VI

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Chloe toma uma atitude diferente, em vez de distante ela fez um esforço para se envolver.

"Chloe, não precisa de vir comigo eu vou continuar o inventário."

"Mas eu quero ajudar."

Ele apreciava o esforço dela. "Muito bem."

Ela começou a ditar-lhe os valores dos produtos enquanto ele fazia os cálculos. "Alguma coisa não bate certo aqui."

"O quê?" Ela levanta-se da cadeira à sua frente e inclina-se sobre a mesa. Ela estava a mostrar o seu peito demais... "Este valor é 80 e não 18." Diz ela ao apontar para o papel. Lucifer tenta distrair-se da visão que tinha mesmo na minha frente.

"Sim claro."

"Não está calor aqui?" Ela diz.

"Eu acho que não."

Ela vai até à janela para a abrir. Os seus olhos são imãs sobre ela, ela é linda. Então a expressão dela muda e ele percebe que algo está errado. Ela apoia-se na mesa que estava mesmo ao lado e começa a cair. "Lucifer..."

Os instintos dele foram precisos e chegou a tempo de evitar que Chloe caísse totalmente no chão. Agarrou-a pela cintura e olhou-a nos olhos. "Chloe?" Ela abre os olhos quase imediatamente ainda confusa. "O que se passa?"

"Eu acho que desmaiei, senti-me muito tonta." Ele ajuda-a a sentar. "Acho que não devia ter pedido à Maze para apertar o meu corpete com tanta força." Ela tentou tornar a situação engraçada.

Lucifer atravessa a sala e serve um copo de água fresca para ela. "Porque o queres tão apertado? Não o tens de usar, certo?"

"É essencial uma dama usar o seu corpete."

"Não temos aqui ninguém para verificar isso, podes andar sem ele se quiseres. És livre para o escolher." Ela não diz nada em resposta. "Muito bem. Pode usar, mas não tão apertado. Poupe-me o susto, por favor."

"Eu não vou apertar tanto na próxima vez." Diz ela.

"MAZE?"

"Senhor?"

"Leve a Chloe, ela tem o laço do corpete muito apertado."

*

Depois do almoço, Lucifer voltou para o escritório e deixou-a sozinha com Maze. Ambas estavam a bordar à pelo menos meia hora.

"Estou aborrecida. Posso ver o resto da casa? Eu nunca vi tudo."

"Suponho que a princesa tenha acesso a todas as salas." Diz ela.

"Então vou explorar."

"Chame se necessitar de algo."

O primeiro quarto que ela queria explorar era o do Lucifer. Assim que entra vê um quarto completamente limpo, muitos livros estão sobre a mesa do canto e um pequeno barco dentro de uma garrafa. Toda a mobília parecia mais antiga do que a dela. No outro lado da parede havia um retrato, uma mulher e um bebé. Sei que não devia bisbilhotar, mas ninguém estava aqui para ver. Ela abre as gavetas à procura de algo interessante, mas a maior parte são apenas folhas soltas.

No final encontra uma capa de couro e percebe que é um diário quando o abre. Vou até à porta e verifico que não está ninguém por perto. Lucifer não escrevia todos os dias, mas sempre que escrevia parecia fazer pequenos resumos ou expressar algumas emissões variadas.

Quando chego às datas de à cerca de um ano atrás as entradas eram mais frequentes e mais curtas.

23 de abril de 1719

O irmão trouxe-me um retrato magnifico de uma mulher do saque do mês passado. Ele deu-me como presente de aniversário e disse que uma bela mulher na minha vida ia fazer toda a diferença... não lhe dei ouvidos.

27 de abril de 1719

Não consigo tirar os olhos do retrato desta mulher. Falei com vários capitães e todos me dizem que deve ser princesa, a identidade está numa placa na parte de trás do quadro. Chloe Decker, é um nome requintado... invulgar e vibrante tal como a beleza dela. Não a consigo tirar da minha cabeça.

1 de maio de 1719

Enviei alguns homens a Londres para conseguir informações sobre a jovem, espero ter alguma esperança para a encontrar depois disto. Espero que ainda não esteja casada... Normalmente as princesas casam muito cedo...

Ela avança. 2 meses antes de chegar à ilha.

5 de março de 1720

As informações batem certo, os homens encontraram a princesa que eu procuro há tanto tempo. O navio está pronto para partir amanhã de manhã e quando voltar a minha linda princesa estará nele. Eu quero tanto ouvir a sua voz, estudar os seus gestos... Tenho a certeza que ela é tudo o que eu sonhei.

Isso perturba-a ele era completamente obcecado nela há um ano. Ela salta para a última data. O dia em que discutiu com ele.

5 de maio de 1720

Chloe tem mostrado ser totalmente diferente de tudo o que imaginei. Ela é muito decidida e não espera por ordens de ninguém, ela é a ordem! Mostra-se fria comigo... é normal depois de a tirar da sua vida para a enclausurar numa ilha cheia de piratas. Mesmo que ela escolha ficar aqui, quase que não passará de uma prisioneira. Eu nunca poderei levá-la a Paris ou a Roma. Eu nunca poderei competir com um príncipe ou um homem da nobreza, eu nunca serei a pessoa que ela sonhou ou precisa... foi um erro fazê-la vir e ela nunca me vai perdoar... é duro amar alguém que não nos ama. Diria que é uma causa perdida.

Ela quebrou o coração dele tão mal. Ler aquelas palavras apenas a fez sentir pior do que já se sentia por ter sido tão rude com ele. Ele é um bom homem, apesar do seu vício por ela e não merecia ser maltratado.

Ela decidiu continuar o que tem feito até agora. Aproximar-se dele, mas sem lhe dar grandes esperanças. Ele não merecia sofrer ainda mais quando ela voltasse para casa. Era mais fácil habituá-lo lentamente à ideia de que partirá. Chloe volta a guardar tudo no seu devido lugar e volta para o corredor.

Na sala ao lado da sala de refeição havia um piano. Chloe tive lições quando era mais nova. Senta-se e levanto a tampa, a pauta já está aberta no início de uma música. Os dedos começam a dedilhar as teclas do piano e ela deixou-se levar pela melodia. Era uma canção de embalar. Antes de terminar Lucifer entra na sala e fecha a tampa das teclas.

Pouco tempo teve para retirar as mãos, podia ter sido entalada. "O que se passa? Não gostas?"

Ele parecia chateado. "Peço-te que saias e não voltes a entrar aqui." Diz ele.

"Porquê? Tu disseste que eu podia entrar onde quisesse."

"Aqui não."

"Porque não? Qual é a justificação? Por que não posso tocar?"

"Eu não tenho de explicar... Eu sou o dono desta maldita casa e tu fazes o que eu quiser que faças." Ele diz chateado.

"Eu não sou o teu brinquedo." Ela diz antes de sair da sala magoada com a sua atitude.

"Chloe?" Ela não responde. "Chloe?" Ela voltou-se para ele sem dizer nada. "Eu fui longe demais, desculpa." Diz ele. "Eu não estou pronto para te contar ainda..."

"Não tens de pedir desculpa... Tu és o dono da maldita casa, tu mandas."

"Chloe..."

"São as tuas regras, eu percebi. Não te preocupes eu vou manter-me afastada dessa sala." Chloe não estava feliz com a situação e queria mostrar como estava descontente com isso.

"Chloe, por favor... eu vou contar-te um dia!"

PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora