Eu ainda estava no apartamento da dona Ale, depois da nossa breve conversa ela pediu pra eu esperar por ela na sala e imagino que tenha ido pra algum dos quartos. Me mantive sentada e calada esperando, até que a vi conduzindo sua cadeira de rodas novamenta pra sala, estava sorridente então, seja lá o que estava procurando ela com certeza achou.
" Desculpa a demora, eu não estava encontrando " Comenta " esse é um dos motivos pelo qual eu amo quando você vem aqui " Ale diz conduzindo sua cadeira rodas pra próximo de mim, ela para ao meu lado, em seu colo tinha uma pasta " olha, trouxe pra você, sei que já viu mais de mil vezes mas, eu não sei por que sempre gosto de mostrar " diz sorrindo
" E eu sempre gosto de vê " afirmo
" Toma, abra " Ela pega a pasta, e me estende " são as fotos de Christopher criança, ele era tão lindo que eu sempre tenho que sair mostrando " comenta
" Eu sei " digo sorrindo, e pego a pasta " oh meu deus, esse bebê peladinho é ele ? " pergunto tentando conter a surpresa, afinal, eu já devo ter visto essas fotos
Dona Ale ri " sim querida, não vê o nariz ? esse nariz dele é muito perfeitinho pra ser outra pessoa "
" Sim, é mesmo " digo rindo " não tem fotos da sua filha ? " pergunto
Ela abaixa o olhar, e logo me arrependo de ter perguntado " não nos albuns, ai tem somente fotos do Christopher bebê mas, se não me engano ele mantem guardada alguma foto dela pelo apartamento ... " assinto me mantendo calada " minha filha era linda Dulce, loirinha como Christopher era quando bebê, ela tinha os meus olhos, uma criança feliz, muito feliz, ela não chorava quase nunca, só quando tinha motivos, era tão pequena e tão esperta "
" Sente muito a falta dele não é ? " pergunto com cautela
Vejo os olhos de dona Ale marejarem " todos os dias, e com certeza sentirei pelos próximos que ainda me resta, minha filha não merecia o destino que teve, nenhuma criança merece morrer como ela morreu, ela deveria crescer, estudar, conseguir um emprego, conhecer um namoradinho, ter uma familia, ser mãe, e infelizmente tudo isso foi arrancado dela " ela abaixa a cabeça " todos os dias sinto a dor de não poder ter visto ela crescer como pude vê Christopher, todos os dias imagino a mulher linda que ela seria "
" Sim dona Ale, seria uma mulher linda não tenho duvidas disso " Dona Ale dá um sorriso fraco " tente pensar que ela esta em um bom lugar, quem sabe isso não a conforta ? "
" Quando ela morreu eu perdi um pedaço meu, eu chorei, eu implorei a Deus que não permitisse que aquilo fosse verdade, mas, quando os anos passaram e eu vi Christopher ser dia após dia maltrado comigo pelo Victor, eu me consolei pensando que a morte foi o melhor pra minha filha " ela suspira " eu nunca iria suportar que ela tivesse vivido o que Christopher viveu "
Engulo a seco " alguma vez a senhora pensou em ... " me calo
Dona ale arqueia a sobrancelha " me matar ? matar meu filho ? todos os dias Dul, todos os dias " afirma " eu admito que tenho vergonha de dizer isso mas, sim, todos os dias eu pensei em nos livrar daquele sofrimento, eu nunca teria como matar Victor, ele era mais forte, e se eu tentase e falhasse poderia ser pior, pensei em inumeros meios de matar a mim e ao meu filho pra que nós estivessemos enfim livres da tirania do meu marido mas, nunca fui até o fim " nega com a cabeça " quando eu arrumava um jeito e decidia terminar com isso via os olhos tristes de Christopher e não conseguia, eu só pensava na vida que a minha filha não teve, eu não podia negar isso ao Christopher também, não era certo, meu filho merecia viver, e no fim quando Victor foi preso Christopher conseguiu se livrar de todo o trauma que sofreu, ele se redescobriu, voltou a ser o Christopher sorridente que era quando criança, o meu unico lamento é que minha filha não teve isso, ela não teve uma chance pra viver " conclui

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𝖣𝖾 𝗋𝖾𝗉𝖾𝗇𝗍𝖾 𝖺𝖼𝗈𝗇𝗍𝖾𝖼𝖾𝗎
RomansaImagine ser uma adolescente de 17 anos com uma vida perfeita. Ser popular, bonita, namorada do capitão do time de futebol, e amiga das meninas mais lindas da escola. Agora imagine dormir sendo essa adolescente, e acordar tendo 30 anos, e então, desc...