Capítulo 8 - Doce

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Me sento na beirada da mesa e espero assim como Kael, olho de lado para ele e o vejo deslizando o dedo pela tela do celular.

- Você acha que ele vai reclamar? – eu pergunto e vejo acenando em afirmativa, cruzo os braços e pergunto de novo – Acha que ele vai gritar? – dessa vez ele acena negando ainda olhando para a tela do celular – Vou ser presa

- O que? – ele finalmente pergunta assustado e eu belisco o seu braço, ele bate em minha mão se afastando – Aí Sophie

- Bem feito, você nem ao menos estava prestando atenção

- Estava resolvendo algumas coisas

- Ah é? E resolver coisas agora está na galeria? – eu pergunto sarcástica e ele bloqueia a tela fazendo uma careta para mim

- Irritante

- Chato – eu falo e olho para a porta bem no momento que Samy entra com um sorriso tranquilo no rosto – Bom dia Samy

- Bom dia

- Então, a gente te chamou aqui porque temos algumas coisas para resolver – Kael fala e eu aceno confirmando – Você disse que todos os papeis em questão jurídica estavam certos, não foi?

- Sim

- Pois bem – ele fala e cruza os braços por sobre o peito – Nós precisamos ver todos eles.

- Como eu disse, todos os documentos estão sendo....

- Arquivados? – eu o interrompo e o vejo engolir em seco – Eu não acho que demore tanto

- Estamos com alguns problemas

- Do tipo que você não tem a licença e a inscrição nos órgãos de regulação estaduais e municipais? – eu pergunto e ele franze a testa – Ou problema do tipo alvará de localização e funcionamento sem assinatura?

Samy fica em silêncio por um minuto e logo depois ele pigarreia e desvia o olhar de nós dois

- Esses papeis estavam comigo, como você conseguiu essas informações?

- Acha mesmo que tentar desviar a conversa vai ajudar você nesse caso? – Kael pergunta e eu fico em silencio

- Não, mas eu estava resolvendo isso

- Sua função era resolver coisas assim Samy – Kael continua e eu pego os papeis atrás de mim – Seu cargo era esse, e você mentiu ou encobriu, melhor dizendo

- Desculpe Sr. Vince, mas o prédio é somente parte seu, parte de sua sociedade – ele diz e eu arqueio uma sobrancelha surpresa pelo desaforo

- Então você acha que o meu sócio vai aprovar sua falta de ética? – Kael diz em voz baixa e eu entrego os papeis para Samy que olha de mim para Kael.

- Não, eu não acho – ele acaba respondendo, olhando para os papeis ele pigarreia de novo e volta a falar – Eu vou resolver isso, eu prometo

- Eu espero que sim Samy – Kael diz se esticando – Considere esse seu primeiro aviso, que não tenha outro

- Claro – Samy responde e olha para mim – Esses papeis só podem ser resolvidos por um advogado, a empresa já tem um?

- Tem – eu falo e dou um sorriso – Eu mesma, e como pode ver eu já resolvi algumas coisas, o resto do trabalho cabe a você

Samy fica em silêncio e depois acena saindo da sala ainda olhando para os papeis em sua mão. Me viro para Kael e levanto a mão para um high five, ele ri e bate na minha.

- Bancou o durão, gostei – eu falo e ele faz uma careta para mim

- Eu não banquei, eu sou durão

- Até parece

- Eu sou sim – olho para ele e finjo concordar pegando o restante dos papeis e averiguando de novo

- Tenho que checar isso no sistema de lá e você tem que falar com o Hugo sobre o Samy

- Porque?

- Porque eu tenho certeza que nesse momento ele está mandando um e-mail explicando o fato de não ter feito seu trabalho

Kael bufa, mas pega o celular mandando uma mensagem para Hugo, enquanto isso eu me sento e digito uma busca rápida no computador sobre as novas diretrizes. Anoto o número e guardo tudo dentro da bolsa.

- Hugo respondeu?

- Sim, ele disse que já ia perguntar sobre isso

- Obviamente Samy não foi rápido o suficiente – eu falo e dou a volta na mesa – Eu vou até o cartório, você precisa de algo?

- Acho que não – ele diz e se senta onde um minuto antes eu estava

- Nem mesmo café?

- Isso eu aceito

- E donuts?

- Não – Kael diz e eu franzo a testa fazendo beicinho, ele olha para cima e revira os olhos – Pode parar

- Por favor

- Não Sophie – continuo com a expressão e ele resmunga antes de abanar a mão – Tá bom, pega os donuts

Começo a rir e ele me olha desconfiado, me aproximo de sua cadeira e beijo sua cabeça.

- Durão né? Até parece

- Puta que pariu Sophie – ele grunhi irritado e eu me afasto correndo – Nem pense em comprar donuts

- Meu doce e lindo Kael, eu vou comprar, pode deixar

Ele fica em silencio e eu aceno me despedindo e fechando a porta.

Durão, não é? Até parece

(Re) Escrevendo As EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora