Capítulo 5

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Mason

  Derrubei o garfo no prato como uma criança, e aquilo fez um barulho tão alto que chamou a atenção de quase todo o restaurante, que merda, e o cara é gay, um homem que não representa perigo algum, e eu me mordendo de ciúmes, agi como um idiota.

  Loren provavelmente nem percebeu o porque da minha atitude imprudente, mas Aileen, Ah essa iria me encher o saco ate o limite, porque notei seu olhar sobre mim, mesmo fingindo que não, eu sabia que ela tinha visto tudo, até mesmo o que outras pessoas não tinham visto, ela era assim, e esse almoço tinha um único propósito arquitetado por ela, porque ela sabia bem sobre meus sentimentos por Loren.

- Bom, eu tenho que ir. - Ela diz se levantando.

-Mas e o nosso sorvete? – Loren parecia realmente triste por não ter o sorvete, como uma criança, o que me deixou com um sorriso bobo de lado. Idiota.

-Me desculpe Lore, mas o Matt quer pintar o quarto do bebê de azul marinho, isso seria uma catástrofe, meu bebê não é um morcego. -Vejo seu sorriso e o brilho maligno nos olhos, sei que está aprontando algo e estava inventando uma desculpa horrível. – O Mason não se importará de te levar pra tomar sorvete, não é Mason?

-Claro que não. -Respondi rápido, rápido demais - Não tenho nenhum compromisso.

-Não quero te incomodar Mason, posso ir sozinha, sei que é um homem ocupado. - E lá está outra vez nossos olhos presos um no outro.

-Não irá me atrapalhar Loren, eu insisto.

-Bom problema resolvido então, divirtam-se. - Aileen diz e sai feito um furacão, me deixando em dúvidas de como uma mulher grávida pode andar tão rápido.

- Ela parecia bem cansada a alguns minutos. - Comento no automático.

- Eu também notei, você acha que é coisa de grávidas?

- Não sei, talvez seja. - Novamente olho para seus olhos.

-Vamos?

-Claro. - Digo e estendo meu braço que ela pega com um sorrisinho.

  Saímos do restaurante e vamos até uma lanchonete não muito longe, é um lugar confortável e está quase vazio, depois que pegamos cada um o sorvete saímos caminhando, o silêncio entre nós era confortável e poder só sentir seu cheiro sem precisar fugir já estava mais que suficiente pra mim.

-Obrigada. - Ouço ela dizer quase que em um sussurro.

-Pelo que está me agradecendo?

-Pelo sorvete e por me fazer companhia, odeio tomar sorvete sozinha. – Me lança um sorriso tímido, meigo, seu rosto fica até mesmo fofo.

-Não tem de que, sempre que precisar de um amigo é só me ligar. - Amigo? Mas que porra eu estava dizendo? Suspirei, eu não conseguia raciocinar direito.

  Ela balança a cabeça devagar e continua caminhando, aproveito para observa-la, seu andar tranquilo e silencioso, cabelo preso e rosto limpo de maquiagem a não ser um batom claro, os olhos grandes com cílios tão longos e acentuados que pareciam querer beijar a sobrancelha.

   Mesmo com o salto das botas ela só chegava até meus ombros, lembro de como ela reclamava de Aileen ser alguns centímetros mais alta. Sorrio com algumas lembranças de quando éramos mais novos.

   Meu pai foi advogado de William Immers a vida toda, até o terrível acidente que o levou, lembro que sempre pedia para lhe acompanhar quando suas visitas levavam a mansão Immers, corri por aqueles corredores mais vezes do que posso contar, cresci ao lado das três irmãs, eu era um garoto sem irmãos e não perdia a oportunidade de correr e brincar, mesmo que fosse com meninas, e nunca me senti arrependido.

- Do que está rindo? - Olho para ela que está com uma sobrancelha levantada.

- Lembrando de como eu sempre corri mais rápido que você. - Um sorriso se abre em seu belo rosto.

- Você sempre teve pernas longas, nunca foi muito justo.

- Isso não é uma desculpa Loren Mary.

- Meu Deus. - Ela se engasgou um pouco antes de dar uma gargalhada. - Nem me lembro a última vez que alguém me chamou pelo segundo nome, odeio os dois juntos.

- Eu sei. - Seu sorriso diminuiu enquanto olhava em meus olhos, paramos em uma pequena ponte acima de um lago, ficando de frente um para o outro. - Você ficava bem nervosa quando eu te chamava assim.

- Quando foi que deixamos nossa amizade de lado? Só lembro que senti sua falta, tanto que meu peito doía. - Ela deu um sorriso pequeno e desviou o olhar. - Sempre fui a mais sentimental.

- Não foi só você Loren, também senti muito sua falta, mas eu fui fazer faculdade em outro país, você foi para a academia de artes. - Suspiro antes de continuar. - Depois que voltei descobri que você estava noiva, não acho que seu ex tivesse permitido nossa amizade de toda forma.

   Depois que falei me dei conta do meu erro, Loren não respondeu, estava olhando o sorvete sem se mexer direito, eu toquei em um assunto extremamente delicado, eu aparentemente estava perdendo o tato pras coisas perto dela também.

- Desculpe Loren, eu não quis...

- Tudo bem, eu concordo com você. - Ela voltou a me olhar e sorriu pequeno. - Acho melhor irmos, não quero te privar dos seus assuntos só porque pareço uma criança quando o assunto é sorvete.

- Não posso dizer que não estou me aproveitando disso. - Roubo um pouco do seu sorvete - Meu Deus, esse é o pior sorvete que já comi.

   Loren jogou a cabeça para trás e gargalhou, estendeu sua mão e roubou um pouco do meu, sorri, era bom que a atmosfera estivesse menos densa.

- Porquê acha que não estou comendo? Ele tinha uma cara tão boa, nunca mais peço sorvete do qual não provei o sabor antes. - Ela sorri e meu mundo se ilumina um pouco.

- Que bom que essa foi a causa.

- Não se preocupe Mason, não me sinto mau por falar de Marcus, apenas não gosto de fazê-lo, é importante aceitar o que aconteceu, eu sei que não merecia e que ele foi um homem da pior espécie, mas negar o que aconteceu não me fará melhorar. - Sorrio e ela continua - Preciso seguir em frente.

- Você é muito forte Loren, estou orgulhoso que pense assim, é um pensamento inspirador.

- Não me deixe envergonhada. - Ela coloca as duas mãos nas bochechas as apertando.

- Você fica muito bonita quando está vermelha.

   Loren novamente riu, e eu como um bobo acompanhei, eu gostava de estar com ela, e passamos mais de uma hora ali, e teria ficado a tarde inteira se não tivesse que voltar ao trabalho, era fácil estar com ela, era leve e agradável, não tinha nada forçado ou ensaiado, só nós dois e ninguém mais, eu não precisava de mais ninguém quando estava com ela.

  

Loren - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora