VII

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"Menina Chloe?"

"Maze?"

"Está na hora de se levantar, o senhor Lucifer está à sua espera para o pequeno-almoço."

"Não quero saber... ele que coma sozinho."

"Tem a certeza? Eu pensava que estavam mais próximos."

"Quanto mais longe eu estiver dele melhor."

"Por favor, princesa faça um esforço."

"Muito bem... eu vou. Não ia conseguir voltar a dormir de qualquer forma..."

Maze apresenta-lhe outro vestido novo que ele fez questão de lhe comprar...

"Será que não posso vestir algo mais confortável?"

"Mais confortável?" Pergunta Maze confusa.

"Sim... como a tua roupa."

"A minha roupa? Não é adequado a uma princesa."

"Ninguém se importa se eu sou a princesa. Consegues arranjar-me alguma coisa?"

"Bem... eu tenho algumas roupas, mas são velhas."

"Tenho a certeza que vai servir." Chloe deu-lhe um sorriso.

Maze saiu para trazer a roupa. Chloe pegou no vestido novo e olhou para ele, sem dúvida quem os escolhia tinha bom gosto. Todos os vestidos eram lindos, mas ela sentia-se enfeitada demais para aquele lugar sem lei. Ela nem saía de casa... não fazia nenhum sentido para ela. Ela não tinha de provar nada a Lucifer nem a ninguém... podia se vestir como uma maltrapilha que não faria diferença.

"Está aqui." Diz Maze quando entra.

"Parece perfeito." Era um vestido muito simples azul-claro com uma renda discreta no decote. Não chegava aos pés deixando ver um pouco da parte inferior da perna e tornozelo.

"Tem a certeza que se sente bem em usá-lo?"

"Sim. É muito mais fresco e leve do que o outro. Gosto muito dele, obrigada."

"É uma honra princesa."

Colocou perfume enquanto Maze prende parte do seu cabelo com um gancho e deixa cair o resto em ondas loiras suaves. Calça uns sapatos que combinam com qualquer vestido. Ela tinha um aspeto angelical no espelho. Não colocou joias, preferiu ficar o mais natural possível. Vamos lá ver o que o Lucifer pensa disto.

Maze e Chloe continuaram pelo corredor até à divisão.

"Bom dia." Diz Chloe entrando na sala e ocupando o lugar mais perto dele.

"Bom..." A aparência dela surpreendeu-o. "Bom dia." Lucifer completou dessa vez.

"Está alguma coisa errada?" Pergunta-lhe ela. Eles ainda não estavam bem do dia anterior, mas tinham de fazer um pequeno esforço... ela estava cansada de fazer o papel de menina mimada.

"Não." Ele limpa a garganta e os empregados começam a servir. "Esta tarde vou ter de sair." Diz ele quando já tinha o prato cheio. Lucifer parecia inquieto.

"Eu também posso ir?" Pergunta-lhe.

"Não é necessário vou apenas tratar de negócios rápidos." Diz ele.

"Então vais deixar-me sozinha?"

"Não vais ficar sozinha tens a Maze e os guardas."

"Isso é a mesma coisa de ficar sozinha." Diz aborrecida.

Ele ficou em silêncio e ela fez o mesmo. Um silêncio desconfortável.

"Chloe, eu..." Ele começa e ela olhou para ele, mas então ele pára de falar.

"O quê?"

"Nada, esquece."

Então Chloe volta a dar atenção ao seu chá. "Precisas da minha ajuda esta manhã?" Ela tenta ser prestável e matar o seu tédio.

"Se quiseres." Diz ele.

"Sim eu quero." Ela não podia afastar as suas segundas intenções, saber mais sobre a sala do piano. A Maze não sabe nada sobre isso.

Ela queria cair nas boas graças. Se tivesse algum sucesso tinha vantagem. O que queres? Ele dá-te literalmente tudo o que quiseres. Não sei... Mas pode ser útil para mais tarde. Ela pensa.

*

(quase na hora de almoço e ainda no escritório de Lucifer)

Acabou por ditar mais valores para o inventário de Lucifer. Quando terminou ficou apenas a olhar para ele e para a sala no geral. "Eu não consigo deixar de achar bizarro teres o meu retrato aqui este tempo todo."

"Porque dizes isso?"

"Tiveste o quadro por tanto tempo aqui, podes olhar sempre que olhas em frente... isso deixa-me preocupada e observada. Para não falar de todas as pessoas que já recebeste aqui. É estranho... tu nem me conhecias."

Ele sorri. "Retratos de figuras femininas são bastante comuns em paredes aleatórias, mas posso pedir para o colocarem noutro sítio. Se isso te faz sentir melhor."

"Não... Ele está bem aqui. Pelo menos sei que é apreciado convenientemente." Ela provoca.

"O retrato não faz jus à realidade de qualquer maneira." Ele estava a namoriscar com ela. Ele apenas está a dizer que estás mais bonita que a pintura... controla-te.

"Lucifer..." Nesse momento batem à porta e a empregada anuncia que o almoço está servido.

"O que ias dizer no escritório?" Ele pergunta quando estão a caminho da sala de refeições.

"Eu ia dizer que não pertenço aqui Lucifer, tu sabes disso."

"Eu sei." Ele parecia triste.

"Mas eu perdoo-te... Tu tiraste-me algumas preocupações que me atormentavam há algum tempo no castelo."

"Preocupações?"

"O casamento... eu tinha de lidar todos os dias com os preparativos e provas. Estava tão cansada de tudo, mas quando voltar tudo vai voltar outra vez e eu não sei se quero isso. Eu não pertenço aqui Lucifer, mas este sítio ainda me parece melhor do que voltar ao castelo e casar com um príncipe que nunca vi."

"Eu não quero que escolhas ficar porque tens medo de voltar Chloe."

"Eu não ficaria. Tenho um dever a cumprir pelo meu povo e isso é bem difícil às vezes. Eu vou aproveitar este tempo e organizar a minha mente e descansar dos meus deveres."

"Só tens de seguir o teu coração e não será um dever." Diz ele.

"Eu tenho muito tempo para pensar nisso."

"Só uma coisa. O capitão disse-me que não tiveram de entrar no castelo porque te encontraram sozinha na rua. O que estavas a fazer sem guarda?"

"Eu ia fugir temporariamente, sem destino com uma aia e uma bolsa com moedas de ouro." Ela suspira. "Quando me agarraram ela escapou com o dinheiro. Não sei se foi até à minha família ou seguiu o plano e fugiu com o dinheiro. Para meu bem espero que ela não tenha ido ao castelo porque senão posso estar em maus lençóis quando voltar."

"Então havia uma possibilidade de a tripulação não te encontrar naquele dia..." Ele diz.

"Parabéns, Sr. Morningstar, foi o seu dia de sorte." 

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