XII

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Ele parecia inconsolável, dava dó vê-lo assim. "Tens de ser forte... eu sei que consegues." Ele ainda ficou pior. "Meu Deus, Lucifer."

"Ela disse o mesmo." Diz ele referindo-se à mãe.

"Desculpa." Chloe abraça-o.

Este tinha sido o mais próximo que estive dele desde que chegou e tinha de dizer que se sentia bem dentro das circunstâncias. Ele chorou no seu ombro pelo menos uns 20 minutos enquanto ela o confortava nos seus braços. "Vai ficar tudo bem." Se ele continuasse por muito mais tempo ela própria iria chorar... ela não consegue controlar as suas emoções nessas situações. Já conseguia sentir as lágrimas a vir. "Por favor, Lucifer." Ela diz tentando-se afastar, mas ele abraça-a com mais força.

"Só mais um minuto." Ela não sabia ao certo se ele estava a aproveitar a situação a seu favor. Pouco depois ele afasta-se limpando as lágrimas nas costas da mão. "Desculpa por isto." Diz ele.

"Não tem problema." Ela limpou uma lágrima que ameaçava escorrer.

"Podes tocar sempre que quiseres, só não toques esta." Diz ele.

"Claro."

"Provavelmente devia ir, tenho de terminar uma contagem." Diz ele voltando a ficar de pé. "Faz o que te agradar, não te preocupes comigo." Diz ele antes de ir.

Isto era praticamente o mesmo de dizer para correr atrás dele e continuar a abraçá-lo até a dor passar. Ele carregou isto por anos até se vingar no pai pela incompetência de deixar os próprios filhos e a esposa num sítio sem segurança. Chloe não o podia desculpar as suas ações, mas também não o podia culpar por ter feito o que fez. Ele teve as suas razões e ela não tinha absolutamente nada a ver com isso.

Volta-se novamente para o piano e começa a tocar Gavotte de Arcangelo Corelli que era uma das melodias que sabia de côr. Enquanto tocava não conseguia deixar de pensar no Lucifer e quando terminou fui até ao escritório para ver se ele estava mesmo bem. Entrou sem bater como fazia sempre e sem fazer barulho. Ele estava debruçado sobre a mesa ainda a chorar. Era impossível vê-lo assim. "Lucifer?" Ela chama-o suavemente quando já estava ao lado dele. Ele assustou-se, mas relaxou imediatamente.

"Eu estraguei tudo, tirei-te a tua vida quando pedi para te trazerem." Diz ele. "Eu sei que não me vais perdoar, mas eu sinto muito por tudo o que fiz. Eu só tenho problemas e arrastei-te para eles."

"Tu estás errado."

"Estou?"

"Eu perdoo-te Lucifer. Eu ia fugir de qualquer maneira, só acabei num lugar diferente e tive sorte de te ter a ti para cuidares de mim. Nunca ninguém cuidou de mim como tu... o meu pai sempre me tratou como um fardo. Uma mulher no trono é impossível eu só lhe fiz um favor em sair mais cedo." Ela própria começo a chorar... está a ser um dia emocional.

"Isso é por seres mulher, não é?"

"Sim... eles queriam tanto um rapaz."

"De qualquer maneira estás pior aqui." Diz ele.

"Acredita, qualquer sítio é melhor que o castelo. Eu nunca me ajustei... achas mesmo que me mandaram cuidar dos feridos da guerra? Eu fugia do castelo maior parte das vezes para cuidar das pessoas."

Ele dá-lhe as mãos. "És a pessoa com o maior coração do mundo Chloe. Eu contei-te o que aconteceu com o meu pai e tu mesmo assim perdoaste-me."

"Como podia não perdoar? Estás tão magoado..." Ela limpo as lágrimas com uma mão enquanto o Lucifer continua a agarrar a outra.

"Não sei como tive tanta sorte em te conhecer. O destino colocou-te no meu caminho por alguma razão."

"Eu já não tenho medo de ti Lucifer, só fiquei abalada."

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