εννέα - 𝔒𝔥, 𝔴𝔢 𝔟𝔬𝔱𝔥 𝔠𝔞𝔯𝔢 𝔞𝔟𝔬𝔲𝔱 𝔦𝔱

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não procuro que as trevas da noite me tirem sua vista, pois eu tenho a você, que é minha luz.

Enquanto isso, Liam encontrou seu caminho para o pé da montanha. Ele olhou para os penhascos verticais lisos e percebeu que sua amorosa sogra tinha mais uma vez dado-lhe uma missão que nenhum mortal poderia fazer.

— Ó, majestosos deuses olímpicos, vêm em meu auxílio! Ajudam-me a conseguir completar mais essa difícil tarefa, em nome do profundo amor que nutro por Zayn! Tudo farei em meu alcance para conseguir seu perdão, sacrificarei o último vestígio de vida de meu corpo neste intento. Vêm ao meu socorro, deuses misericordiosos!

E assim, mesmo sabendo que não seria possível, o jovem segurou a jarra com os dentes, enquanto suas mãos e pés buscavam apoio nas rochas deslizantes. Tentava escalar a montanha de todas as formas, mas ainda que conseguisse subir alguns metros, o limo rapidamente a fazia escorregar de volta ao sopé. Arranhava-se, desequilibrava-se, machucava os lábios pela força com a qual mordia a asa da jarra.

Contudo, nada conseguia. Já não aguentava mais o terrível desespero de sempre parecer tão perto e tão longe do seu grande amor. Seus joelhos e cotovelos sangravam, assim como sua alma.

Procurou uma saída, um túnel, uma escadaria, qualquer outro meio de escalar, mas não havia nada, nem mesmo árvores próximas nas quais pudesse se apoiar. E mesmo machucado, mesmo ciente de que não conseguiria, Liam continuava insistindo, tentando escalar a montanha impossível, como se alguma graça lhe pudesse ser concedida que a fizesse talvez flutuar até o cume.

Foi então que uma imensa águia, que sobrevoava o local e gralhava ao redor da montanha, desceu até ele percebeu que era uma águia dourada, o animal sagrado de Zeus.

O animal proferiu para o príncipe:

— Eu admiro seu espírito, mas a menos que você tenha asas, jamais conseguirá essa água sozinho. Dê-me seu jarro.

A águia pegou o jarro e subiu até o topo da cachoeira e logo depois retornou.

Liam assistiu então a bela ave bater asas em direção às alturas, até sumir por detrás das nuvens.

Sentia em seu peito um alívio indescritível, além de uma renascida esperança. Quem sabe finalmente poderia reencontrar Zayn já que venceu aquele desafio?

Do Olimpo, de onde assistia tudo, a deusa da beleza distribuía injúrias aos ares:

— Desgraçado! desgraçado, que teima em me desafiar e humilhar!! Quem ousou trair-me, desta vez? – bravejava ela, enquanto andava furiosamente pelos corredores do Palácio de Cristal no topo do Olimpo.

Encontrou Zeus confortavelmente sentado em seu trono, acariciando preguiçosamente a longa barba branca, enquanto observava a bela deusa aproximar-se cheia de fúria. Era algo assombroso: Afrodite ficava ainda mais bela quando brava!

A deusa, então, postando-se diante dele, interrogou-o:

— Zeus! Não me escondas a verdade! Dizei-me se foste tu ao socorro daquele..daquele...

— Daquele...? — perguntou ele, de forma cômica.

— Daquele pérfido rapaz que insiste em me provocar? Que traiu a confiança de Zayn e machucou-o covardemente? Não quero crer que interferistes em favor daquele infiel!

— Ora, mas do que estás a falar, minha cara Afrodite? Não estive noutro lugar além deste confortável trono onde me vês sentado agora.

— Zeus não me provoques! Juro-te que sou capaz de coisas terríveis! — Avisou a deusa com ódio queimando em seu espírito.

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