Capítulo revisado pela minha nova e querida beta Júlia.
Boa leitura, espero que gostem!
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— Todoroki-kun tá estranho, você não acha, Deku? — indagou Uraraka, observando o bicolor sumir entre os corredores da U.A.
De fato, Izuku havia percebido o quanto o colega de classe mostrava-se mais cabisbaixo que o de costume. Temia ter uma parcela de culpa naquilo, já que uns dias atrás, discutira com Todoroki por este último ter uma arrogância demasiada irritante, a qual o fez tratar mal um jovem rapaz perdido entre as classes.
Izuku se recriminava por ter abdicado de sua tão famosa postura diplomática, brigando ao invés de dialogar amigavelmente. Lembrava-se com pesar de dizer que Shoto odiava o pai, mas se tornava uma cópia perfeita dele a cada atitude arrogante que dedicava aos outros. Aquela fala havia dado fim à discussão, pois o bicolor pareceu tão impactado que desistiu de bolar argumentos e virou as costas, abandonando o corredor que levava às classes de forma rápida e silenciosa.
— Não é culpa sua — comentou Uraraka, interrompendo os resmungos que Izuku não percebia estar soltando. — Você só disse verdades, não tem porque ficar se culpando. Vai ver ele tá só refletindo, e isso é bom. — concluiu a jovem, dando de ombros enquanto começava o caminho para a saída, arrastando consigo o amigo resmungão.
— Será que é bom mesmo? E se, no final, eu fui pior que ele e o pai dele juntos? Tenho certeza que Shoto não é uma má pessoa, eu não devia ter dito aquilo. — ele comentou, passando a mão pela testa e pelos cabelos num sinal claro de preocupação.
— Não fala besteira! — ralhou a amiga, dando um tapa leve em seu braço direito que estava entrelaçado ao dela. — Você não foi pior que ninguém, só esquece isso; seja lá qual for o problema do Todoroki, não tem a ver com você e não é da nossa conta.
O tom de voz utilizado pela jovem deixava claro que não havia brecha para discussão. Os dois saíram da U.A e seguiram seus respectivos caminhos para casa após uma breve despedida.
Mesmo com os argumentos de Uraraka martelando em sua mente, Izuku não era capaz de abandonar o sentimento de culpa que o assolava, acompanhado da certeza de que ele tinha que fazer algo, qualquer coisa, para ver o mínimo brilho no olhar ou sorriso que fosse vindo do amigo.
***
"Você não tem moral pra odiar seu pai se pretende se tornar igual. Cada atitude arrogante que toma te deixa um passo mais próximo de ser igual a ele."
A frase se repetia sem pausa em sua mente, o fazendo cair em profunda reflexão sempre que se deixava ser levado pela voz de Midoriya ecoando. Era a primeira vez em muito tempo que Shoto se permitia dar atenção a alguma opinião alheia, ainda que fosse contra sua vontade. Por si, deixaria passar em branco e esqueceria tudo.
Porém, algo o impedia de agir ao seu modo do "botão foda-se on". Talvez fosse o fato de ter levado uma dura de alguém tão bondoso e pacífico, ou talvez fosse aquela admiração secreta que nutria por Midoriya, ou ainda porque ele tinha merecido a dura. Shoto não possuía intenção alguma de ser grosseiro com o garoto perdido, mas quando ele fez um contato físico tão repentino, agarrando seu pulso exatamente como seu pai fazia quando berrava consigo... Foi inevitável, e quando se deu conta, sua voz já estava gritando com o garoto, exigindo que ele caísse fora e o deixasse em paz, espalhando gelo pelo corredor e lançando o jovem longe com suas rajadas gélidas e potentes de poder.
Shoto sabia que tinha agido muito errado se descontrolando daquele modo. Mas o mais curioso era o fato de que o que realmente o incomodava era a lembrança das palavras de Midoriya. Ele não se arrependia exatamente do seu ato — ora, as pessoas não deviam sair tocando as outras de forma tão descuidada! —, mas lamentava ter decepcionado o outro, e a única coisa que sabia com certeza em meio àquela confusão mental era que nunca mais queria ouvir o colega falando consigo daquele modo, nunca mais queria precisar daquilo.
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Poeta anônimo
FanficShoto nem sabia que gostava de poemas, até começar a receber vários post-its que alegram seu dia. Em meio aos problemas familiares e vida de herói, são esses pequenos papéis coloridos que lhe trazem conforto sempre que está sozinho. Mas, ao longo d...