19

177 22 0
                                    

Eu preciso de informações, preciso saber sobre Lorcan ou algo que envolva os crimes do meu pai.
Hoje fico cozinhando, o máximo de cuidado para não errar um ingrediente e nem queimar a comida.
O almoço foi servido. Tento me concentrar nos nomes citados, preciso do máximo de informações possíveis.
Eris é o filho mais velho. Tem grande potencial para ser Grão-Senhor. Ele parece saber mais do que devia sobre muita coisa por aqui.
A Senhora da Outonal está estranha, fraca e com uma aparência horrível. Ela é muito bonita mas há algo de errado com ela.

Luto por Lucien ter abandonado esta corte? - Pensei. - Acho que deve ser isso.

Sirvo o almoço e então saio do local.

Tem caroço nesse angu. Se meus olhos não me traíram, vi alguns hematomas no braço da mãe de Lucien.

Será que o marido bate nela? - Pensei.

Tento escutar o máximo que posso sobre o assunto que estão falando.
No entanto em vez de me concentrar no assunto acabo deslizando para a mente da Senhora.
Há tristeza, luto, perda... Mas há uma lembrança, uma que pode significar o fato de Beron bater na esposa.

Lucien não é filho dele. Mas sim de outro Grão-Senhor.

Helion.

Saio da mente dela o mais rápido possível. Espero que ela não tenha notado minha presença alí.
Eles se encontraram em meio a uma guerra, Helion ajudou ela e então... Provavelmente Beron descobriu a traição.
Mas acho que não desconfia sobre a paternidade devido ela compartilhar a mesma cama com ele. Porém, ainda sim seria uma boa explicação para a forma como trata Lucien.
Já a Senhora, trata Lucien de uma forma diferente, por ser seu filho favorito. Não pela bondade, mas por ser filho do macho do qual desejava e não do qual fora vendida.
Isso é demais. Me pergunto se mais alguém aqui sabe disso e se o próprio Helion sabe que tem um filho.
Mas isso não muda nada. Ainda preciso descobrir sobre o acordo de Lorcan e Beron.
Depois do almoço vou até o escritório do Grão-Senhor. Estou carregando uma bandeja quando entro no local.

- Licença. - Peço.

- Ele já deve estar vindo, pai. - Eris falou. - Deve chegar amanhã eu suponho.

Coloquei a bandeira encima da mesa de canto e lhe servi o chá com biscoitos.

Eu poderia colocar veneno neste chá. - Penso.

Afasto o pensamento na hora e peço a Mãe para que ninguém mais aqui possa ler mentes.

- Mais alguma coisa, senhor? - Me dirijo a Beron.

Ele faz sinal para que eu saia e assim eu faço.
Fecho a porta de madeira e começo a escutar a conversa de ambos.

- Tarquin está com a bruxa em suas terras, uma parte do acordo é óbvio. - Resmungou o Grão-Senhor. - Mas assim que a menina for capturada ela não irá pertencer a ele como ele planeja. Talvez tenha esquecido de que eu sou o Grão-Senhor, e não ele.

A bruxa da qual estão falando deve ser minha mãe. É a única viva de sua espécie.

- Devemos tomar o máximo de cuidado para aplicar esse golpe se não, tudo vai por água a baixo. - Anunciou seu filho.

- Eu sei o que estou fazendo. - Ele disse friamente. - Não perguntei o que irá acontecer caso dermos um passo maior que as pernas, Eris.

- Desculpe. - Foi tudo o que ele falou.

- No tempo que ele passará aqui, eu e Tarquin iremos nos encontrar com ele. - Beron bebericou o chá. - Prefiro que não vá.

Me retirei do local. Isso é tudo o que eu preciso. Deve ser alguém de muito importante para estarem ocultando seu nome. Não querem que os empregados saibam.


𝑪𝒐𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝑪𝒉𝒂𝒎𝒂𝒔 𝒆 𝑷𝒆𝒔𝒂𝒅𝒆𝒍𝒐𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora