Capítulo 32 - Castelos Infláveis

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Kael (atualmente)


Eles estavam atrasados

E eu não estava me sentindo receptivo o suficiente para agradecer as pessoas por ter vindo.

Então eu estava fugindo. Obviamente

- Você viu a Sophie? – eu pergunto a Kathy que está passando com alguns presentes na mão pelo corredor

- Que eu saiba ela está lá em cima

- E os gêmeos?

- Estão com ela – ela responde e sai andando. Suspiro e subo as escadas de dois em dois até entrar no corredor e seguir em direção ao quarto dos meninos.

Escuto as vozes dos três dentro do quarto e abro aos poucos uma fresta, vendo-os se movimentando como quem faz isso a anos. Sophie controlando os dois para que fiquem parados, eles conversando sobre diversas coisas imagináveis e inimagináveis para ela, Sophie escutando atentamente e fazendo expressões de surpresa nas horas certas e eles ficando tão arrumados de forma que eu sozinho não conseguiria.

- E aí ele apertou o botão vermelho – Michael fala e Ethan completa animado

- E o botão vermelho era para destruir tudo

- Sério? – Sophie pergunta sentada na beirada da cama ajeitando o cabelo de um dos gêmeos – E o que aconteceu depois?

- Desabou, e ele correu e correu – Michael fala usando as mãos para se expressar

- E daí ele achou o mar – Ethan fala e Sophie para de arrumar o cabelo e parte para o tênis dos dois

- Ele se salvou então?

- Sim – os dois gritam em uníssono e eu dou risada fazendo com que eles se virem para mim – Oi papai

- Oi, o pessoal está esperando – eu falo e me aproximo deles me abaixando e ajudando a amarrar os sapatos – Lembrem-se do que eu disse, nada de subir correndo a casinha e...

- Ficar longe do lago – os dois completam e vejo Sophie contendo um sorriso, bato minha perna na dela e ela pigarreia fingindo estar séria

- E tenham cuidado com os doces

- Porque? – Ethan pergunta inclinando a cabeça e ela se inclina beijando-o na bochecha

- Só não comam muito – ela responde e beija a bochecha de Michael que se inclina e beija o nariz dela, ela ri e se levanta tirando os dois da cama e os colocando de pé – Agora vão lá, e..... – Ela para e olha para mim – Quem está lá embaixo?

- Vince está esperando-os

- Ok – ela diz e vai até a porta abrindo-a – Vão até o seu bisavô e tentem não quebrar nada

Eles saem correndo e seus passos são ouvidos até que cheguem no lado debaixo da casa. Olho divertido para Sophie e me aproximo

- Acho que Vince não se preocupa muito com o fato deles quebrarem algo – eu falo e ela se vira para mim – Até porque eles quebraram o telhado

Sophie revira os olhos e eu a abraço pela cintura, ela apoia a mão em meu peito e eu dou um selinho rápido nela

- Você não vai esquecer esse lance do telhado?

- Não mesmo

- Irritante – ela diz e suspira – E eu estava falando de quebrar algum osso deles

Dou risada e vejo a expressão dela, faço uma careta e me afasto um centímetro

- O que vocês planejaram que é tão perigoso assim?

- Não é perigoso – ela diz e devia o olhar – É divertido se brincar da forma correta

- Do tipo....

- Castelo inflável com bolinhas – ela fala e pisca os olhos, fico confuso

- Como assim? Aquele brinquedo não é perigoso

- Você fala isso porque não sabe o perigo que é quando uma criança diz ser o rei do momento – ela fala séria e eu começo a rir

- Me diz que você não está falando por experiência própria – eu falo e ela faz uma careta

- Mas eu estou falando por experiência própria

- Jesus – eu falo rindo e tento me recompor olhando para ela – Me conte

- De jeito nenhum

- Vamos, fale logo

- Foi bobagem – ela fala e eu arqueio a sobrancelha, ela resmunga e conta – Foi um dia no parquinho, eu queria entrar lá junto com algumas meninas, mas elas acabaram indo para a outra, aí uns meninos entraram quando eu estava lá

- E o que aconteceu?

- Um deles gritou que era o rei e os outros não acharam muito justo – ela conta séria – Aí tentaram tirar ele do poder, foi parecido com a guerra fria

- Eles discutiram?

- Sim, mas foi guerra fria só nesse momento – ela completa e eu franzo a testa – Depois virou a primeira guerra mundial, meu pai teve que me tirar de lá de dentro, um menino tinha achado uma boa ideia me jogar para o outro, mas meio que errou e me jogou na gradinha que tinha – ela fala tristemente e eu mordo a bochecha tentando não rir – A grade se enrolou em mim como se fosse uma cobra

- Meu deus, Sophie – eu falo e caio na gargalhada, vejo ela revirando os olhos e a observo depois de alguns minutos – Me assusta que você não tenha feito nada

Ela fica em silencio e eu faço uma careta me afastando dela

- O que você fez com os coitados?

- Como assim? – ela pergunta parecendo insultada – Eu fui pisoteada, jogada, empurrada e maltratada por eles

- Uau – eu falo e recebo um soco no braço, me esquivo e olho para ela – Me fala logo o que você fez

Sophie finge olhar para as unhas enquanto fala tão baixo que eu mal a escuto quando ela diz

- Talvez eu tenha falo para o cara que estava no controle do castelo inflável que tinha crianças colando chiclete – ela fala e eu balanço a cabeça – E talvez esse mesmo cara tenha proibido eles de brincarem pelo resto dos dias que o parquinho iria ficar

Sophie me encara e vê minha expressão divertida, me aproximo dela e beijo suavemente seus lábios antes de dizer baixinho

- Nunca vou te irritar, pode ter certeza disso

- Eu acho bom – ela diz me olhando com ameaça – Eu tenho alguns truques na manga, e adoraria usa-los

- Deus me ajude – eu sussurro e ela ri me abraçando. 

(Re) Escrevendo As EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora