༺I - SEBASTIAN༻

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ஜீ፝͜͜͡͡Três meses havia se passado.

Estava deitado na cama ao lado de Dorian o observando dormir como costumava fazer quase todas as noites depois que finalmente me rendi ao seu amor. Havíamos passado momentos bastante difíceis anteriormente quando Victoria, minha ex-noiva e bruxa psicótica, tentou matar a mãe dele, transformando Sofia, a irmã de Dorian, em uma vampira sedenta de sangue, deixando a mãe amordaçada em uma cadeira, disposta a fazer a filha matar a própria mãe, enquanto teríamos que ver tudo bem de perto sem conseguir fazer nada.

Agora estava tudo bem. A mãe de Dorian estava segura no Brasil, lugar que escolhera ficar devido uma grande admiração que tinha pelo lugar ensolarado e repleto de diversidade cultural, que é o que lhe chamava para mais perto. Também pelo que tinha visto em muitos lugares que era um país bastante acolhedor para com os estrangeiros.

Sofia estava sob os cuidados de Blair que agora trocava a noite pelo dia ensinando as artes do domínio próprio para a mais nova vampira daquela casa. Por escolha própria ela decidiu passar às noites em claro ensinando Sofia, pois de certa, ainda era cedo demais para fazer o feitiço para compor o artefato mágico que a permitiria andar tranquilamente durante o dia, apenas uma precaução para não ter nenhum ferido.

Podia ouvi-las agora com a minha audição vampírica elas no jardim em seu treinamento. Blair lhe dava instruções claras de como resistir ao sangue, mas por enquanto não pareciam fazer muito progresso. Sofia era uma aluna esforçada, mas eu mais do que ninguém sabia o quanto o sangue poderia controlar nossa mente à ponto de fazer com que passássemos por cima de qualquer princípio, apenas para tê-lo em nossa boca.

Durante o dia, Sofia ficava na companhia de Dorian e eu, tendo conversas produtivas e às vezes improdutivas também. Ela era uma garota bastante divertida. No primeiro dia que passamos juntos, contei sobre a semana em que conheci Dorian e como aos poucos o amor foi nascendo em mim e aflorando, até que pude finalmente ouvir a voz vinda do meu coração. Ela se encantou com a história e sempre ressaltava o quanto era romântico o amor que perdurava outras eras.

Não poderia estar mais feliz com a vida que estava levando ali. Mesmo que Victoria insistisse em querer bagunçá-la sempre que possível, mas suas tentativas para me ver infeliz não me atingiriam. Eu tinha tudo que eu queria bem ali ao meu lado naquela cama. Depois de fazermos amor naquela noite, como nas anteriores, Dorian acabava adormecendo em meus braços ao som do meu coração que agora palpitava pelo amor que sentia desesperadamente por ele.

Em outro momento, sequer poderia imaginar que aquilo aconteceria, mas depois de finalmente abrir meus olhos, agora não poderia mais viver sem ele e não importava em quantos corpos mais tivesse de recebê-lo, eu amaria para sempre do que jeito que fosse, sem barreiras para limitar e sem medidas, pois seu tamanho estava cada dia mais em expansão, como o universo que conhecia.

De certa forma, Dorian se acostumara ao frio de minha pele, pois conseguia facilmente repousar em mim. Seu corpo quente contra o meu fazia me sentir confortável e não querer sair dali nunca mais. Eu sabia o quanto a eternidade poderia ser infinita, mas desde que ele estivesse ao meu lado, todo o tempo do mundo ainda seria pouco para usufruir de todo o amor que eu tinha dentro de mim.

Eu ficava hipnotizado por horas o vendo com aquela expressão angelical sem nenhuma preocupação aparente, que o trazia à tona a inocência dentro dele. Seus lábios corados eram como a mais doce fruta que eu já havia provado. Passei meus dedos suavemente pelos seus cabelos, tirando-os de sua testa para ver melhor o seu rosto por inteiro, quando uma imagem invadiu minha mente e logo tudo o que eu via em minha frente simplesmente sumiu e agora estava sendo transportado para outro lugar.

***

Agora via uma floresta escura em uma noite de lua cheia. Me via correndo pela floresta desesperado sem ao saber ao certo do que eu estava fugindo, mas meu olhar sempre acabava voltando para minha retaguarda com os olhos repletos de pavor. Meus passos eram rápidos, mas o que quer que fosse que vinha atrás de mim também parecia ser, pois sua sombra crescia no chão, entre as tantas folhas secas, indicando sua aproximação.

Enxergava à minha frente quilômetros de terrenos repletos de árvores, cuja a única iluminação a seguir era da lua, que parecia um pouco mais próxima da terra naquela noite, exibindo toda a sua protuberância e majestade.

Não parava de correr um só segundo, até que próximo à mim, uma flecha irrompeu pelo ar quase me acertando, acabando cravada em uma árvore um pouco mais à frente. Se eu eu não tivesse me abaixado naquele momento, teria sido acertado facilmente pela mira do arqueiro cujo o rosto sequer podia ver.

Outra flecha veio em minha direção, porém essa atingiu minha panturrilha, o que fez com que eu urrasse de dor, caindo no chão com impacto. Virei-me na direção da presença que se aproximava com uma capa que cobria todo o seu rosto. Carregava nas mãos um arco-e-flecha vazio. Pelo porte, parecia ser um homem. Não sabia quem poderia ser, mas aquilo estava me assustando.

Ele continuou a se aproximar, enquanto eu tirava a flecha da minha perna, pronto para correr novamente para longe, quando o capuz que cobria boa parte da face do homem foi retirada pela sua mão desocupada, revelando seu rosto por completo, o que me fez vacilar por um momento não acreditando no que meus olhos estavam vendo.

Dorian parecia aparte daquela situação, como se nem ao menos se importasse em ter fincado uma flecha em minha perna. Não sabia o que estava acontecendo ali, mas meu coração se apertava. Tentei chamar por ele com lágrimas nos olhos, mas ele não parou de andar em minha direção com uma expressão rija, tirando de trás do seu cinto de couro uma adaga parecida com a que Daynna possuía na vida passada, então a levantou, enquanto a lamina soltava um breve brilho ao entrar em contato com a luminosidade vinda da lua, olhando profundamente em meus olhos e por fim rasgando o ar até fazer com que a lâmina encontrasse meu coração.

***

Me assustei com o salto que Dorian deu, fazendo com que eu puxasse minha mão de volta para mim, que outrora estava posicionada em sua têmpora. Seus olhos procuraram os meus até que por fim me encontraram ao seu lado na cama. Ele parecia estar um tanto perturbado. Sua respiração estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona, mesmo que suas pernas não o tivessem levado à lugar nenhum. Me sentei pondo uma das minhas mãos sobre a sua, pois havia entendido que havia sido um pesadelo, já que de forma não intencional eu vira o que se passava em sua cabeça com o meu toque telepático.

― Você está bem? ― perguntei olhando fundo em seus olhos negros na pouca luz daquele quarto, feita apenas pelo abajur ao lado da cama que estava ligado.

― Foi só um pesadelo.

― Calma, está tudo bem.

― Foi horrível. Eu sonhei que te matava.

― Não foi real — disse tentando tranquilizá-lo em meio à todo aquele turbilhão que deveria estar se formando dentro de si naquele momento.

― Parecia muito real para mim — choramingou ele.

― Calma. Eu estou aqui e agora. Não se preocupa está bem?

Eu beijei a sua testa, trazendo sua cabeça para o meu peito, onde ele repousou. O abracei forte, tentando controlar as batidas do meu coração para que ele não percebesse que eu sabia mais do que aparentava naquela noite. A preocupação se instalava em mim aos poucos por receio do que poderia suceder a seguir. Tinha medo de voltar à passar por tudo outra vez. Dorian não podia despertar a mesma maldição de Daynna. Faria o que estava ao meu alcance para impedir que esse acontecimento se desse, nem que fosse a última coisa que eu faria em vida.

Entre Maldições [Livro 02]Onde histórias criam vida. Descubra agora