando pra cima, tudo girava em seus pensamentos, não conseguia nem ao menos raciocinar direito, a cada dia parecia que ela enlouquecia de forma diferente, muitas das vezes de uma forma que machucava-a.  

Total Eclipse of the HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora