Extra quatro

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2021: setembro.

_ Então você conheceu aquele homem? - Se não estivéssemos sentados no sofá da cabine, ele com certeza me derrubaria no chão.

Porém, pensei que não teria uma emoção tão excessiva, mas vejo que estava errado, já que Albus estava tão empolgado que era até difícil de entender o porquê disso.

Já tinha contado para ele alguns anos atrás que visitei meu avô, o que o levou a fazer várias perguntas sobre aquela realidade, mas agora parecia que o mundo estava acabando e tudo que ele queria saber era sobre o Lorde.

_ Sim, conheci. - Tentei acalmá-lo. _ Ele é apenas um homem normal, com nariz, cabelos e olhos vermelhos. - O que me impressionou bastante. _ Tem até esposa.

_ Merlim, por que não me chamou? - Não sabia que você queria estar na mesma presença que aquele homem. _ Gostaria de falar umas verdades para ele. - Ah, certo.

Sentou-se e se acalmou, vendo a paisagem que não mudava já tinha algumas horas.

O silêncio reinou no ambiente, e não conseguia falar ou comentar sobre algo, apenas fiquei prestando atenção no garoto ao meu lado.

Já brinquei muitas vezes que gostava dele, fazendo que os meus pais apoiassem esse romance inexistente, mas agora que estou mais velho e sei que sinto atração apenas por garotos, era estranho, de certa forma.

Afinal, a Weasley foi apenas uma fantasia para fazer ciúmes nesse garoto, que nem sabia na época que já gostava dele.

Mas agora que sei o que gosto e quero, era mais difícil ter diálogos mais coerentes.

Claro que poderia continuar a nossa conversa, explicando o motivo do Lorde aparecer na mansão Avery, apenas para ver seus olhos verdes prestando atenção em mim.

Porém, isso já se prolongou demais, somos amigos desde o primeiro ano, ele já dormiu na minha casa e já me contou suas fantasias sexuais, então, o que estou esperando?

Sei que ele dirá não, e provavelmente vai se distanciar de mim, mas se não for verdadeiro comigo e com ele, a nossa amizade não ficará mais fria que o iceberg?

_ O que ele foi fazer na sua casa? - Pisquei algumas vezes. _ Sei que sua mãe é de outra realidade, mas como ele foi parar lá ou por quê?

_ Ele foi contar sobre a nova Deusa do Tempo. - Cocei a cabeça. _ A mamãe tem sangue amaldiçoado pelo tempo, então ele foi apenas avisar que a minha irmã e ela poderiam sofrer algumas reações. - Franziu o cenho.

_ Elas não irão morrer, não é? - Neguei, ele às vezes era pessimista. _ Mas elas ficarão doentes?

_ Isso não sei, meus pais estão pesquisando mais sobre isso, mas até o momento nada vai acontecer. - Sorriu, fazendo que os últimos resquícios do sol o fizessem brilhar.

Merda, estou tão apaixonado assim? Por que ele tinha que ser tão bonito e tão... Não sei a palavra certa para descrevê-lo.

Respirei fundo e acendi a luz da cabine, tentando pensar mais uma vez nas palavras que deveria falar.

_ Albus. - Resmungou. _ Tenho algo para contar. - Será que falo isso em pé? Não, e se minhas pernas tremerem?

_ O que foi? Conseguiu alguma coisa que nos faça entrar na Câmara Secreta? - Neguei.

_ Preciso confessar uma coisa, eu...

_ Está apaixonado pela Rose? - O quê? _ Sim, todos já sabem. - Cruzou as pernas e continuou observando a paisagem. _ Precisa de ajuda para alguma coisa? - Não se virou.

Bom, poderia dizer que sim, que estou apaixonado por ela, mas sei que isso causaria uma grande confusão e não gostaria de criar essa ilusão na garota.

Mesmo que isso me salvasse do "não" que escutaria, isso não impediria que tudo se tornasse estranho entre mim e ele.

_ Não. - Olhou-me. _ Não estou apaixonado pela Rose. - Parecia surpreso, ao mesmo tempo, aliviado.

_ Pensei que perderia meu amigo para o amor. - Zombou.

_ Mas estou apaixonado por alguém.

Crispou os lábios que sempre me chamaram atenção, apenas que não percebi na época.

_ Essa pessoa sempre me motivou a continuar nessa escola, ou como burlar todas as regras existentes. - Juntou as sobrancelhas. _ Sempre esteve ao meu lado e foi um amigo para todos os mome...

_ Até parece que está se declarando para mim. - Tentou rir, mas seu riso saiu nervoso. _ Sabe que não gosto de enrolação. - Afrouxou a gravata, me fazendo ter uma ideia precipitada.

Respirei fundo e prendi a respiração, puxando aquela gravata verde, colando nossas testas no processo e o deixando sem fôlego.

Tudo aconteceu tão rápido que a minha respiração escapou pelos meus lábios, o fazendo tremer no processo.

Meu olhar se encontrou com o seu, tentando dizer algo que não compreendia exatamente.

_ Sim, Albus, estou me declarando para você. - Deixei sua gravata e me levantei, não querendo ver sua reação. _ Meus pais sabiam disso muito antes de mim. - Minhas mãos tremiam e suavam. _ Sei que você não gosta de mim desse modo, mas...

_ Como pode ter tanta certeza disso? - O escuto se levantar e vir até mim, me virando para si. _ Em? Como pode ter tanta certeza de que não gosto de você desse jeito?

_ Você gosta? - Concordou. _ Sabe o que estou dizendo a você? - Acenou. _ Amo você, Albus!

_ Também amo você. - Discordei, isso só podia ser um sonho.

_ Quero beijar você e quero ter um relacionamento com você. - Ficou quieto, mas suas bochechas ficaram coradas. _ É isso que você quer?

_ Por que você não confirma isso me beijando? - Tombou cabeça, deixando os seus cabelos caírem para o lado.

Merlim, agora sabia o que papai dizia sobre a mamãe.

Esse garoto acabaria com toda minha racionalidade e me afundaria em um precipício que apenas ele teria o direito de me tirar, e sabe? Acho que me jogaria sem pensar duas vezes.

Total de palavras: 940.

Mon Petit Monde ~Draco Malfoy~Onde histórias criam vida. Descubra agora