Capítulo 35

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Loren

  Eu estava aterrorizada, não existia nada a pelo menos dois quilômetros de onde Marcus tinha parado, eu estava trancada dentro do carro a mais de cinco minutos e ele tinha desaparecido dentro de um galpão, as únicas luzes eram as que estavam pela pista e ao redor do galpão, um pequeno jato era visível parado ali perto, eu tinha que dar um jeito de fugir, mas era quase impossível com minhas mãos amarradas.

Dois homens saem do galpão, Marcus vem logo atrás e anda direto em minha direção, olho para minhas mãos, evitei qualquer tipo de contato, conversa amigável não funciona com ele, tentei mais vezes do que posso contar, e sempre acabava machucada.

- Vamos demorar mais meia hora, pensei que podíamos nos divertir um pouco. - Ele puxa a corda que prende minhas mãos e me tira do carro.

- O que está fazendo? - Olho pra arma em sua cintura disfarçadamente.

- O que acha? Meia hora é tempo suficiente pra te foder.

- Me estuprar.

- Cala a boca, eu sei que você gosta.

Ele segura meu pescoço e abre a porta de trás, sei o que ele pretende e me apavora a simples lembrança, não há nada além de mato ao nosso redor, mas prefiro morrer a ser estuprada outra vez, não sem lutar.

Provavelmente achando que não vou resistir por ter ficado quieta, assim que me encosta no banco ele me solta para abrir o cinto, me obrigo a não chorar, não me apavorar, coloco em prática o que aprendi durante esse tempo nas aulas de defesa pessoal e chuto com força, meu joelho acerta o meio das suas pernas e com força dou um soco em seu rosto.

Saio correndo em direção às árvores, é minha única chance, consigo ouvir Marcus gritando, não estou longe o bastante, se eu parar aqueles homens facilmente conseguirão me pegar, desvio por pouco de muitas árvores, o chão escorregadio e o frio não ajudam em nada, a adrenalina no meu corpo me faz querer parar, me encolher e chorar, mas eu não iria, jurei pra mim mesma que nunca mais passaria por isso e não vou.

- SUA VADIA, EU VOU MATAR VOCÊ.

Ouço perfeitamente o grito, isso quer dizer que ele não está longe, minha única chance é chegar a estrada e encontrar um carro, ou alguém que consiga me ajudar, ou estou morta, sei que sim, ele não tem motivos pra me deixar viva depois de tudo isso, mas nada vai me fazer parar.

Ouço o barulho de carros ao longe, isso me dá uma nova esperança, sorrio quando enxergo mesmo que de forma ruim a estrada, é uma pequena chance, tão pequena que doi, se eu não conseguir ajuda eles irão me pegar, consigo ouvir os passos atrás de mim.

Pra chegar na estrada tinha uma pequena elevação, escorreguei e apoiei o peso do meu corpo em meu braço, uma dor alucinante passou por todo meu corpo e eu não consegui conter o grito mesmo assim me arrastei para a estrada, senti dedos puxando meu cabelo, Marcus começou a me arrastar de volta quando os faróis do carro cegou a nós dois.

Os pneus frearam e alguém gritou o nome de Marcus, ele parou de me arrastar e tirou a arma da cintura, outros carros pararam atrás, eu não conseguia ver quantos eram, eu estava cansada, meu coração queria sair pela boca e a dor insuportável se espalhava por todo meu braço esquerdo, e agora Marcus me segurava pelo pescoço.

- LOREN!

Olhei para o lado, Mason vinha correndo em minha direção, Marcus destravou a arma e dois policiais seguraram Mason, meu pai e Matt apareceram logo atrás, ver o desespero no rosto deles me fez desabar, comecei a chorar, silenciosa mas os soluços eram incontroláveis.

- Malcross, você não precisa fazer isso, solte ela, vamos conversar. - Um homem alto e loiro falou com a voz estridente e alta - As coisas ainda podem se ajustar, mas irão ficar bem piores se ela se machucar.

- Você acha que sou idiota? Se fizerem alguma coisa ela morre!

Eu podia sentir seu corpo tremendo, a sua voz falha e o descontrole, presenciei várias vezes, podia até mesmo sentir o gosto do que vinha depois, mas descontrole, raiva e violência.

- Por favor Marcus... - Imploro, ele puxa minha cabeça pra trás e eu só consigo gemer de dor.

- VOCÊ NÃO VAI VOLTAR PRA ELE ESTÁ ME OUVINDO? - Todos os homens se agitaram quando ele me puxou mais e mudou a arma de posição para meu rosto, logo depois olhou para Mason - ELA NÃO VAI SAIR DAQUI VIVA, VOCÊ NUNCA MAIS VAI TOCAR NELA, SEU FILHO DA PUTA, EU VOU MATAR ELA.

Mason tentou avançar novamente, meu pai e Matt se adiantaram para segura-lo, meu pai me olhou nos olhos, mesmo estando controlado era visível todo o desespero da situação, o policial de antes se aproximou dois paços antes de Marcus apontar a arma para ele que levantou uma mão devagar.

- NÃO SE APROXIME!

- Eu só quero saber o que você quer Marcus, por quê está fazendo isso, não vou chegar mais perto se não quiser.

- Eu quero ir embora, com ela! - Respirei fundo quando ele parou de gritar - E quero dinheiro, muito dinheiro.

- Ok, de quanto estamos falando?

- Cinqüenta milhões.

- Isso é muito dinheiro, vamos precisar de um tempo pra conseguir. - Marcus riu e apontou a arma na direção do meu pai, meu coração errou uma batida, mesmo com todos os policiais apontado suas armas para nossa direção - Não vai ser nenhum trabalho para ele conseguir, o que ele mais tem é dinheiro.

- Eu posso conseguir... - Solucei novamente ao ouvir meu pai, era tão reconfortante e desesperador, eu estava com tanto medo, mas ele estava lá - Preciso de uma hora.

- Então está resolvido. - O policial voltou a falar - Agora que vai conseguir o que quer porque não a solta? Ela está com medo, e com frio.

- Você acha que sou idiota? Não vou solta-la até ter o meu dinheiro.

- Pelo menos solte o pescoço dela, você  vai sufo-la, se fizer isso não vai pegar seu dinheiro.

- Já fiz coisas bem piores com ela, e ela nunca morreu. - Ele se levantou derrepente me trazendo junto e agitando todos, puxou meu cabelo e cheirou meu pescoço - Não é amor? Por quê não diz a eles o quanto nos divertimos juntos? Você gostava não é?

Eu me sentia horrível, senti o gosto de vômito na boca mas me forcei a engoli-lo, era isso que ele queria, me humilhando e provocando, falando cada palavra olhando para Mason enquanto puxava mais meu corpo, vendo o trabalho de Matt para segura-lo e o desespero do meu pai ao telefone, aquilo era um pesadelo.

Loren - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora