XVI

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Uma das empregadas secou e penteou o seu cabelo deixando-o solto em suaves ondas. Outra ajudou-a com a roupa de dormir. Era uma camisa de cetim e renda comprida, minimamente apresentável a um homem. Por favor, nenhuma camisa de noite é apresentável a um homem a menos que ele seja nosso marido... Ainda era cedo quando elas saíram, ainda não sabia se devia ir ou não ver o Lucifer. E se estiver a ser chata ou protetora demais? Estou só a inventar desculpas para não ir.

Vai lentamente pelo corredor enquanto pensava, Maze sai do quarto dele antes que ela chegue. "Ele está bem?" Chloe pergunta.

"Algumas dores, de resto está tudo bem."

Ela olha para a porta sem saber o que fazer.

"Vá! E tente não ser tão tímida." Diz ela puxando uma madeixa do cabelo para a frente do meu ombro. "Calma e natural!"

"Devo fechar a porta quando entrar?"

"Qual é a diferença agora? De dia tinha a porta fechada."

"Eu sei, mas agora parece diferente."

"Não se preocupe tanto Princesa, ele não é o diabo." Maze sorri para ela.

"Certo, sou tão tonta." Ela ri. "Boa noite, Maze."

"Boa noite."

Maze foi embora e ela bateu à porta só entrando quando ele permitiu. Ele continuava deitado apenas iluminado pela ténue luz de velas. "Já sentia saudades tuas." Diz ele com um sorriso brilhante.

"Estou a ver que estás bastante alegre." Chloe diz fechando a porta e sentando-se na cadeira ao lado dele. "Como te sentes?"

"É a milésima vez que me perguntam isso hoje. Continuo igual..."

"Desculpa, eu... não te queria aborrecer." Diz um pouco desiludida.

"Tu nunca me aborreces, mas eu já me sinto mal o suficiente por não me conseguir levantar." Ficou um silêncio desconfortável entre eles. Apenas ficaram a olhar um para o outro até que ela desviou o olhar. "Eu acho que ainda não agradeci por me salvares a vida."

Chloe sorri para ele. "Não tens de agradecer, eu faria isso por qualquer pessoa. Foi culpa minha de qualquer forma."

"As ações foram minhas e não tuas."

"Mas eu fui uma das razões para o fazeres." O silêncio voltou, mas desta vez não desviou o olhar dele. Ela sentia o corpo aquecer de ser olhada assim por ele.

"Como me encontraste?"

"Bem, eu andei por aí. Não te podia encontrar em lado nenhum, fui ao bar e encontrei o Pierce e perguntei-lhe. Ele disse que te viu, mas não sabia onde estavas. Então eu falei com uma mulher e ela disse que tinhas ido por aquela estrada. Quando cheguei à bifurcação foi por intuição o guarda disse que seguia para a praia." Ela explica.

"Estou impressionado." Ele sorri e ela corou com o comentário dele.

"Eu percebi que não podias estar bem, tinha essa sensação. Não podia ir embora, tu precisavas de mim." ... e eu preciso de ti! DIZ! Grita na minha mente.

"Tinhas razão... eu não estava bem." Ficou uma pequena tensão entre eles novamente.

"Eu preciso de ti também Lucifer." Ela deixou escapar. E agora? Não posso fugir disto. Ele só ficou lá a olhar para ela à espera de uma explicação. Chloe olhou para as próprias mãos. "Eu importo-me muito contigo, é um sentimento real. Não podia deixar que morresses. Promete-me que não farás isso outra vez."

"Eu não farei." Ele deu-lhe a mão fazendo-a olhar para ele. "Eu arrependi-me assim que o fiz... pensei em nós e como foi um tolo em não lutar mais por ti." Ela iria chorar a qualquer momento. "Pensei em tudo o que devia ter dito e feito por ti. No último momento de consciência eu senti-me bem por te ver. Pensei que eras um anjo... uma coisa da minha imaginação. O meu último desejo era te ver e lá estavas tu..."

"Eu tive tanto medo de te perder." Não havia mais barreiras para ela e as lágrimas fluíram livremente. "Mais ninguém se importa comigo como tu fazes."

"Chloe..." Custa-lhe vê-la frágil. Ela admitiu subtilmente que gostava dele, a Maze tinha razão. "Não chores." Ele limpa as suas lágrimas e deixa a mão no seu rosto por algum tempo fazendo-a olhar para ele. "Não chores." Lucifer diz novamente num sussurro audível.

"Desculpa-me por isto." Ela estava fraca.

"Não tens de pedir desculpa por nada."

"Ainda não te sentes cansado?"

"Não... fica mais um pouco. Gosto de te ter por perto." Quando estava por perto ele sabia que estava segura.

"Muito bem, queres falar sobre o quê?"

"Conta-me alguma coisa engraçada sobre ti."

"Deixa-me pensar... Eu tramava as minhas damas de companhia. Algumas delas só me controlavam então eu vingava-me delas. Meti dois ratos na cama de uma delas... foi lindo vê-la correr pelo castelo como louca." Ela ri. Era ainda mais linda. "Isto foi um acidente, mas deitei quase metade de um frasco de picante no comer de uma delas. Ela manteve a postura durante o almoço, mas a cara dela era hilariante. Não a vi o resto da tarde nem no dia seguinte." Ela volta a rir. "Deves pensar que eu sou maléfica."

"Não... Tu és perfeita, mas tenho de ter cuidado contigo." Lucifer sorri.

"Eu não faria nada para te prejudicar." Diz ela, sentando-se sobre a cama. A mão dele ainda estava no colo dela com as suas mãos.

"Eu acredito em ti."

"Eu devia ir para a cama, sinto-me realmente cansada." Ela curva-se e beija-lhe a bochecha. O cheiro a rosas e canela inunda as suas narinas. Foi como se tivesse ganho o melhor presente do mundo nesse momento. Um beijo dela significava um mundo cheio de esperança, amor e energia. "Boa noite, Lucifer."

"Boa noite, amor." Só depois de o dizer é que reparou que tinha dito amor.

Ela apenas sorri tímida e sai do quarto calmamente. Ela é realmente um anjo. Lucifer queria que ela passasse a noite com ele... falar até adormecerem com a exaustam. Parecia perfeito.

*

Depois de tudo o que se passou no dia anterior Chloe sentiu que o envolvimento com Lucifer seria um pouco diferente. Ela confiava mais nele, ele tinha sido muito doce. Deu-lhe a confiança de que precisava.

"O Lucifer já acordou?" Pergunta enquanto é arranjada para o dia.

"Ainda não princesa, pensei que quisesse ser você a fazer isso."

"Sim, eu vou acordá-lo antes do pequeno-almoço. Posso levar-lhe algum café."

"Eu vou pedir o café." Diz ela deixando-a sozinha. Coloca um pouco de perfume e uns brincos de esmeraldas simples. Hoje deixo o cabelo solto.

"Já estava pronto." Ela entra com a chávena. "Como quer o cabelo hoje?" Ela pergunta.

"Solto, está perfeito." Ela concorda e entrega-lhe a chávena.

*

O quarto ainda estava um pouco escuro pelas cortinas grossas. Deixa o café na mesa e abra um pouco a cortina não deixando passar tanta claridade que o podia encandear.

Ele agita-se um pouco. "Lucifer? Bom dia!" Ela testa a temperatura dele. Normal.

"Bom dia." Diz ele ainda sonolento.

"Trouxe algum café. Consegues sentar-te?" Ela ajuda-o a ficar confortável.

"Obrigada." Diz ele enquanto ela lhe entrega o café. Ele já podia beber sozinho.

A barba dele já lhe começava a dar um aspeto mais velho e descuidado. Tinha de pedir para o limparem. "Eu vou comer também, volto mais tarde."

"Vejo-te mais tarde." O sorriso dele era lindo. "Sinto que me falta alguma coisa."

"O quê?" Chloe pergunta.

"Um beijo de bom dia." Diz ele brincalhão.

"Sonha." Ela ri. "Até logo."

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