SEGUNDO CAPÍTULO

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SEGUNDO CAPÍTULO

Após o jantar, fomos para o seu quarto para arrumar os lugares em que iremos dormir, apenas aproveitando a companhia um do outro em silêncio.

Aqui fica bem quieto quando o Seo não está.

Como os garotos falaram, o quarto do Changbin está com a porta trancada, portanto, temos apenas um banheiro, uma cozinha compartilhada com a sala de estar e, por fim, o quarto do Lee, onde estávamos no momento.

Depois da conversa que tivemos, o loiro não pareceu completamente satisfeito com a minha resposta, pois continuou quieto e distante por bastante tempo naquela noite. Ele me observava de relance incontáveis vezes, talvez querendo falar algo mais, mas em seguida desistia desviando novamente o olhar para as cobertas estendidas ao lado de sua cama, enquanto o próprio estava sentado nela.

Como num ritual feito por nós, ele passava um tempo com o meu celular aprendendo a lidar com as tecnologias e este foi o ponto mais calmo de toda a nossa noite, pois seu humor voltou a oscilar para estados mais positivos.

ㅡ Quem é essa moça loira na foto? ㅡ Estende o meu celular em minha direção. ㅡ Ela é bem bonita, parece com você.

Na foto estávamos lado a lado, vestidos com nossos figurinos para a apresentação de dança da escola, Yeji havia me enviado na noite passada para relembrar os velhos tempos.

Na minha antiga casa, ela foi a única que respeitou a minha decisão, por isso mantemos contato até nos dias atuais, por outro lado, apenas vejo minhas mães pessoalmente quando ambas visitam o distrito para reclamar comigo sobre a minha escolha, pois minha irmã está cursando uma faculdade de dança, da qual eu faria parte caso não estivesse residindo no distrito agora.

ㅡ Essa é a Yeji, minha irmã. ㅡ Eu não sei se acompanhei direito, mas o Felix me elogiou indiretamente e isso me deixou um pouco mais nervoso. ㅡ Ela é bem bonita mesmo, mas apenas fomos criados juntos, ela não tem vínculo biológico comigo.

ㅡ Nossa! Eu realmente pensei que vocês fossem irmãos biológicos, vocês são bem semelhantes ㅡ disse inocentemente sorrindo, voltando a passear pela minha galeria de fotos.

O garoto de sardinhas cor de mel adorava ver as fotos que eu eternizei em meu celular um tempo antes de entrar para o distrito. Ele sempre me mostra um de seus sorrisos brilhantes, parecendo sonhador ao ver as imagens.

Lee Felix nunca pisou fora do distrito uma vez sequer, nasceu aqui quando seus próprios pais estavam doentes e, pela agravação de sua doença, não alcançaram a mesma era que o seu filho. Não tiveram cuidadores, mas como as minhas mães sempre me falaram: "Aqui, dentro do distrito, ele estará seguro".

Às vezes, fica complicado para mim acreditar que ele e eu compartilhamos algumas partículas iguais, contudo, este foi o mesmo que me motivou a vir até o distrito para conferir o bem-estar dele e, eu não tenho certeza, mas há algo nele que despertou o meu lado cuidador ㅡ ou foi algo geneticamente natural para mim, afinal eu sou um experimento, mesmo minhas mães não querendo admitir.

É impossível provar o contrário, enquanto Lee Felix existir.

E eu existo porque Lee Felix existe.

Sou de fato um humanoide; todavia, não humano.

Mas toda aquela conversa com o pequeno me fez imaginar coisas ao meu respeito... Eu também, de alguma maneira, tenho vida. E de repente eu notei que sei de poucas coisas a respeito de mim, apesar de já ter vivido boa parte disso tudo que me foi dado. Imagina ele que nunca conheceu um círculo de pessoas maior do que o que transita dentro do distrito?

LI(v)E • { hyunlix }Onde histórias criam vida. Descubra agora