|08| fim do filme

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Entre todas as memórias que acumulei
Eu escolho e junto as que são sobre você
Enquanto vejo elas projetadas pelo quarto
Eu sinto você em cada pontada de dor
— Film Out, BTS


 
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Mingi se cobriu do frio com o casaco pesado e segurou forte a alça da mochila, como também a maleta que levava Dory. Eram meia noite e quarenta e quatro; vira no ecrã do celular assim que um de seus pés tocou a sarjeta. As ruas escuras tomavam conta de seus passos e o ar gélido da noite resfriava sua respiração tensa. Havia um longo caminho até sua residência.

Os minutos seguintes foram seguidos de passos acabrunhados; evitou olhar, sentir, passou por cada esquina sendo invisível aos olhos espreitos. Era assustador. Mesmo que atualmente não fosse mais uma criança medrosa, nunca saberia ao certo o que cada beco escondia, o que cada bloco de cimento gasto havia presenciado, o que a noite acobertava por entre a escuridão. Cada poste de luz amarelada causava calafrios, cada travessia durava uma eternidade mesmo que suas pernas fossem velozes, cada lata revirada lhe dava ânsia tanto como o cheiro de cigarro que parecia nunca se esvair; era uma marca daquele lugar. Marca como aquelas feitas nos muros, um vermelho vivo e louco que poderia ser do spray de vândalos ou do sangue de um inimigo de gangue. Ah, Mingi conhecia eles, se mantinha longe. Precisava se manter longe.

Avistou a casa de Somin. E logo então, a sua. As luzes estavam apagadas, e como sempre, entraria sem fazer barulho. Olhou para trás uma última vez, se assegurando de que não era seguido. Não viu qualquer vulto – isso não significava segurança. Entretanto, tirou a chave do bolso e deslizou seus pés até se considerar verdadeiramente protegido. Deixou a mochila ao canto da pequena sala com o sofá, conferiu as obrigações da próxima manhã pregadas no velho armário e se dirigiu ao quarto de seu pai. Mingi abriu uma fresta na porta, o suficiente para o assegurar de que o outro homem descansava bem, felizmente Eunwoo dormia profundamente e não notou a chegada do filho. Foi então que Mingi, ainda em silêncio e segurando Dory, andou até o quarto que dividia com sua irmã. Esperava também a encontrar serena em seu sono, contudo, não foi essa a cena que lhe ocorreu. Ao contrário, as frestas iluminadas das janelas denunciavam os joelhos dobrados junto ao corpo que tremia e demonstrava medo e isso assustou o Song mais velho, que prontamente se pôs ao lado dela.

— Soonye? O que... — E então Mingi reparou nos olhinhos molhados e inchados, na maneira como ela segurava o Senhor Timóteo, em como parecia tão pequena se escondendo por entre os cobertores.

— Hyung... Eu...

— Venha aqui — Mingi sentou-se na cama e Minsoo se aproximou de seu irmão, deixando ser tomada em um abraço por ele. — Teve um sonho ruim? — Ela confirmou, balançando a cabeça em um muxoxo triste enquanto se encolhia. — Me conte, o que aconteceu?

Minsoo fungou e coçou os olhos, apertando tanto seu irmão quanto Senhor Timóteo para que eles não fossem embora como em seus temidos pesadelos. A garotinha tremia de medo somente em tentar verbalizar as cenas que se seguiram por seu subconsciente. Era assustador.

— E-eu sonhei com a ma-mãe, ela estava me dando a mão e o hyung e o papai estavam esperando, — Mingi a afagou com cuidado e delicadeza para que se sentisse segura a continuar — mas então e-ela sumiu e levou o hyung e o papai embora e m-me deixou sozinha...

Aquele mesmo sonho.

— Ah, Soonye... Eu estou aqui, certo? Papai também está aqui e a mamãe também, ainda que como uma estrelinha, ela cuida de você — Mingi sentiu o nó se formando em sua garganta — nós não vamos embora e te deixar.

— P-promete? — os olhos salpicados de pequenas gotinhas salgadas buscaram pelos orbes de seu irmão grandão, na esperança de tê-los a protegendo. Nem sempre a senhorita Estrela Cadente se sentia forte para salvar o universo e ter o Capitão Minnie ao seu lado renovava suas energias para combater os pesadelos vilões.

Entre as linhas de suas canções 🧸 Jeong Yunho + Song Mingi [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora