Extra dois

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2019: A verdadeira realidade da Leesa.

_ Então? O que isso significa? - Engoli em seco enquanto observava o papai.

Não éramos tão próximos quanto um pai e filha deveriam ser. Preferia meu avô, mas ele estava viajando e não queria acabar com sua viagem.

Porém, ter meu pai presente aqui era como se não pudesse ver nenhuma semelhança estética.

Ele era alto, bonito, loiro e tinha olhos bicolores. Nada a ver comigo, mas infelizmente (ou felizmente) sou sua filha.

Bom, podemos dizer que a personalidade é igual, o que diz muita coisa sobre nossa família.

_ Pai. - Tentei formular uma frase, mas estava nervosa demais para isso.

_ Sim, continue. - Incitou. _ Me fale o porquê de ter sumido por anos e ter aparecido com duas crianças e um marido. - Cruzou as pernas e os braços.

Estávamos na mansão Rosier, onde ele morava com sua esposa, Vinda Rosier, uma pessoa que nunca me maltratou nem faltou com respeito.

Porém, era estranho estar aqui, aonde raramente vinha.

A sala era decorada com móveis antigos de mogno, cortinas brancas que contrastavam com o piso de mármore polido.

Lustres de cristal pendiam no teto, refletindo pontos de luz pelos cantos sombrios da vasta sala.

_ Pai, este é meu marido, Draco Malfoy. - Era melhor apresentar. _ Ele me tirou dessa realidade e me mostrou outra, o que me fez ter uma vida feliz e até o momento duradoura.

Semicerrou os olhos, observando as crianças que o olhavam com certa expectativa.

A luz da tarde entrava pelas janelas altas, iluminando seu rosto sério enquanto avaliava Draco com uma mistura de curiosidade e desconfiança.

_ E esses são meus filhos, Scorpius e Rhea Malfoy. - Estranhou o segundo nome.

_ Pensei que os Malfoy também seguissem a tradição de nomes de estrelas. - Comentou.

_ Seguimos, mas Rhea é a segunda maior Lua de Saturno, e queríamos inovar. - Dragon confidenciou. _ É um prazer conhecê-lo, senhor. - Foi cortês, nem parecia que estava quase quebrando minha mão. _ Leesa falou muito sobre você. - Papai fez um estalo com a língua.

_ Aposto que falou coisas ruins ao meu respeito, ela me odeia. - Franziu os lábios. _ Talvez exista uma Leesa que ame verdadeiramente seu pai. - Secou as lágrimas imaginárias.

_ Cacatua. - O chamei. _ Agora você tem netos, então pare de infantilidade e mime eles. - Fez beicinho, mas não se levantou de seu sofá, que acabou de se tornar um trono.

O estofamento de veludo verde-escuro contrastava com a pele pálida e as vestes escuras de meu pai, criando uma imagem de autoridade e rigidez.

Pode parecer estranho ele ainda estar vivo, ainda mais que estávamos em 2019 e ele estava conservado, como se a própria magia negra o impedisse de ter rugas ou linhas de expressão.

Mas era exatamente isso que aconteceu, a magia negra o impediu de envelhecer, e claro, não era apenas ele que isso aconteceu, até mesmo o Lorde e sua esposa, ou Vinda Rosier e aqueles que eram fanáticos pela magia das Trevas.

Bom, se estivesse aqui, também não iria envelhecer, mas morreria por alguma fatalidade, diferente do Lorde e sua esposa que não morrem por nada, típico, não?

_ Le... Leesa! - Pisquei algumas vezes, retomando o assunto. _ Você sempre faz isso. - Suspirei.

_ Não tenho culpa que você me dá sono. - Revirou os olhos. _ Fale. - A sala branca e as janelas francesas combinavam com a aura dourada que exalava.

_ Você se lembra quando falei que só aceitaria seu casamento se fosse com um Lorde ou alguém acima dele? - Acariciei a mão de Dragon enquanto concordava. _ Então, por que você apareceu com um Malfoy? Ainda mais seu primo? - Estalei a língua, odiando esse assunto.

Porém, antes que pudesse falar alguma coisa, meu pequeno falou:

_ Vô. - Isso o fez franzir o cenho. _ Não sei por que você obrigaria a mamãe a se casar com alguém que ela não gosta, mas se for assim, meu pai é mil vezes melhor que um Lorde ou um príncipe. - Concordei.

_ Esse...

_ Meu filho pode ter exagerado um pouco. - Tive que olhá-lo, pensando que nunca ouviria ele falar assim. _ Mas não me arrependo de ter resgatado Leesa desse inferno de realidade e ter me casado com ela. - Sorri por isso. _ Sempre amei e ainda amo muito sua filha e não vim aqui para pedir permissão para algo que já tenho com ela, apenas vim para apresentar meus filhos, que são seus netos.

Meu pai o observou, mas logo seu olhar caiu em mim, fazendo minha boca abrir e fechar, mas nenhum som saiu.

Sabia o que estava me perguntando com esse olhar frio que queimava a pele como se fosse gelo.

Mas não queria falar sobre isso, sobre meu resgate e quase morte naquela floresta que em algumas noites me atormentava.

_ Você precisa contar sobre tudo o que aconteceu nesses anos. - Mordi meus lábios. _ Você continua sendo minha filha e sucessora do meu antigo império, você continua sendo minha princesinha. - Meus olhos ardiam e concordei.

_ O trio estava atrás de mim... - Continuei contando sobre esses anos de terror.

Sua voz não soou pela sala, apenas a minha reverberava por todo o ambiente, até meus bebês prestavam atenção em minhas lamúrias.

Mas quem estava me dando forças para expressar e contar meus traumas que tentei abafar com outros, era o loiro que apertava meus dedos a cada palavra tremida que saía de minha boca.

Ele já sabia de tudo isso, eu contei sobre toda minha vida nessa realidade e todos os meus sonhos que não foram concretizados.

Mas ele sempre prestava atenção e comentava como podia quando esse assunto retornava em uma noite qualquer.

_ Eles estão mortos.

Não consegui compreender muito bem, talvez fosse pelas batidas do meu coração em meus ouvidos, o fazendo se tornarem surdos.

_ O trio está morto. - O que ele queria que eu falasse? _ A própria Lady os matou. - Isso me chocou. _ Ela também sentiu sua falta.

_ Também senti a dela. - Éramos boas amigas, bom, considerava isso. _ Mas sua frase está errada. - Ficou confuso. _ Ou você sentiu minha falta?

_ Mesmo você pensando que não, eu a amo muito, princesinha. - Merda, não queria chorar. _ Você é tudo para mim e mesmo que seu marido não seja de sua altura. - Revirei os olhos. _ Sei que o amor de vocês é algo bonito.

_ Então o papai passou no teste? - Quase ri, isso era um teste drive por acaso?

_ Por enquanto, sim. - Suspirei aliviada, o vendo se levantar e vir até nós. _ Gostaria de passar um tempo com meus netos, me permite? - Arrumou o terno sem visgos.

_ Sim. - Dissemos, o vendo pegar a pequena Rhee no colo e começar uma conversa com nossa constelação, enquanto saíam para algum lugar dessa mansão.

Meu corpo relaxou no corpo do loiro, que respirou aliviado por tudo acabar bem.

Mais uma etapa foi finalizada...

Total de palavras: 1.120.

Mon Petit Monde ~Draco Malfoy~Onde histórias criam vida. Descubra agora