Loren
Ainda não acredito na confusão em que Cristal e Noah conseguiram se meter, mas no fim tudo deu certo e é isso que importa não é? Aquele almoço acabou com todos rindo.
Os dois soltaram farpas um para o outro toda vez que tiveram chance, o que era bem engraçado, porque não estavam realmente brigando, apenas implicando um com o outro.
Os dias passavam com pressa, as semanas se tornavam meses e eu não podia acreditar em como estava feliz, tudo parecia um sonho, meu trabalho, minha família, me relacionamento, tudo estava em perfeita ordem.
- Bom dia.
Falo ao entrar na sala, várias cadeiras estavam no centro e haviam mulheres sentadas nelas, todas me respondem em uníssono, todas muito diferentes, mas todas com o mesmo trauma.
Decidi fazer terapia em grupo, minha psicóloga me recomendou a alguns meses, ouvir os relatos de outras mulheres, contar o meu, desabafar pra outras pessoas que sofreram o mesmo.
Mas apenas quando eu me sentisse confortável para isso, e esse momento chegou, me voluntariei para ajudar ema ONG que ajuda e acolhe mulheres que sofreram abuso dos mais diversos tipos.
Muitas não tinham os privilégios que eu possuía, então a ONG as ajuda, muitas não tem casa e nem trabalho, muito menos dinheiro, então são acolhidas e recebem tratamento psicológico e médico.
Eu me sentia pronta para ajudar, queria falar, se pudesse até mesmo gritaria, e ali eu poderia falar com pessoas que me entenderiam de verdade.
Eu sei o que todos que estavam ao meu redor sentem, o quanto sofreram, e que imaginam como é, mas você não entende a situação se não tiver passado pelo mesmo, não é a mesma coisa. Por isso aqui estou eu.
- Bom dia meninas, hoje temos algumas novas aqui, vocês gostariam de falar? Não precisam se sentir obrigadas, estamos aqui para ouvir e entender cada uma, eu sei que é difícil mas ao longo da semanas vamos nos sentir melhor.
A psicóloga responsável começa a reunião de forma gentil, ao todo eram sete mulheres se contasse comigo, escuto atentamente o que cada uma tem a dizer, eram histórias terríveis, eu chorei tanto que achei que fosse secar, mas era bom, eu entendia as dores delas sabia como era.
- Olá. - Falo tímida - Sou a Loren... Bom, eu fui casada, e sofri abuso do meu marido, físico e psicólogico... No começo tudo foi perfeito, ele era lindo, atencioso, romântico e paciente, namoramos por um ano antes que ele me pedisse em casamento, ele era o namorado perfeito, porquê eu diria não? Casamos quatro meses depois.
Fecho os olhos e respiro fundo, era difícil lembrar mas eu queria botar pra fora.
- Na época eu não sabia, mas sofri o primeiro abuso na nossa lua de mel, eu era virgem, Marcus não foi nenhum pouco paciente ou carinhoso, tirou minha virgindade com brutalidade, eu sabia que muitas mulheres não sentiam prazer na primeira relação mas... A forma como ele fez, eu pedi para que ele parasse, implorei para que esperasse porque a dor estava insuportável.
Sinto muitas lágrimas caindo e paro para beber um pouco de água, as outras esperam pacientemente.
- E mesmo depois que ele chegou ao seu prazer não parou, ele me segurou e continuou a se forçar para dentro de mim de forma bruta, eu achei que nunca sentiria tanta dor, quando ele enfim me soltou o travesseiro estava molhado das minhas lágrimas e a cama estava suja de sangue, mas não um pouco de sangue, muito sangue, e a dor era tão forte que nem consegui andar.
- Tudo bem se não quiser continuar Loren. - Olho para a psicóloga e nego.
- Eu quero. - Respondo e continuo - No dia seguinte ele me pediu perdão, disse que estava bêbado, e eu perdoei, mas depois daquilo fiquei apavorada só de pensar em sexo, e as coisas só pioraram, depois vieram as crises de ciúmes, ele gritava comigo e dizia que os homens me olhavam porque minhas roupas mostravam demais, ou porque eu tinha maquiagem demais, alguns meses depois eu não podia falar com minha família, muitas vezes ele usou minhas irmãs, me dizia que se eu contasse ele pegaria uma delas, de preferência a mais nova, em noventa por cento das vezes ele a ameaçava, me dizia que tinha dinheiro o suficiente pra sumir com ela, falava que a estupraria, depois iria brincar com ela das formas mais perversas antes de mata-la, tudo isso na minha frente.
Bebi mais água, eu ouvia o suluço das outras mulheres mas não as olhei ou não conseguiria falar mais.
- Eu ficava tão desesperada e assustada que fazia tudo o que ele mandava, com o tempo ele me proibiu de sair, eu não poderia encontrar um jeito de pedir ajuda, fui afastada de tudo, telefones, computadores, eu sempre tentei achar alguma coisa mas nunca consegui, as duas empregadas que costumavam me alimentar ou cuidar de mim não saiam da casa, eu não podia ver ninguém, não comprava nada, passei anos vestindo as mesmas roupas, meu único momento de paz era quando ele não estava, ou viajava com suas amantes, muitas vezes voltava pra casa com o cheiro delas e bêbado e me forçava a fazer sexo com ele, me batia e me jogava pra fora do quarto.
Fechei os olhos me lembrando da mãe de Marcus e das empregadas.
- A mãe dele sempre estava lá do lado de fora pra me ajudar, ela e duas das empregadas eram as únicas pessoas que me ajudavam, as vezes eu passava dias trancada no quarto sem comida e elas me davam algo para comer, a mãe dele sofria o mesmo tipo de abuso, Marcus era uma cópia do pai, nós éramos o apoio uma da outra, a diferença era que o pai dele por ser um político tinha que desfilar com a esposa em público então sempre a machucava em lugares em que outras pessoas não podiam ver.
Tomo coragem e levanto o rosto, todas me olham, cada a com sua dor mas entendendo a minha.
- Mas a última vez em que a vi foi a última noite em que ela estava viva, eu consegui me salvar, mas não conseguiria salvar ela, naquela noite Marcus estava mais descontrolado que o normal, estava drogado, ele me bateu tanto, eu não tinha nem se quer saido do quarto aquele dia, a mãe dele tentou impedir porque sabia que ele me mataria, mas o marido dela tirou ela do quarto pelos cabelos, ela lutou, implorou para que Marcus parasse, então eu não sei porque... ele nunca tinha encostado na mãe mas... ele a tirou das mãos do pai e arrastou ela até a escada... Eu estava no chão tão machucada, tentei gritar mas nem mesmo o pai dele foi capaz de impedir que ele jogasse a mãe pelas escadas.
Fecho os olhos mais uma vez me lembrando do rosto de Charlotte, e do seu colo que foi o único consolo que encontrei naquele inferno, ela era um anjo em minha vida, e no fim morreu me salvando.
- Naquela noite a casa virou um inferno, enquanto todos estavam desesperados sem saber o que fazer para encobrir o horror que havia acontecido, eu não sei como, mas consegui me arrastar para fora, todos estavam loucos dentro da casa enquanto o pai de Marcus gritava, me arrastei até o portão e quando uma ambulância entrou eu consegui sair escondida, entrei na floresta e caminhei sozinha até encontrar a cidade, demorou quase cinco horas mas eu consegui.
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Loren - Livro 2
RomanceLoren Immers era de longe a mais calma e gentil das três irmãs, assombrada por traumas do passado tudo o que quer é esquecer e seguir sua vida de forma tranquila e tentar ser feliz. Mason White é um homem atraente, inteligente, sexy e rico, está s...