Capítulo 11 - Perceber

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Kael (atualmente)

- Você viu alguma coisa? – Sophie sussurra do outro lado e eu balanço a cabeça negando, mas paro quando me lembro que estamos no meio do jardim onde não tem muita iluminação

- Não, a não ser uns grilos

- Nenhum coelho?

- Coelho? – eu pergunto olhando para ela e ela dá de ombros

- Poderia ser um coelho

- Ou uma cobra – eu falo distraído olhando para baixo e um segundo depois eu olho para Sophie quando não a vejo fazer nenhum movimento – O que foi?

- Cobra? – ela sussurra com a voz tremula e eu arregalo os olhos indo até ela

- Desculpe, brincadeira sem graça. Não tem cobra nenhuma, eu juro – eu falo e ela respira pesadamente exalando – Eu esqueci

- Tudo bem – ela diz suavemente, mas assim que me aproximo ela fecha o punho e bate em meu estomago com força

- Caceta Sophie – eu falo ofegante e ela estreita os olhos para mim

- Bem feito, não brinque com isso – ela diz e resmunga baixinho, mas ainda a escuto – Cobras, deus me livre se tiver cobras aqui

Suspiro e vou até o próximo arbusto, me abaixando tento ver por entre as folhagens, mas só o que eu vejo é mato e galhos.

Muito obrigada Vince, por esse lindo trabalho que nos deu

Me levanto e olho em volta procurando Sophie, mas não a encontro, então vou na outra direção e entro ainda mais no jardim, procurando algum barulho suspeito.

Galhos

Flores

Sementes

Reviro os olhos cansado e dou a volta em uma árvore dando de cara com uma Sophie assustada

- Puta merda, você me assustou Kael – ela diz colocando a mão no coração e eu arqueio uma sobrancelha

- Quem pensou que fosse? Só tem eu e você

- Tem certeza disso?

- De que só tem eu e você? Sim – eu falo e depois penso melhor – Quer dizer, pode ter um coelho ou sei lá, mas não tão grande assim

- Idiota, e se tiver um ladrão?

- E por onde ele entrou? – eu pergunto e ela olha ao redor procurando uma brecha

- Sei lá, os ladrões são muito inteligentes quando querem

- Pode até ser, mas não são homem aranha ainda – eu aponto para os muros altos e ela suspira aborrecida

- Você é muito idiota

- E você é medrosa

- Dane-se – Sophie diz e cruza os braços me encarando – E se por algum acaso fantasmas existirem?

- E o que diabos eles estariam fazendo aqui? – eu falo e imito sua postura – Jardinagem?

Sophie me mostra a língua e eu reviro os olhos rindo

- Fantasmas não existem – eu falo e ela estreita os olhos para mim

- Você não sabe disso, o fantasminha parecia bem real para mim – Sophie diz fingindo seriedade e eu sorrio me aproximando

- Fantasminha? Sério? – dou mais um passo a frente e ela mais um passo atrás batendo em uma árvore – Por isso Vince te chamou de criança

- Ele chamou a nos dois

- Eu só escutei o seu nome

- É claro que sim – ela diz revirando os olhos e eu fico a um centímetro dela – Você nunca presta atenção aos detalhes

Franzo a testa e coloco os dois braços do lado da cabeça dela apoiando na árvore. Inclino-me e ouço sua inspiração profunda

- Eu percebo sim

- Não Kael, você infelizmente não percebe – ela diz sussurrando e um toque de tristeza é percebido por mim em sua voz

- O que está querendo dizer? – eu pergunto confuso e ela se move um pouco parecendo estar desconfortável, o seu perfume é mais forte que qualquer outro cheiro aqui no jardim e eu me inclino ainda mais para frente tentando gravá-lo em mim – Sophie?

- É que... – ela começa a falar, mas para de repente e pula em cima de mim jogando os braços em volta do meu pescoço e gritando – Tira, tira, tira.

- Cacete Sophie, espera – eu tento falar por cima dos seus gritos enquanto estreito os olhos olhando para baixo tentando ver alguma coisa. Suspendo ela em meus braços e vejo um pequeno esquilo correndo em outra direção – Esquilo

- O que? – ela pergunta baixinho ainda agarrada em meu pescoço e eu aponto para o chão

- Era um esquilo

- Sério? – Sophie fala e tira os braços se afastando, quase peço para que ela não tire, mas isso seria ridículo – Caramba, acho que tive um mini infarto.

- E queria me levar junto?

- Eu não

- Pois parecia, quase me matou de susto com os seus gritinhos – eu falo e ela estreita os olhos em minha direção antes de acertar outro soco em mim – Porra!

- Para deixar de ser otário – Sophie diz e sai andando enquanto eu tento recuperar o fôlego

- Você acertou no mesmo lugar sua maluca

- Se reclamar eu volto e te acerto de novo – ela grita por cima do ombro e eu fico calado vendo-a entrar dentro da casa.

Acaricio minha barriga de novo e sorrio. Sophie era maluquinha

Mas eu tinha ensinado ela a bater muito bem.

(Re) Escrevendo As EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora