Capítulo 33

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Loren

  Caminho apressada pela rua, já estava escuro e frio por isso não foi difícil andar por entre as pessoas com a caixa Grande na mão, o bolo da festa surpresa de Scarlet ficou sob minha responsabilidade, mas foi extremamente difícil inventar uma desculpa pra sair e acabei me atrasando.

Um sorriso bobo surge em meu rosto ao lembrar que me atrasei porque Mason e eu ficamos trancados no quarto até as duas da tarde, eu tinha aprendido muitas coisas excitantes ali, e o melhor é que Mason me ensinou todas, eu ainda sentia minhas pernas um pouco moles.

Ao virar à esquina na rua onde deixei o carro acabo esbarrando em alguém e dou dois passos para trás impedindo que o bolo caia dos meus braços e me equilibrando.

- Me desculpe! - Peço antes de levantar o rosto.

- Gosto quando se desculpa.

Sinto o frio congelando meus ossos ao ouvir a voz de Marcus, olho para ele e dou mais dois passos para trás, seu sorriso se abre ao ver o pânico em meus olhos quando olho ao redor e não vejo ninguém perto de nós.

- Se eu fosse você ficaria quietinha. - Ele aponta com a cabeça discretamente para o carro mais próximo e arregalo os olhos - Quero que entre no carro ou estouro os miolos dela, você sabe que farei, não vai deixar uma inocente pagar pelos seus erros vai?

Balanço a cabeça negando, incapacitada de falar qualquer coisa, senti minha garganta arder e minhas pernas tremerem, aquilo não podia estar acontecendo, que tipo de sorte era aquela? Porque eu era azarada a esse ponto? Aileen se achava azarada por ter levado um tipo de uma louca, merda, eu tinha um ex louco, literalmente.

- Seja boazinha e entre no carro.

- Não faça isso Marcus, eu não faço mais parte da sua vida, você tem que me deixar em paz. - Levanto minha mão livre e tento soar o mais calma possível, mesmo com todo desespero.

- Você devia ter pensado nisso antes de se casar comigo, você não lembra? Prometemos ficar juntos pra sempre, você é minha. - Ele da dois passos em minha direção e arranca a caixa das minhas mãos - Oba, bolo, você estava adivinhando que iríamos comemorar querida, que tal entrar na porra do carro antes que eu perca a paciência e exploda os miolos dela?

Olhei novamente ao redor, estava frio e as únicas pessoas estavam muito longe, Marcus tirou uma arma da cintura e apontou para Myra, a cada passo que dei era como se minhas pernas estivessem virando gelatina, o medo estava me consumindo.

- Tudo bem eu vou, mas deixe a Myra.

- Você nunca muda não é? Sempre pensando nos outros. - Ele sorri e abre a porta - Tudo bem, pra onde nós vamos ninguém vai nos achar querida.

Marcus abriu a porta do passageiro a arrancou Myra Muda de dentro, ela balançava a cabeça para mim freneticamente, tinha um corte na cabeça mas parecia bem, suas mãos estavam amarradas e tinha um lenço de pano amarrado ao redor da sua cabeça impedindo que falasse.

- Você foi bem útil pra uma mulher da sua laia.

Fechei meus punhos com força quando ele arrancou o seu Hijab* instantaneamente ela tentou se cobrir, mas ele à jogou no chão ao lado de um arbusto, corri para ajuda-la, tirei o cachecol do meu pescoço e coloquei sobre sua cabeça, Marcus puxou meu braço com força me arrancando de perto dela e me jogando dentro do carro.

Coloquei minhas duas mãos no vidro quando ele bateu a porta com força e deu a volta no carro, Myra era o último contato que eu estava tendo com minha vida, eu estava sendo arrancada dela mais uma vez e não podia fazer nada além de rezar.

- Para de olhar pra essa estranha, gente como ela nem deveria estar nesse país. - Me virei para ele com todo ódio do mundo.

- Esse é um país livre, e ela pode estar onde bem entender, ela é uma pessoa como qualquer outra, o único que não deveria estar aqui é vo...

Minha cabeça bateu com tudo no vidro, fiquei tonta por alguns segundos até entender o que tinha acontecido, Marcus tinha me dado um soco, o carro estava parado em um sinal vermelho agora e ele tinha me batido, instintivamente coloquei a mão na bochecha, senti o sangue na minha boca e as lágrimas nos olhos.

Olhei para fora, eu não podia estar passando por isso de novo, essa droga não deveria acontecer duas vezes, vi que no carro do lado havia um casal olhando para mim, a mulher estava com o telefone na mão e eu pedi socorro sem som mais não sabia se eles haviam entendido ou se iam fingir que não viram nada, perdi a conta de quantas pessoas fizeram isso outras vezes.

- Você já devia ter apreendido, todo aquele tempo devia sim, mas você gosta não é? Não importa o quanto eu te bata você ainda vai fazer coisas pra me deixar irritado, porque você gosta. - Vejo ele apertar o volante e depois sorrir de forma histérica - Nós vamos pra um lugar onde ninguém vai nos interromper, tenho muitos e muitos castigos pra colocar em dia.

- Por quê você não me deixa em paz? Isso que você faz, não é bom Marcus, isso é uma doença, você tem que me deixar em paz, eu suportei as piores coisas na sua mão, suportei muito mais do que devia, uma hora alguém vai notar que eu sumi, a polícia vai vir atrás de você.

- Você é e seus sonhos não é? Você acha que nao sei o que esta pensando? Achando que seu príncipe encantado vai vir te salvar e trazer a cavalaria junto? - Ele coloca a mão entre meus cabelos e puxa com força - Eu fui muito bonzinho todo esse tempo, mas deixei você livre demais, você achou mesmo que esse seu romancezinho com aquele filho da puta iria durar? Você achou que um homem como ele iria querer mais do que foder você? Você não passa de uma vadiazinha e ele sabe disso.

Duas lágrimas descem por meu rosto, sinto elas mas me obrigo a continuar encarando-o, quero que veja e sinta, meu olhar e minhas lágrimas não são de medo e sim de ódio, puro e amargo, agora eu entendia, sabia que tudo o que ele me dissece daqui pra frente seriam apenas palavras tóxicas, ele iria tentar fazer o que sempre fez, me torturando física e psicológicamente.

- Está me odiando querida? Não odeie, vou poupar muito do seu corpo, pretendo usar muito dele antes que volte a ser o que era antes.

- Você não precisa fazer isso Marcus, você pode viver sua vida.

- Mas que diversão há nisso, você é minha mulher, nós nunca deveríamos ter nos separado, eu nunca amaria outra mulher que não fosse você.

- Você não me ama Marcus, por favor me deixa ir. - Ele trava o maxilar e sei que está controlando sua fúria - Você não vai ganhar nada fazendo isso.

- Vou ter você de volta, por bem ou por mau, nós vamos ficar juntos nem que seja mortos, perdi tudo por sua causa, todo o prestígio, contratos, meu pai perdeu o emprego, eu quero o que é meu e isso inclui você, não acha que seu papaizinho tem dinheiro suficiente pra me dar alguns milhões pra ter você de volta?

- Você está fazendo isso apenas por dinheiro? - Fecho os olhos, a esperança voltando com força - Por favor Marcus, eu tenho dinheiro, caso não seja suficiente nós podemos ligar pra meu pai agora, ele trás e dinheiro, você some e eu volto pra minha vida como se na...

- Meu Deus! - Paro de falar com a risada estridente de Marcus, e pensar que seu sorriso foi uma das coisas que fez eu me apaixonar, agora só me dá arrepios, ele aproxima seu rosto de meu e cheira meu pescoço, tento me afastar mas ele segura minha cabeça - Você é mesmo uma idiota não é? Acha mesmo que vou devolver você? Eu quero o dinheiro e vou conseguir, e você querida vira de brinde.

Ele solta minha cabeça e volta a dirigir, começo a pensar em várias formas de fugir, tenho que pedir ajuda, não posso deixar ele me tocar, fecho os olhos e penso em desistir, esse parece ser o meu destino, sofrer nas mãos dele, talvez se eu morrer minha família não tenha mais que socrer por mim.

Deus não, foram meses e meses de lutas diárias, não posso me entregar assim, é isso que Marcus quer, respiro fundo, eu vou conseguir fugir, tenho que conseguir, tenho que voltar inteira pra minha família e para Mason.

Loren - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora