Capítulo sete

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20 de setembro de 2017:

Leesa estava errada em uma coisa antes que ela fosse tirada de mim, antes que seu sorriso se transformasse em lágrimas de desespero.

Antes que tudo que construímos nessa convivência de dez anos virasse pó, apenas por ela ter me olhado com aqueles olhos, aqueles olhos que me faziam desejar ela como mulher e não como prima, ou irmã.

Que fazia que meus sonhos fossem regados de gargalhadas e abraços espontâneos, e não choro e gritos.

Ela me chamou de mentiroso e todos podem me chamar de muitas coisas, mas nunca menti para ela. Não, menti sim.

Menti sobre os meus sentimentos e menti sobre a Astoria ainda estar viva, ela havia falecido alguns anos e para não fazer a Leesa perder aquele brilho, fiz que ninguém a contasse.

Leesa era meu bote salva-vidas quando o navio estava afundando e pensei que iria me afogar nesse sentimento para todo o sempre, porém, ele só cresceu a cada dia que passava.

Tentei tirar ela dos meus pensamentos, mas minhas ações impensadas não me deixavam, comecei a beijar sua testa, querendo beijar os seus lábios, que sinto que eram tão macios quanto cereja.

Queria acariciar seu rosto e sentir aquelas bochechas se esfregando nos meus dedos, queria apertar seu corpo e sentir que ela estava ao meu lado.

Ela é minha prima, mas sinto que não é nada disso e não ligo, não ligo de ela ser minha prima.

Entretanto, Leesa é madrinha do meu filho, uma Malfoy e a dona dos meus pensamentos desde 2008. Fui infiel, mas contive todas as necessidades de beijá-la, enquanto Astoria ainda estava viva.

Tentei tirá-la dos meus pensamentos e sonhos, tentei, mas falhei.

Astoria morreu sabendo que meus sentimentos por si viraram novamente de amigos, mas que cuidaria do nosso filho e de suas memórias.

Ela não me odiou, mas sinto o peso de suas palavras até hoje e de seus dedos gelados tocando o meu rosto, enquanto eu pedia desculpas por tudo que ela estava passando.

Mas ela apenas riu e me pediu para ser feliz.

Aquelas três palavras foram as últimas e aquelas palavras fizeram me culpar por toda a minha vida. Ser feliz? E eu dei felicidade a ela?

Suspirei, bagunçando meus cabelos e tentei inutilmente parar de pensar no passado, para pensar em algum plano para tirar a mon petit de lá.

Mas meus pensamentos foram tirados pela invasão do meu pai ao meu escritório, ele estava sério como sempre e sua bengala fazia um barulho irritante no piso.

Odiava aquela bengala, ela já me machucou algumas vezes quando ele me afastava com ela. Lembro daquelas malditas presas cravando no meu ombro.

Lucius Malfoy poderia já estar velho, mas até mesmo a luz da lareira o fazia ser imponente e amedrontador, como era na minha infância.

_ Você a deixou? - Como se isso fosse possível. _ Então por que está aqui e não a tirando daquele lugar? - Não se sentou.

Mas continuou me observando a pegar o copo de whisky na mesa, como se sentisse enojado por ver algo tão simples na mansão.

_ Eles ameaçaram Scorpius, pai. - Sua pose se desmanchou e se sentou. _ Como posso perder minha primeira razão de viver? Como posso escolher entre minhas duas vidas? - Apertei o copo.

_ Ela só tinha você, Draco. E você a abandonou... - Tentei rir. _ Mas se fosse eu, a tiraria de lá e iria embora da Inglaterra.

Coloquei o copo na mesa novamente e as palavras do meu pai não eram absurdas, mas para a Leesa seria.

Mon Petit Monde ~Draco Malfoy~Onde histórias criam vida. Descubra agora