XLIII

155 15 6
                                    

"Eu ia comprar alguns materiais para a cabana sabes... eu ia deixá-la mais ao gosto dela... maldita hora que eu decidi vir aqui novamente."

Chloe estava escondida no corredor para ouvir a conversa da Maze e do Lucifer.

"Então encontrou a Eva no mercado?" Pergunta Maze.

"Eu nem a tinha visto aproximar-se... só reparei que era ela tarde demais."

"Eu não sei como vai convencê-la que isso é a verdade."

"Eu não a posso perder Maze." A voz dele estava diferente nesse momento. "Ela é a mulher da minha vida, não posso viver sem ela." Ele diz a chorar. Ela tinha a certeza que está a chorar pelo tom de sufoco na sua voz.

"Ela quer voltar para a terra dela."

"Só depois de passar pelo meu cadáver." Isso fez Chloe tremer por dentro... ele seria capaz de... de novo?

"Não diga isso!"

"Não me resta mais nada sem ela Maze... o que vou fazer mais? Ler histórias de amor quando nunca terei nenhuma? Escrever inventários até á morte? Que graça essa vida tem? Viver só por viver não é vida." Ele estava a pensar num suicídio novamente. Chloe já não sabia o que pensar... era mesmo verdade? Ele não quer a Eva?

"Não pense assim."

"Não sabes o que eu sofri Maze, estou cansado..."

"Então vai desistir da princesa?"

Houve uma pausa e Chloe treme por dentro novamente. "Eu nunca vou desistir dela até entrar num navio para nunca mais voltar. Depois já não vai importar... estarei no céu se houver um lugar para mim e esperarei por ela... Ela é a minha alma gémea, eu sei disso."

Ele tinha razão... Por mais que o odiasse nesse momento ela também o amo e acha que nunca vai deixar de o amar. Nós somos almas gémeas sem dúvida nenhuma.

"Mas não se pode matar." Pela voz da Maze estava preocupada. "O que vai ser de todos na ilha. Não pode esta a falar a sério."

"Qualquer um pode me substituir."

"Ninguém é substituível. Desculpe, mas... o senhor já fez isso antes não foi? A princesa disse que foi um acidente, mas eu nunca o ouvi dizer o mesmo." Ela era esperta é claro que ia descobrir.

Ele não respondeu e isso era a confirmação.

"Quem cala consente." Diz Maze. "Você fez da bonita desta vez, mas eu acredito que não beijou a Eva." A Maze confia nele.

"Mas a Chloe não acredita."

"Não se preocupe... eu vou falar com ela, pode ser que queira falar consigo. Só não diga que se vai matar novamente... nem pense nisso."

Ouviu movimentos na sala e então correu para o quarto. Pegou no Peper e sentou-se na cama com ele.

Maze entra pouco depois. "Ainda não tem fome princesa?"

"Não Maze, a minha cabeça é uma confusão eu não consigo pensar em comer agora."

"Está a pensar falar com o senhor Lucifer?" Lá vai ela tentar.

"Hoje não, talvez amanhã."

"Quer ajuda para se deitar?"

"Obrigada Maze." Chloe aceita a ajuda.

*

Não fazia ideia se ele estava a tomar o pequeno-almoço, mas mesmo assim foi para a sala de jantar.

"Bom dia." Diz ele.

Chloe não responde...

Ele não disse mais nada por bastante tempo. Comeu e estava quase para sair quando ele tenta comunicar novamente. "Não tens de dizer nada Chloe, ouve-me, por favor."

Chloe olhou para ele tentando não mostrar nenhuma emoção. Pelo aspeto não deve ter dormido.

"Eu lamento muito o que aconteceu, mas como disse não foi minha intenção e eu não quero ter absolutamente nada a ver com a Eva. Eu amo-te Chloe, não amo mais ninguém nem penso fazê-lo! Não tenho absolutamente nenhuma razão para te mentir, se eu não quisesse nada contigo seria o primeiro a deixar-te ir embora." Ele tinha o seu ponto de vista e fazia sentido. "Não estou à espera de que me perdoes já, mas por favor pondera ficar mais algum tempo."

"Estás a pensar provar-me que dizes a verdade durante esse tempo?"

"Eu não tenho como te provar... ela não vai admitir o que fez." Ele parecia prestes a chorar. "Eu só quero que tenhas tempo para pensar bem no que queres sem te precipitares e sem te arrependeres."

"Eu vou pensar." Foi a única coisa que disse. Ela sabe que alimentaria a esperança dele.

*

"Onde está ele?" Chloe estava a manter um olhar de águia sobre Lucifer. Cada passo, cada palavra... ela tinha de ter a certeza de que ele não se ia encontrar com ela novamente.

"Ele foi ao mercado, um guarda foi com ele e outro está a segui-los como pediu." Diz-lhe a Maze.

"Ótimo."

*

"O senhor Lucifer voltou, deixou muitos materiais no estábulo e voltou ao escritório. O guarda não viu a Eva. Ele deu-me isto para si." Ela dá-lhe uma rosa vermelha. Por dentro Chloe tinha um pequeno sorriso, mas ao mesmo tempo sentia um pequeno desgosto. Ele tinha deixado de ter este pequeno hábito de lhe trazer flores. Agora raramente.

"Obrigada Maze." Ela sai.

Deita-se na cama com Peper. "O que achas fofinho? Devo perdoá-lo?" Ele olhou para ela com os seus olhinhos doces. "Eu gosto muito dele sabes, mas somos tão diferentes que tenho receio que isto seja um erro... eu sei que ele me ama e eu a ele... mas e se ele quiser amar outra pessoa? Ele prometeu-me para sempre, diz que me ama, mas nada é para sempre. Existe sempre um até que a morte nos separe." Chloe suspira.

"Ele é a minha alma gémea, eu também o sinto. Eu aprendi a confiar nele antes de entrares na minha vida Peper, ele fez tudo por mim e continua a fazer. Ele continua a dar a sua vida por mim, eu sou a vida dele literalmente. Sem mim ele fará uma loucura." Ela beija o cachorro. "Sabes que mais? Eu acho que tenho tentado ser uma dama recatada demais, o Lucifer precisa de perceber que eu também posso mandar tal como outras mulheres por aqui. Tenho de tomar uma atitude."

Levantou-se e percorreu a casa até ao escritório onde Chloe sabia que Lucifer estava. Ele vai ver como é a mulher dentro de mim. A cada passo que dava mais segura estava de si.

Abriu a porta. Ele estava a olhar pela janela, mas virou-se para ver quem entrou. Nesse momento Chloe já estava atrás dele e assim que se olharam ela puxou-o pelo colarinho para baixo e beijou-o. Foi um beijo intenso com toda a tensão das últimas horas. "Chloe..." Ele tenta falar.

"Cala-te." Ela puxa-o mais para si, as suas mãos estavam na nuca dele e as dele no seu rosto e cintura. Chloe afastou-se dele o suficiente para o olhar nos olhos. "Tu és meu! Só meu, percebes?" Ele concorda e beijam-se novamente. "E eu sou tua. Toda tua quando chegar o dia." Esse beijo foi mais gentil.

"Isso quer dizer?"

"Vou precisar do anel de volta." Eu escolhi o amor!

Ele volta a apoiar-se num dos joelhos, tira o anel do bolso e desliza-o delicadamente pelo seu dedo anelar. No segundo seguinte os lábios estavam juntos novamente num beijo intenso que não seria tão breve.

Só espero não me arrepender disto.

PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora