Pirata

XI

Anteriormente

"O meu pai tinha muitos planos. Ele conseguiu ficar com muitas propriedades e com o triplo da tripulação em menos de uma semana. Adivinha... ele queria ir para o mar, mas ele fez uma promessa à minha mãe. Ele não nos podia deixar... ele teve de ficar connosco e deixar o navio, começaram os esquemas e as hierarquias. O meu pai começou a nomear capitães e a negociar em terra e foi muito bom com isso."

"Isso é o que tu fazes certo? E és bom nisso."

"Eu nunca fui tão bom como ele... de qualquer maneira eu nunca me perdoei pela morte da minha mãe. Eu não fiz nada para a ajudar."

"Claro que ajudaste, ela queria que te salvasses e ao teu irmão e tu conseguiste. Tenho a certeza de que a alma dela está em paz."

"Eu sou um fracasso."

"Não!"

"Eu tentei navegar, mais tarde quando fiz 17. Tive de lutar para sobreviver, os navios dos ingleses atacaram em força. Nós perdemos tudo e nem sei como posso estar vivo. O meu pai quase me matou quando cheguei aqui, acho que nunca me bateram tanto na vida... por alguns momentos desejei ter morrido no navio."

"Não digas isso."

"O meu pai tinha razão... Nunca passei de um coração mole com vícios, que não tinha mais as saias da mãe para me esconder. Eu sou a vergonha da família e tenho uma bomba prestes a explodir nas minhas mãos. Não posso parar senão é o fim da ilha..."

"Como é que o teu pai morreu?"

"Foi um assassinato."

"Que horror... alguém se queria vingar?"

"Sim, Chloe. Eu queria vingança."

"Espera... tu?"

"Matei o meu próprio pai."

Ela não sabia o que dizer... nunca pensou que ele fosse capaz de matar o pai.

"Ninguém sabe... Matei também todos os empregados e um dos melhores amigos do meu pai. Todos pensam que foi ele."

"Meu Deus... tu... tu és um assassino."

"Chloe..."

"Eu sabia que havia alguma coisa muito errada aqui... antes de me matares podes só dizer-me o que queres de mim exatamente? Porquê eu? Eu não fiz mal a ninguém, eu juro! Desculpa-me por tudo o que eu disse antes... eu estava fora de mim... eu não te queria desafiar. Vou fazer tudo o que me pedires a partir de agora, prometo."

"Eu nunca te faria mal..." Ele estava a chorar à sua frente. "Eu só fiz o que fiz porque estava cansado. A última vez que matei alguém foi há 1 mês e foi para me defender."

"Como sei que não te vais cansar de mim... eu fui tão mimada até agora."

"O que eu sinto por ti é... honesto. O sentimento mais honesto que eu tive em toda a minha vida. Eu só te contei isto porque sei que posso confiar em ti e porque queria ser honesto contigo sem mais esquemas e segredos."

Ela estava atónica demais para falar e então ela apenas olhou para o búzio que ela tinha encontrado naquela manhã. Estava em cima da secretária para o lembrar dela. Ela já está no meu pensamento 24 horas por dia isto era só um lembrete.

"Deves odiar-me agora."

"Eu não te odeio." Diz ela.

"Dizes isso porque tens medo do que eu posso fazer." Antes que pudesse falar bateu na mesa com força e ela quase caiu da cadeira com medo. "Eu tinha razão. A verdade mudou a tua forma de me ver."

Ela não disse nada... só chorou.

"Podes ir se quiseres. Acho que terminamos." Ela levanta-se para sair. "Eu acho que não te tenho de pedir para não contares nada a ninguém."

"Eu não vou dizer nada."

*

(2 dias depois)

Aquela mulher corajosa que tinha chegado à ilha o mês passado desapareceu, ela tinha demasiado medo. Já não ia ter com ele ao escritório e ficava horas a fio no quarto, só se viam na hora das refeições. Eu sabia que tinha de fazer alguma coisa... Tenho de ganhar a confiança dela novamente.

A meio dessa tarde ele vai até ao quarto dela. Bate à porta. Chloe: Sim? Lucifer respira fundo antes de abrir.

Ela está junto à janela a olhar para o exterior. "Queres sair?" Ele pergunta-lhe.

Ela olha imediatamente para ele. "Eu estou bem." Ela parecia calma.

Ele entrou e sentou-se na cama perto dela. Chloe encosta-se na parede junto à janela e abraça-se a si mesma. "Chloe, não devemos continuar assim. Eu sinto que não estás bem."

"Como é suposto me sentir?" Ela não parecia chateada ou com medo.

"Primeiro devias sentir-te segura, eu nunca te irei magoar."

Ela suspira e olha para a janela. "Eu não sei se consigo voltar a confiar em ti."

"Eu farei qualquer coisa para provar, deixa-me provar. Eu amo-te, por favor."

"Não digas isso... como consegues viver assim? Não sentes culpa?"

"Eu já sofri com isso. Há muito tempo atrás o meu melhor amigo era o álcool. Quase que perdi o controlo, isso não me ajudou em nada." Disse-lhe.

"A Maze disse-me que tinhas problemas com a bebida."

"Foi uma época difícil, mas eu consegui superar o problema. A culpa é um sentimento forte, mas eu não posso pensar apenas em mim. Existem outras pessoas que dependem de mim nesta ilha."

"Tiveste uma recaída..." Diz ela. Como é que ela sabia? MAZE...

"Isso foi há 3 anos... uma mulher fez isso comigo. Imagino que a Maze te contou o que aconteceu."

"Sim, ela contou. Foi cruel o que ela faz, eu nunca faria isso."

Isto era o começo de alguma coisa... a pequena chama de esperança que ardia dentro de dele multiplicou-se e sentia que ainda podia lutar por ela. "Vem comigo."

"Onde?" Ela pergunta.

"Confia em mim."

Ela hesitou, mas deu-lhe a mão quando ele estendeu a dele para ela. Guiou-a até à sala do piano e sentou-se no banco com ela.

Lucifer quebrou o silêncio. "A minha mãe ia ensinar-me a tocar antes de morrer, nunca cheguei a aprender." Levantou a tampa que protegia as teclas, passou a mão pelas teclas sem tocar nenhuma nota. Ainda era triste para mim estar aqui. Agora que a Chloe sabia a verdade era a única maneira de a conquistar outra vez. "Por favor, toca."

"Tens a certeza?" Ela parecia chocada.

"Sim." A pauta estava aberta na música que a mãe tocava tocas as noites. "Eu tenho de ouvir a música até ao fim para deixar o passado."

Ela não tinha outra opção senão tocar a música para o Lucifer. Ele parecia transtornado a cada nota. Os seus dedos dançaram sobre as teclas até ao final. Quando ela olhou para Lucifer ele estava a chorar silenciosamente ao seu lado. Era de quebrar o coração.

"Lucifer? Por favor, não chores... está tudo bem." Ela sabia que não estava, que eram palavras ocas de educação forçada.

"A culpa é minha..."

"Claro que não." Ela aproximou-se dele para o confortar. Ele não parou de soluçar. "Estás bem?" Claro que não está bem... és estupida Chloe? Aproximou-se mais, já estava praticamente em cima dele. Não suportava ver pessoas chorar assim...

"Eu vou ficar bem." Diz ele, mas mesmo assim o pranto continua.