XXIII - Epílogo

360 51 100
                                    

Faz um ano que o projeto começou, e assim como iniciou, termina: como presente pra um bolinho lindo de ser humano que adoro e que merece o mundo: Ellie Blue, que me lembra estrelas e céu azul, com gatos pretos rodeando e xícaras de café e que tem uma voz linda e o sotaque mais gostoso de ouvir.

Essa obra foi pra ti do início ao fim e eu te agradeço por ser incrível o suficiente pra me inspirar a escrever algo assim. Feliz aniversário, anjo 💙

[Aviso rápido: alerta de boiolice e muito açúcar, cuidado com diabetes de alma]

***

Shoto suspirou, se preparando para enfrentar a imprensa, entidade sempre presente na atualização dos rankings — que havia acabado de acontecer e criava grande alvoroço devido aos novos resultados. Aquela era uma parte do trabalho que eliminaria facilmente se pudesse: a interação com a mídia.

Infelizmente, sabia que era uma mais uma fatia do bolo enorme de sacrifícios que precisava engolir caso quisesse manter o respeito e simpatia dos cidadãos. Afinal, heróis não fugiam de nada, certo?

— Senhor Todoroki... — começou uma mulher, quase enfiando o microfone em sua cara quando ele deu o primeiro passo para fora do palco.

— Midoriya. — corrigiu prontamente, segurando-se para não revirar os olhos. Já fazia um ano desde que enfim se livrara do peso do sobrenome da família e esperava que, a essa altura, a mídia estivesse habituada.

— Oh, sim, perdão. É difícil nos acostumar, sabe? — a mulher de cabelos negros ondulados e olhos cinzentos sorriu sem graça, coçando a nuca, embora sua encabulação parecesse bem falsa.

"Ah, claro, porque essa mudança aconteceu anteontem!" — pensou com seus botões, ainda que mantivesse uma expressão estóica. Se absteve de responder, pois sabia que soaria rude. Mas, sinceramente, lidar com aquele desrespeito era um saco! Quer dizer, mesmo com uma população sobre-humana, tiveram que esperar anos até que finalmente houvesse legalização do casamento LGBT no Japão, e, ainda assim, tinha que aturar aquelas pessoas agindo de forma retrógrada. Às vezes, ser herói era incrivelmente desgastante.

— Por falar nesse sobrenome, Senhor Midoriya — gritou a voz de um jovem que se esticava na multidão, tentando ser notado. — Correm boatos de que você apenas o adquiriu pensando em se aproveitar do sucesso do marido. O que tem a dizer?

Vários murmúrios assombrados e curiosos. Aquele era praticamente um ritual entre imprensa e heróis: cutucar até onde a vara alcançasse, esperando o mínimo deslize para condenar e diminuir o trabalho daqueles que se esforçavam todos os dias para salvar vidas. No entanto, Shoto estava bem resolvido o suficiente para sorrir de forma polida enquanto dizia, com voz serena, porém alta e clara para que pudesse se fazer ser ouvido:

— Boatos infundados sobre nossa relação estão sempre correndo. Felizmente, meu marido sabe de todas as minhas intenções, motivo esse pelo qual estamos casados. Agora, se vocês não estão interessados no assunto que cabe ao momento, talvez eu deva me retirar. — acrescentou, deixando claro que não haveria mais brechas para especulações acerca de sua relação conjugal com Izuku.

— Tem razão, desculpe a indelicadeza desses aprendizes — intrometeu-se outra mulher da imprensa, com um ar de arrogância. — Vamos falar sobre o que nos trouxe aqui hoje: o Ranking. Nunca antes na história da sociedade sobre-humana houve espaço para três heróis no mesmo lugar; três heróis no topo. Como se sente em relação a isso, em relação ao fato de estar empatado com Deku e Ground Zero?

Poeta anônimoOnde histórias criam vida. Descubra agora