Capítulo 44 - DAUGHTER

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Eu nunca fui tão eu, tão imune à dor
Eu andei descalço pelo meu mundo arruinado
Coisas aconteceram comigo que nunca são esquecidas,
Eu me tornei um amigo da solidão
Esqueci tudo, até o verbo "amar"
E agora eu posso dizer
Que o vento sopra em mim
(Imune Al dolor)

Tradução: Filha

Alexandra Uckermann

Eu ainda me lembro do pior dia da minha vida, aquele em que meu pai colocou eu e minha irmãzinha dentro de um ônibus e nunca mais o vi, nem sei se ele e minha mãe estão vivos. Ele prometeu que ia nos encontrar, mas nada saiu do jeito que ele falou. O abrigo não era seguro, os mortos vivos conseguiram entrar, foi um caos, eu vi muitas pessoas morrendo, sendo devoradas e outras se transformando e tudo o que eu pensei era que precisava manter eu e Lily vivas. Nos conseguimos fugir de lá dentro de um carro que eu consegui fazer funcionar, mas dias depois não tínhamos mais gasolina e nem nada para comer e beber. Nossos dias foram de procurar um lugar para ficar e algo para nos manter vivas.
Todas as noites quando ela dormia em meu colo, eu aproveitava para chorar, eu sentia medo de não conseguirmos, mas não podia demonstrar isso na frente de Lily, para ela eu tinha que ser forte, protegê-lo e prometia que encontraríamos nossos pais. Mas com o tempo acho que nem mesmo ela acreditava nisso. Tivemos que aprender a nos virar com o que tínhamos e eu aprendi a matar essas coisas nojentas.
A algumas semanas atrás, um homem e seu grupo nos encontrou na floresta e nos levou para uma espécie de cidade criada por ele e todos o conhecem como: O governador. A princípio parecia um lugar seguro e que ficaríamos bem, mas descobri que esse cara é um manipulador, e não é tão bom como aparenta. O pior é que ele ficou obcecado por minha irmã e acha que ela é a sua filha morta. Ele nos separou e não me deixou mais chegar perto dela, por fim eu consegui fugir daquele lugar, mas não consegui tirar Lily. Agora aquelas pessoas estão atrás de mim e preciso dar um jeito de me livrar delas.
Eu cheguei até o centro da cidade, porque conseguiria me esconder, ao chegar perto de uma farmácia, avistei um homem e uma mulher saindo de um carro. Fiquei escondida atrás de uma van abandonada, pensei em me aproximar e ver se eles tinha algo de comer ou se podia me ajudar mas lembrando das pessoas que já conheci durante todo esse tempo e maioria era más, achei melhor ficar parada ali. Ouvi eles conversando sobre o lugar onde estavam e como poderia recomeçar lá. Eu anotei mentalmente tudo o que disseram para eu poder tentar encontrar o lugar mas foi então que eu vi os campangas do Governador se aproximando deles. Eles não tiveram chances, foram pegos de surpresa, e desacordados foram colocados dentro do carro e certeza que os levariam para o lugar de onde eu vim.
Talvez o lugar que falaram fosse realmente seguro e lá estivesse pessoas esperando por eles, me senti no dever de ir lá avisar, já que só foram pegos porque estavam me procurando. Não sei quantas horas andei, mas por fim achei a tal prisão que falaram, haviam vários mortos ali então o jeito foi me camuflar entre eles e só havia um jeito, cheirar como eles. Eu descobri essa estratégia quando fugi do governador e acabei matando um desses e deixei o corpo sobre mim para que os capangas não me vissem, mas não foi só eles que passaram por mim direto, os mortos vivos também.
Cheirando como eles, andando e zumbindo como eles, parei perto da grade e tentei fazer sinais para as duas mulheres que estavam sobre a torre vigiando, e pelo jeito deu certo porque elas saíram correndo para dentro. Minutos depois eu vi um homem vindo correndo e senti como se meu coração fosse sair pela boca quando o reconheci, era meu pai, ele está vivo. Por um segundo me movimentei estranho e bati em um dos zumbis que veio para cima de mim. Tive que ser rápida, peguei meu canivete e acertei em sua testa, mas logo veio outro e outro. Eu comecei a andar para trás, tentando me desvencilhar, mas eram muitos. Foi então que ouvi tiros e os mortos foram sendo liquidados. Eu vi o portão abrir e meu pai fazer sinal que eu entrasse. Eu corri e me joguei em seu braços. Foi a primeira vez em tanto tempo que me senti feliz e segura.
- Graças a Deus você está viva - ele me abraçava forte - não sabe como desejei esse momento - eu pude ouvir ele chorar
- Eu achei que nunca mais nos veríamos - eu também estava chorando
- Nunca mais vou permitir que fique longe de mim - ele se afastou para segurar meu rosto e me olhar nos olhos - você nunca mais ficará sozinha por aí - e então seu olhar ficou triste - e Lily? O...que aconteceu com ela? - ele engoliu em seco
- Calma, ela está viva - ele respirou aliviado - eu vou contar tudo

Ele passou o braço por meu ombro e então me levou para dentro, ele me apresentou a todos, me deu água e comida e por fim quando estava mais calma, contei toda a história, desde o dia em que entramos no ônibus até ter fugido da tal cidade. Ele imediatamente ficou furioso, já queria ir até lá para buscar minha irmã, mas então contei também sobre o homem e a mulher que foram levados e ele me contou que deveria ser Maggie e Glenn. Por fim eu fiz a pergunta que no fundo eu já sabia a resposta.
- Onde está a mamãe?
- Lexa, sua mãe… - ele engoliu em seco e abaixou o olhar - ela morreu naquele mesmo dia que vocês entraram no ônibus

Por mais que eu já esperasse por isso, doeu. Foi a dor mais forte que senti até agora. As lágrimas queimavam o meu rosto e meu coração parecia que ia despedaçar, por bem lá no fundo eu ainda tinha esperança. Meu pai veio até minha e me abraçou. A única coisa que eu sabia agora é que não estou mais sozinha e que sei que com a ajuda dele poderemos resgatar Lily.

Capítulo especial de reencontro de Chris com a filha mais velha.
Iai acham que falta muito para o encontro Vondy?

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