Loren - Livro 2

Capítulo 7

Mason

- Então, o que vamos fazer, já que não posso ajudar na cozinha?
 
   Sorrio ao olhar para ela, tive uma grande surpresa ao descer para tomar café e encontrar Loren na minha sala, é claro que logo tratei de desmarcar qualquer compromisso que tivesse durante o dia quando ela aceitou almoçar conosco, não havia nada demais em me dar o luxo de passar um tempo em sua companhia, eu queria apenas me certificar de que ela estava realmente bem.

- Desculpe, Abigail gosta da cozinha inteira para ela, nem se quer me deixa contratar uma cozinheira. - Loren insistiu para ajudar na preparação do almoço, mas Abi quase nos expulsou da cozinha. - Você quer conhecer o apartamento? Podemos achar algo interssante enquanto conversamos.

- Claro. - Seu sorriso se abriu e eu indiquei o caminho.

  Coloquei minha mão no meio das suas costas para indicar o caminho, ela não mudou sua expressão, não olhou para mim, como se aquilo fosse normal, como se ela não se importasse, como se se fosse minha.

  Caminhamos pelos cômodos do apartamento, tudo muito dividido e espaçoso, meu escritório, biblioteca, sala de jogos e uma sala que fora feita especialmente para tv.

- A sala de estar e a cozinha você já conhece. - Sorrio enquanto puxo sua mão de encontro a minha e a conduzo rumo ao segundo andar. - Nós podemos jogar um pouco, ainda posso ganhar de você.

- Você sempre foi péssimo em jogos Mason, nem mesmo em vídeo games você ganhava de mim, nem sei porquê tem uma sala de jogos aqui. - Ela ri e me olha antes de entrarmos no corredor com várias portas.

- Melhorei muito com os anos, não é um talento nato, apenas treino. - Minto, eu era mesmo péssimo em jogos e mesmo gostando de tentar muito, eu não era tão bom. - E eu sempre ganhei na corrida.

- Você sempre foi maior, nunca foi justo competir com você em corrida. - Paramos em frente à porta do meu quarto. - O que tem aqui?

- Meu quarto. - As bochechas de Loren rapidamente adquirem um tom rosado me arrancando um riso. - Calma Lore, só quero te mostrar uma coisa.

  Abri a porta rapidamente dando espaço para que ela entrasse, coloquei a mão delicadamente no meio de suas costas outra vez, é claro que minha vontade era de ter um toque mais íntimo, mas eu não sabia se Loren queria alguém lhe tocando daquela forma, por isso eu era o mais sutil possível para não assusta-la.

  Atravessamos o grande quarto, sem dar muita importância para a decoração, abro as duas portas da sacada e observo enquanto ela admira a vista, foi aquela vista o único motivo para que eu comprasse o apartamento, aquela sacada era o meu lugar de meditação, eu adorava aquele lugar.

   Era lindo observar o rio Tâmisa serpenteando a cidade, a London Eye girava devagar deixando todas as construções antigas ao seu redor com ar de nostalgia, os tijolos de prédios antigos e a imponência dos novos prédios, era uma das paisagens mais bonitas que eu já tinha visto e sabia do privilégio do lugar, eu morava no oitavo andar o que me deixava com uma vista incrível.

- É lindo. - Ela disse antes de me olhar com um grande sorriso - A vista da sala e linda mas aqui, deve ser horrível não poder sair muito no inverno.

- Sim é, isso foi um dos motivos para que eu comprasse esse apartamento. - Falei olhando em seus olhos antes de me apoiar no parapeito - Na verdade o único motivo.

- Estou pensando em comprar um apartamento. - Observo seu perfil, ela ficava tão bem ali, com as mãos apoiadas de maneira despreocupada observando o mesmo cenário que eu. - Mas nada tão grande como o seu, quero apenas um lugar aconchegante onde eu possa ser mais independente, estou começando a sentir falta do que eu era antes de... Tudo.

- Eu entendo. - Segurei sua mão com delicadeza. - Estou aqui se precisar de ajuda.

- Obrigada. - Ela parecia um pouco incomodada com minhas palavras. - Eu sei que nos afastamos muito nos últimos anos, sei também que você tem sua vida agitada e corrida, mas você não parecia muito à vontade perto de mim depois que voltei, te incomoda quem sou hoje? Eu sei que o que eu passei é humilhante e...

- Por favor não continue. - Coloco um dedo em seus lábios e seguro seu rosto com delicadeza. - Não diga nunca algo que te menospreze pelo que você passou, não deixe que alguém diga, nada do que você passou foi culpa sua, você não é menos mulher ou menos importante pelo que sofreu, você é forte, muito mais forte do que muitas pessoas por tudo o que suportou, por estar de pé, por estar vivendo, eu não poderia ter mais orgulho de você do que tenho agora.

- Então porque você se afasta tanto? Eu precisava do meu amigo de volta e... Não sei eu só, penso nisso mais do que deveria eu acho, você não tem que se sentir obrigado a nada, eu só queria saber.

- Quis te dar espaço, fui eu que te viu primeiro Loren, você faz ideia do que senti? Você estava destruída, sempre que um homem chegava perto de você, você se retraia, eu tive medo de te machucar ou forçar uma barra que você não quisesse, queria que você ficasse a vontade, isso não funcionária se eu ficasse ao seu redor todo o tempo.

- Eu entendo, você tem razão, eu estava destruída, achei que estava perdida, aquele porteiro, ele não acreditava em mim de jeito nenhum, eu já estava desesperada e você me salvou, mas não precisava se afastar, eu gostaria de ter meu amigo por perto...

- É justamente por isso. - A corto e me viro apoiando meu corpo na sacada. - Sou um tolo Loren, porque sempre a desejei, sempre quis você e mesmo longe nunca deixei de pensar em você, me afastei porque o momento era muito delicado, não queria que você achasse que eu estava me aproveitando, não queria fazer algo impensado e realmente me aproveitar da sua fragilidade, fugi porque tenho medo de te magoar e você não merece ser magoada, você precisava de um amigo e eu não sei se consigo ser apenas isso.

- Porquê você acha que irá me magoar? - Aquela não era a pergunta que eu esperava.

- Eu não sei, eu...

- Tudo bem Mason, sei o que quer dizer.

-Sabe? - Pergunto confuso e aliviado.

- Sim sei, todos tem agido igual comigo, me colocando num pedestal, agem como se eu devesse ficar intocada, eu entendo todo o cuidado mas não preciso da pena de ninguém.

Oh droga!