Capítulo 40 - ALONE

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Mas eu sei que algum dia eu vou conseguir sair daqui
Mesmo que demore a noite toda ou cem anos
Preciso de um lugar para me esconder, mas não consigo encontrar nenhum por perto
Quero me sentir vivo, lá fora não consigo enfrentar meu medo
(Lovely)

Tradução : Sozinha

Dulce

Tudo aconteceu tão rápido, foram apenas alguns segundos para eu entrar em um pesadelo. Depois que Andrea colocou fogo no celeiro, ela conseguiu subir até onde eu tava, mas alguns mortos estavam subindo pelo mesmo caminho, eu estava sem arma, apenas com uma faca, então ela gritou para eu ir para o telhado e pular, para sair, que ela iria me dar cobertura. Eu não queria deixa-las sozinha, mas então ela gritou se novo. Eu me apressei para ir para o telhado e simplesmente pulei. Era muito fogo e fumaça, eu não sabia para que lado ir,olhei pra cima e ela não estava no telhado. Um morto veio para cima de mim, chutei aquilo que deveria ser sua barriga e comecei a correr. Eu não conseguia enxergar a casa, então continuei a correr, sem perceber que estava indo em direção a floresta. Meu corpo parecia dormente, eu mal conseguia respirar de tanto que eu corria. Eu não tinha rumo, eu só queria fugir dessas coisas. Eu não quero morrer, não quero virar morta viva. Olhei para trás e havia alguns mortos vindo. Um estava bem à minha frente, cravei minha faca em seu crânio e joguei seu corpo para o lado, para continuar a correr. Comecei a fazer zigue e zague pelas árvores, para tentar me livrar deles, mas são tantos que parece que não vão acabar. Olhei ao redor e percebi que estava tão perdida quanto ferrada. Seria capaz de encontrar os outros?
Corri até tropeçar em um tronco e rolar pelas folhas, um zumbi caiu por cima de mim e eu consegui cravar minha faca nele. Quando eu ia levantar, outro zumbi caiu por cima do corpo de qual eu já havia matado, e minha faca não queria sair de seu crânio. Eu acho que consigo sentir meu sangue andando pelas minhas veias, minhas têmporas pulsando, meu coração acelerado e o medo tomando conta de mim. Eu estava sem saída, ninguém sabia que eu estava ali, eu não tinha nenhuma chance. Então fechei os olhos e rezei, pedi a Deus que a dor não fosse tão grande e que passasse logo, eu não queria sofrer, mas então eu ouvi o barulho de uma lâmina cortando algo, quando abri os olhos os corpos dos zumbis estavam sendo tirados de cima de mim e uma mão foi estendida a minha frente. Eu levantei a cabeça para olhar e era uma mulher, cabelos escuros soltos, a pele negra e um grande facão na mão, que parecia até uma espada, mas não era. Eu segurei a mão dela que me ajudou a levantar.
Não temos tempo, faça o que eu mandar se quiser ficar viva - ela disse séria e eu apenas confirmei com a cabeça

Ela foi rápida, cortou a barriga de um dos zumbis e começou a passar o sangue dele nela. Isso era nojento mas se ela mandou, eu fiz, afinal quero ficar viva. Começamos a caminhar vagarosamente como se fossemos um morto vivo e acreditem, eles simplesmente não se aproximavam da gente a não ser para cheirar. Não sei quem é essa mulher que salvou a minha vida, a única coisa que eu sei é que devo muito a ela, e que se ficar ao lado dela para me manter viva até encontrar Christopher e os outros, é o que eu vou fazer.

...

Eu realmente achei que fosse conseguir encontrar os outros, mas as horas se tornaram dias, que viraram semanas e aqui estou eu, sozinha ou quer dizer não tanto. Roberta Warren, esse é o nome da mulher que me ajudou e que está ao meu lado até agora. Eu contei para ela sobre a fazenda, o bando e como me perdi dos outros e ela sabia muito bem o que era isso, porque havia acontecido o mesmo com ela e foi assim que juntamos nossas dores e nos tornamos parceiras para sobrevivermos. Ela é um pouco fechada, não gosta muito de falar sobre sua história, mas em compensação é uma ótima matadora de zumbis e vem me ensinando bastante. Há alguns dias, venho me sentindo muito mal, dores de cabeça, náuseas e me sinto cada vez mais fraca, Roberta tenta ao máximo cuidar de mim, nos arrumar comida e lugares para dormir, principalmente agora que o inverno chegou.
Todos os dias eu penso em Christopher, se ele está bem, se está vivo, se encontrou as filhas ou até mesmo se também pensa em mim. Consigo imaginar Alfonso gritando com todos por não ter me encontrado, eu sei da proteção do meu irmão mas sei também que Anahi está cuidando dele. A cada dia é mais difícil estar longe, por cada dia minha esperança diminui. Não são apenas as forças que me faltam, mas também a vontade de continuar lutando, afinal o que eu tenho agora?
Encontramos um galpão, Roberta me deixou deitada, toda enrolada em um cobertor que encontrou enquanto ia procurar algo para comer e água também. Perdi as contas de quantos dias não bebo um gole de água, sinto que a qualquer momento não aguentarei mais. Foi então que senti uma forte dor no pé da barriga e uma ânsia me consumindo. Me levantei o mais rápido que consegui, reunindo todas as minhas forças, e me segurando na parede, caminhei até o banheiro, me ajoelhei na privada e comecei a vomitar. Sabe o que é pior? Eu não tinha nada no estômago para colocar para fora. Fechei a tampa da privada, me abracei nela e fechei os olhos, não tinha forças para levantar. Quando Roberta apareceu, ela ficou em pânico ao ver meu estado. Ela me pegou pela cintura e me carregou de volta a onde estava o coberto e delicadamente me sentou ali.
- O que houve? O que está sentindo?
- Estou fraca, com ânsias e uma dor no pé da barriga - suspirei - acho melhor você ir embora sem mim. Eu sou um peso morto
- Não diga mais isso - ela segurou meu rosto séria - eu não te salvei aquele dia para te abandonar agora. Estamos juntas nessa - eu dei um sorriso fraco - Dulce eu...estou desconfiando de algo - suspirou pesadamente
- Do que está falando? - fechei e abri os olhos vagarosamente
- Você pode estar... grávida?

Eu não esperava por isso, porque nunca me passaria pela cabeça, afinal quem engravida no meio de um apocalipse zumbi? Pois é, parece que eu poderia ser a primeira, já que ao pensar bem, eu e Christopher chegamos a transar sem camisinha, afinal quem pensa em uma gravidez nos tempos de hoje? Mas ela não deixou de existir só porque o mundo não é o mesmo. Toquei minha barriga, tentando assimilar a ideia. Não, definitivamente não podia estar acontecendo. Eu não tenho forças nem para sobreviver, quanto mais gerar uma criança. Roberta entendeu minha divagação, sentou ao meu lado e me puxou para um abraço, dizendo que achariam os um jeito, que iria ficar tudo bem, que se tínhamos aguentado até agora, aguentariamos mais.

E aqui vemos nossa Dulce perdida dos outros, mas com uma nova amizade. Iai será que é mesmo um baby Vondy?

Believer - 𝑽𝒐𝒏𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora