Capítulo 1 - TIME TO GO

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"Arrume suas coisas, vá embora de alguma forma
A música do pássaro negro acabou agora."
(blackbird song)

Tradução: Hora de ir embora.

Dulce Maria

Três meses antes

O dia parecia como qualquer outro, eu acordei às cinco da manhã e fui direto para o banheiro escovei meus dentes, e voltei para o quarto para acordar Brad, meu namorado preguiçoso já que todos os dias promete que vai arrumar um emprego mas fica apenas dormindo e vivendo as minhas custas. É claro que ele apenas resmungou e mandou eu deixá-lo em paz, que ele iria apenas mais tarde. Grande novidade, não é claro?
Eu sei que é idiota da minha parte ficar com um cara que não se importa comigo, que me maltrata e apenas suga meu dinheiro, mas eu me acostumei com essa vida, estou a tanto tempo com ele que fico imaginando o que será dele sem mim. Fui para a cozinha, preparei o meu café e deixei tudo pronto, para assim tomar banho, poder comer e ir trabalhar. Eu sou enfermeira, e sei que o dia seria intenso,um plantão de doze horas após um final de semana nunca era fácil.
Uma hora depois, estacionei o meu carro, um simples Chevrolet de cinco anos atrás na frente do Hospital em que presto serviços. Fechei a porta do carro e joguei as chaves na bolsa e caminhei tranquilamente para a entrada. Foi nesses instante que  vi um carro em alta velocidade estacionar bruscamente na entrada, no local onde as ambulâncias que devem parar e dele saiu um homem gritando e implorando por ajuda a sua filha.

- AJUDA! AJUDA A MINHA FILHA. UM MONSTRO A ATACOU - ele gritava desesperado
- Droga! - eu corri na direção deles - Eu sou enfermeira e vou ajudar
- Obrigado moça, obrigado - ele pareceu aliviado

Eu voltei com mais dois enfermeiros e uma maca para colocar a garotinha que deveria ter apenas uns seis anos de idade. Enquanto corremos com ela para a emergência, o pai teve que ficar na recepção esperando. A garota tinha uma laceração enorme na região do pescoço, sua pele havia sido arrancada e o sangue jorrava. Mas o que eu não sabia era que isso poderia ficar pior. Na sala de cirurgia o doutor fez tudo o que podia, mas a hora da morte foi anunciada, a menina não teve chance nenhuma, havia sido atingida sua veia aorta. Quando um dos enfermeiros foi cobrir seu corpo, de repente aquela garota se levantou, mas eu nunca tinha visto algo assim. Ela simplesmente atacou o enfermeiro e mordeu seu rosto retirando sua pele. Eu fiquei com medo e sai correndo dali enquanto os outros tentavam ajudá-lo, mas eu não quis ficar para saber.
Que loucura foi essa? A garota morta acorda e ataca uma pessoa. E eu que achava que não podia pior, o pai da criança que havia ficado na emergência, estava no balcão em cima de uma das recepcionista e atacando seu pescoço. Eu vi os seguranças se aproximaram para ajudar, mas também estavam sendo atacados. O caos naquele hospital estava feito e tudo o que eu consegui fazer foi correr para um dos quartos e me trancar lá. E agora, como eu sairia desse lugar?

{...}

Eu vi os segundos, os minutos e até às horas passarem. Eu não tinha celular, nada para me comunicar com alguém e pedir ajuda. Eu consegui apenas colocar a cama do quarto na frente da porta e impedir que qualquer coisa entrasse ali. Eu fiquei sentada e encolhida em um canto do quarto, apenas ouvindo os gritos lá de fora, parecia um pesadelo do qual não consigo acordar. Eu escuto unhas arranhando a porta e o pânico aumenta. Cadê os seguranças desse lugar?
Eu decidi ligar a televisão do quarto, para ver se há alguma notícia se referindo ao hospital e o que eu vejo é pior. A notícia é sobre ataques de pessoas mortas que voltam a vida parecendo canibais. Os vídeos que passam na tela me deixando ainda mais em pânico, afinal se outros lugares estavam assim, ninguém viria até o hospital. Mas então o próximo barulho que eu escuto são tiros.
Eu corro para a janela, por sorte estou no primeiro andar, não é tão alto, posso conseguir sair daqui. Eu começo a planejar como vou fazer para descer, para não me machucar. Tenho a ideia de fazer uma corda com os lençóis que encontro ali, juntando-o com o meu jaleco, e amarro ela maçaneta da porta do banheiro do quarto.

- 1...2...3 - eu contei antes abrir a janela e jogar a corda de panos - vamos lá Dulce, você consegue - respirei fundo e coloquei a primeira perna para fora

Eu ouvi um barulho e era a maca saindo do lugar, o que quer que estivesse lá fora estava tentando entrar e eu tinha que sair. Coloquei a outra perna e segurei a corda, começando a escalar, e estava indo tudo bem, eu estava conseguindo, até que olhei para cima e o pano estava se rasgando. Droga! Isso não podia estar acontecendo. Tentei ir mais rápido mas não deu certo, o pano se soltou e eu apenas senti o impacto das minhas costas no chão. Dor! Isso doeu de verdade.
Eu demorei alguns segundos para conseguir me levantar e quando levei minha cabeça havia duas coisas vindo em minha direção. Sim, coisas, não sei que nome dar a essas pessoas meio mortas e meio vivas, que só sabe abrir a boca e grunhir. Eu não sabia para onde correr, não havia nada ali que eu pudesse usar para me defender, então apenas fechei os olhos e aceitei que esse seria meu final.

- Dul. Graças a Deus - eu abri os olhos ao reconhecer a voz
- Oh meu Deus Poncho - eu me joguei em seus braços
- Eu estava te procurando por esse hospital - ele disse me abraçando de volta - você está bem? Foi mordida? - ele disse me soltando e me olhando
- Não, não fui não. Me escondi a tempo - suspirei - o que está acontecendo meu irmão?
- Dulce nem nós sabemos. É hora de irmos embora daqui, dessa cidade - ele segura a minha mão - Anahi e Santiago estão no carro, vamos logo

Eu não questionei meu irmão, afinal dele ser o mais velho, ele é polícia federal, ele sabe o que faz. Olhei no chão antes de correr e vi as duas coisas que ia me atacar no chão, com os crânios rachados. Por sorte, Alfonso chegou a tempo de me ajudar, então corremos até o carro, onde minha cunhada e meu sobrinho me esperavam. Eu entrei no banco de trás e abracei Santi, enquanto vi Poncho chutar a barriga daquela coisa para conseguir entrar no carro e arrancarmos dali. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, eu olhava pela janela e via pessoas correndo, Poncho só dizia que tínhamos que sair da cidade e nem ao menos deixou que eu passasse no meu apartamento e muito menos ir por Brad, como ele disse, ele que se virasse, sua única prioridade era sua família e já estávamos todos ali no carro.

E vamos de primeiro capítulo 😍
Estava muito ansiosa para postar, confesso que não consegui fazer a revisão total, então se caso tiver erros desculpem.
Espero que gostem e queiram mais.
Desde já aviso que o encontro de Dul e Chris acontecerá no capítulo 4.
E então, terá algum comentário?

Believer - 𝑽𝒐𝒏𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora