Capítulo onze

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Respirei fundo quando o frio da noite soprou em meu rosto, me fazendo pensar que fui um pouco egocêntrica e uma vadia em minhas palavras.

Mas Astoria já morreu e eu já morri, pessoas falecidas precisavam descansar e ser recordadas apenas para serem usadas em uma discussão, era o pior jeito de manipular alguém.

Esperava que Astoria me desculpasse e desculpasse o Dragon, mas isso podemos saber quando a encontrarmos no véu da morte.

Observei a rua com carros e o cheiro de fumaça impregnando o ar, quase me fazia voltar para o salão de baile.

Olhei para o Draco, que me observava ainda surpreso e sem palavras para descrever tudo que falei.

_ Por quê? - Perguntou, enquanto começamos a caminhar pela rua com poucos transeuntes.

_ Sei que pode ser repentino e pode parecer que o vi como o meu salvador da pátria. - Discordou. _ Mas, desde o momento que ficamos a sós na sala de jantar, comecei a entender que a Leesa. - Fechei meus olhos e repensei. _ Eu. - Sorriu. _ Estava cega por não ter percebido você ao meu lado.

_ Continuo sem entender. - Parei e fiquei a sua frente, desfazendo as nossas mãos.

_ Não estou dizendo que o amo, só estou dizendo que podemos tentar. - Alisei seu terno, tentando me acalmar. _ Apenas quero que saiba que você pode me cortejar, não vou mais inventar desculpas.

Alisou meu rosto e pensei que meus lábios sentiriam os seus, mas o beijo terno em minha testa me disse muito mais do que um simples selar.

As palavras que ele guardou por anos finalmente apareceram, mesmo não sendo em um momento apropriado, ele sabia que estava sendo sincera.

_ Desculpa pelas coisas que você teve que ouvir hoje, queria que fosse algo divertido. - Encostou sua testa na minha.

_ Dessa vez aceitarei suas desculpas. - Enlacei meus braços no seu pescoço, fazendo que nossos rostos ficassem próximos de mais.

Nossa respiração quase se unia, formando-se um ato perfeito para que tudo se concretizasse, nossos medos, anseios e desejos.

Mas preferia os desejos, estava desejando que essa ventania no meu coração não fosse momentânea ou coisa de minha cabeça, queria que continuasse, até que se formasse um vendaval.

Deveria dar o primeiro passo, já que ele, desde o começo, deu pequenos e quase inúteis passos, mas foram eles que me fizeram chegar aqui.

O beijei, fazendo que o frio que esmagava minhas emoções fosse embora e um calor gostosinho surgisse, fazendo que o riso escapasse dos meus lábios.

Estava surpreso, mas riu comigo, fazendo que o primeiro beijo não fosse romântico ou eloquente.

_ Desculpa. - Pedi. _ Mas foi mais forte que eu. - Discordou.

_ Foi perfeito para a ocasião. - Deu-me um selinho. _ Ainda está com fome? - Pensei e discordei. _ Então vamos voltar? Podemos tomar uma taça de vinho antes de dormir.

_ Claro. - Olhei em volta. _ Mas podemos caminhar um pouco? - Não houve palavras e sim, ações.

Entrelaçou nossas mãos novamente e voltamos a caminhar pela rua quase deserta.

Ergui nossas mãos, as balançando em uma pequena atmosfera risonha entre nós.

Não éramos dois adultos que deveríamos ser, era como se estivéssemos realmente em nosso pequeno mundo, um que ninguém poderia nos menosprezar.

Ou dizer o que fazer, nossa conversa poderia ter parado, mas sabíamos que estávamos tentando colocar tudo em ordem, mesmo já estando.

_ Acha que Scorpius vai gostar da notícia? - Perguntei, sentindo o vestido se arrastar pelo chão.

Mon Petit Monde ~Draco Malfoy~Onde histórias criam vida. Descubra agora