Tenho medo de tudo que eu sou
Minha mente parece uma terra estrangeira
O silêncio ressoa dentro da minha cabeça
Por favor, me leve, me leve, me leve para casa
— Arcade, Duncan Laurence
●●●
Mingi guardou novamente o celular, cansado. Eram aproximadamente duas da tarde, mais um quente e comum dia de trabalho onde ajudava o pai com a confecção das marmitas, olhava Minsoo com suas atividades escolares no espaço pequeno entre a cozinha e a sala de Somin e saía com Jongho para as entregas. Durante todo o dia, sentia o aparelho vibrar incansável em seu bolso por conta das mensagens insistentes. Na primeira vez que sentiu, vislumbrou o número desconhecido no visor e não precisou de abrir a conversa para saber de quem se tratava: Jeong Yunho. Já se arrependia daquela decisão.
Não soube explicar o porquê de, enquanto esperava pelo tal amigo do Jeong para vir buscá-lo, ter salvado seu próprio número no celular dele. Fazer isso significava dar abertura para que este tivesse acesso à sua vida, que o contatasse sempre que quisesse, e sabia que ele iria querer. Havia cometido uma tolice. Mas, por algum motivo, tinha despertado certa empatia pelo garoto. Empatia suficiente para querer ter a certeza de que ele ficaria bem, de que estava vivo e seguro, de que chegaria em sua casa. Ter a certeza de que aquelas palavras dolorosas não passavam de delírios por conta de boas doses de álcool. E Mingi sabia que Yunho entraria em contato para lhe dar essa resposta. Positiva ou não.
Entretanto, não imaginava que seria bombardeado por notificações a cada meio minuto, por mais que soubesse o quanto o garoto era animado e exagerado. Suspirou. Ele mesmo estava tornando as coisas mais difíceis.
— Hyung! — A voz doce de Minsoo despertou-o completamente de seus pensamentos. Foi como acordar de um sonho. E só então Mingi percebeu que agia totalmente no automático, servindo as colheres de arroz e peixe na porção que já sabia serem as corretas. Parou um instante, para dar atenção à pequenina.
— Hyung, terminei de colorir todos os deveres da titia! Olha! — Ela tinha seu caderno de atividades em mãos e mostrava seu progresso com afobação. Mingi a acalmou para que pudesse ver com mais clareza. Havia um que precisava ligar os pontos, outro que pedia para colorir com as cores indicadas, e um terceiro em estilo livre. Nesse, Minsoo havia desenhado a si mesma em um vestido amarelo, seu pai com um boné azul, Mingi com um chapéu de capitão e, entre as nuvens, uma mulher sorrindo. Yiren. Sua mãe.
Mingi quis abraçá-la com força. Mas não podia. Não agora.
— Uau, Soonye! Ficaram lindos! Com certeza sua professora irá gostar — Minsoo abriu um lindo sorriso. O mesmo sorriso que Yiren sempre dava para ele. Seu peito se apertou. — O que... O que quer fazer agora? Ainda estou terminando esses pedidos então não podemos brincar ainda.
A criança pensou um instante.
— O hyung... Pode me emprestar o celular?
Mingi assentiu e buscou por ele no seu bolso. Ainda havia mensagens de Yunho no ecrã, mas as ignorou outra vez. Veria outra hora.
— Aqui, — e entregou o aparelho para a menina — pode brincar e assistir os desenhos que quiser. Mas não mexa em mais nada, certo, Soonye?
— Sim, hyung! — ela segurou o objeto com cuidado entre seus dedinhos pequeninos.
— Opa! Não está se esquecendo de nada? — Mingi perguntou.
Minsoo estacou no mesmo lugar, se martelando por ter esquecido a parte mais importante. Virou-se rapidamente envolvendo Mingi em um abraço apertado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre as linhas de suas canções 🧸 Jeong Yunho + Song Mingi [PAUSADA]
Fanfic[PAUSADA] Song Mingi é um jovem que toca clássicos do pop em seu violino todas as noites em um bar, em busca de uns trocados. Era uma ocupação vazia, mas, naquela noite em específico, se surpreendeu ao ver um garoto aparentemente bêbado se levantar...