MARCADO

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Vi Alissa deitada dormindo com uma expressão tão despreocupada o que me dava mais raiva ainda, por que tinha que ser tão burra...

Caminhei até a poltrona ao lado e sentei, cruzei minhas pernas e involuntariamente comecei a passar os dedos por meu lábio inferior alisando ela. Como podia ter passado tantos anos e ainda assim ser tão igual... seu cabelo, boca, tamanho e a mesma expressão de boba. Ela até fingia ser brava, mas não combina com você... penso como meu tio aguenta duas dessa se apenas uma já me irrita o suficiente.

Passei as mãos por minha cabeça e levantei, ainda sentia meu sangue fervendo de raiva, raiva dela por ser tão... quando ia sair arrumei a agulha do seu braço a qual estava torta nesse instante Alissa segurou meu dedo com tanta força, e eu levei um susto olhei pra ele e ainda mantinha-se de olhos fechados, depois ela soltou ao mesmo tempo que desfez uma expressão franzida.
-que droga eu estou fazendo... sai da sala e vi minha avó chegando.

-Meu filho como ela está? Perguntou preocupada
-não foi nada demais, apenas sua neta sendo uma criança.
-quando vai mudar esse jeito em?
-estou indo... falei saindo e ela segurou meu braço.
-não vai ficar?
-tem coisas pra fazer, além do mais sou a última pessoa que sua neta quer ver. Sai do hospital e peguei meu carro, por causa disso iria atrasar meus afazeres.

**

Havia passado em casa e tomado banho e já estava 38 minutos atrasado quando parei em frete a casa da Lia desci e ela já me esperava ao lado de fora.
-não consegui chegar antes.
-hmm, tudo bem, o que aconteceu?
-nada demais, precisei levar Alissa ao hospital.
-hospital? O que aconteceu?

Que inferno quantas vezes vou ter que responder isso?

-nada que precise se preocupar.
-hmm...
-aliás tá muito gostosa... vamos? Ela concordou mostrando um sorriso e eu abri a porta pra que entrasse.
To precisando de uma foda!

***

ALISSA AT

Remexi na cama abrindo meus olhos e logo percebi que não estava onde deveria e também fiquei um tempo vidrada olhando pro claro teto até lembrar de tudo.
-oi, como está se sentindo? Ouvi minha avó perguntar.
-estou sentindo meu estômago vazio.
-realmente você é filha da sua mãe vou chamar o médico.
-vó? Ela parou na porta e me olhou.
-hmm?
-Cade o Tayler?
-por que? Perguntou com uma expressão diferente.
-somente ele iria me achar desmaiada, já que é a casa dele e sinto seu cheiro aqui.
-sim ele trouxe você, mas foi embora.
-por que?

Pensei no mesmo instante que nem se eu morresse ele iria me olhar diferente...
-disse que precisava ir.
-hmm...
-só isso?
-falou pra você se cuidar.
-mesmo?
-unrrum... sorrio e saiu. Por uma fração de segundo eu fiquei feliz, mas isso não durou muito quando me dei conta de que ela estava apenas falando isso pra que eu ficasse melhor, Tayler ao menos fala meu nome quanto mais falar isso pra mim.

Passei a tarde inteira aqui deitada nessa cama com conversando com minha avó, recebendo ligações a cada meia hora da minha mãe, ela fez tanto alarme como se eu estivesse em estado terminal kkkk.

-vovó, vá pra casa por favor, eu já estou me sentindo melhor, agorinha o vovô falou que irá me levar pra casa.
-mas é se acontecer algo tipo...
-não vai acontecer nada, e se acontecer eu já estou no hospital mesmo kkkk

-pare de rir com isso! Disse brava comigo e levantou.
-vou por que sinto meu corpo fede a gambá.
-kkkk já cheirou um?
-ora não questione a sua avó.
-não está mais aqui quem disse. Reprimi meu sorriso e ela me deu um beijo e depois saiu.

Arrumei-me na cama e fiz tudo o que podia fazer, nada, além de esperar...
meu telefone tocou e eu olhei, não era possível que seria minha mãe de novo, no entanto era o Justin.

-nossa eu preciso morrer pra você me ligar?
-oi dona Lisa, drama tão cedo?
-haha engraçadinho...
-já posso ficar com seu carro?
-Justin Eu não morri!
-hmm... verdade. Ele sorriu do outro lado, não sei como gosta tanto de implicar.
-como tá?
-agora estou melhor, so com uma febre baixa.
-tá namorando?
-que? Não. Como assim namorando.
-só pra ter certeza, sei quando está mentindo.
-ligou pra saber do meu estado ou pra especular minha vida?
-relacionamento também é um estado:namorando! É melhor mesmo não está.
-Eu ja sei Justin!
-o que aconteceu que você está tão azeda?
-eu estava de boa agorinha...
-tá fazendo que eu causo isso em você? Vou ficar ofendido.
-até parece.
-e o Tayler?
-o que tem ele, o que disse??? Acho que perguntei um pouco desesperada de mais.

-eu quem estou perguntando irmãzinha burra, já voltaram a se falar? Ele já perdoou você?
-acha mesmo?
-na verdade não, mas é melhor assim.
-por que?
-Tchau, estou na rua...
-fazendo o que? Justin? Também quero especular sua vida! Ele desligou aff idiota.

Ainda assim adorei que ele tenha me ligado, mesmo com seu jeito implicante. Meu pai também ligou, e também me chamou de burra porque não estava me cuidado... que isso virou apelido??

Depois de mais alguns minutos meu avô apareceu e me ajudou a ir até o carro, o médico passou um monte de receita, remédio e uma lista de alimentos pra ajudar, não reclamo claro afinal eles são muito competentes.

-vovô, pode ir.
-vou deixar você no apartamento ou sua vó me mata.
-kkk, eu posso ir, o senhor precisa resolver mais alguma coisa, está tudo bem.
-tudo mesmo? Concordei e ele acabou aceitando.

Entrei na recepção e não vi o seu moço, talvez ele só iria vir mais tarde. Então peguei o elevador. Eu andava mais lenta, embora tivesse tomado um rio de soro meu corpo não correspondia como eu queria. Antes que pudesse entrar meu vizinho de meio que um grito pedindo pra eu segurar o elevador, então assim o fiz.

-oi, desculpe, só estou com pressa.
-sem problemas.
-tá tudo bem? Tá branca demais.
-kk, estou sim.
-está no hospital? Fiquei me perguntando como ele tinha adivinhado e então ele apontou para o meu braço, o qual ainda estava com a fitinha.
-ah, esqueci de tirar.
-o que aconteceu? Eu queria realmente conversar, mas contava os números mentalmente e ficava difícil raciocinar em duas coisas, sem contar o cansaço que sentia.

Por Deus, sai do elevador e ele também.
-aliás me chamo Nathan, acho que nunca nos apresentamos, é um nome comum por aqui você não vai esquecer.
-verdade, prazer Alissa.
-meu te ajudo... falou segurando meu braço e caminhando comigo pelo corredor.

Ouvi o elevador abri, e instantaneamente pensei: mais ninguém pararia neste andar além de uma pessoa, e como previ, lá estava o diabo saindo do tal lugar, lindo demais todo alinhado e andando como se nem tivesse chão pra ele, fui subindo o olhar e sua expressão era de raiva.

Como sempre, quando ele vai mudar essa cara? E eu nem havia feito burrada nenhum pra isso. Enfim fingi que não dava a mínima e continuei andando, afinal ele também não está nem aí.

Tayler ao menos parou segurou no meu braço e saiu me puxando.
-Não precisa levá-la, não é como se estivesse sem pernas.

Em chamasOnde histórias criam vida. Descubra agora