༺X - SEBASTIAN༻

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ஜீ፝͜͜͡͡Revivi o pior do meu passado naquela noite.

Levar aqueles corpos com Sofia até a floresta me fez relembrar da época em que eu enfileirei vários corpos depois de drenar o sangue deles e os enterrei para que ninguém mais os encontrasse. Enterrar todas aquelas pessoas era como ir em vários funerais diferentes e eu vivi o luto várias vezes diferentes, principalmente vivi a culpa bem de perto de ser um assassino. Todo vampiro acabava passando por essa situação em algum momento da sua vida e odiava o fato de que Sofia passasse por isso também e conhecesse a dor tão de perto por tirar a vida de alguém. As pessoas que acabava matando sem conhecer era ainda pior, pois não saber da história da pessoa só fazia com que imaginasse ainda mais que a pessoa tinha uma grande probabilidade de ser um ótimo ser humano.

O fato de Sofia ter matado homens ruins, não diminuía o fato do choque que era matar o primeiro ser efêmero, mas ela parecia estar bem com aquilo, já que não havia mais chorado nenhum pouco carregando os corpos vazios dos homens e os jogando no buraco fundo que nós dois cavamos com a pá de jardinagem que Blair nos emprestou da sua floricultura, assim como os carrinhos de mão que usamos para carregá-los até aqui. O carrinho foi bem resistente perante a nossa super velocidade, continuando com seus pneus intactos devido a alta velocidade.

Meu lado obscuro voltou à minha cabeça como se uma faca fosse enfiada diretamente em meu cérebro e se contorcesse por dentro. Lembrava dos meus olhos queimando por um ódio visceral e meu corpo fervilhando pela adrenalina do poder. Em minutos eu havia exterminado mais de vinte homens que tentavam me queimar com suas tochas, depois de terem visto eu matar dois de seus homens. Eles tinham armas, pois eram caçadores e estavam com seus cachorros que também consegui espantá-los mostrando meu lado demônio e depois que matei seus donos eles correram sem rumo pela floresta.

Eu tive um período sombrio o suficiente para me lembrar de mim como outra pessoa. Não era mais aquele monstro que deixei assumir o meu corpo e as minhas ações, mas nada apagava o fato de eu ter deixado aquilo acontecer, ouvindo meus instintos mais primitivos e faria o que fosse preciso para que Sofia não passasse por aquilo, pois ela nem poderia imaginar o fardo da culpa que eu tinha que carregar dentro de mim, impedindo que eu tivesse paz suficientemente dentro da minha cabeça.

Todos os dias que eu passei sozinho naquela casa abandonada para evitar a luz do dia, pensando em tudo o que eu havia feito, todas as vidas que eu tirei, todas as famílias que eu arruinei, tinha tempo suficiente para processar todos esses sentimentos e me afogar na minha própria tristeza. A culpa era uma sensação que massacrava o peito e era bem difícil sobreviver à ela sem que nenhuma sequela fosse deixada para trás. Jamais desejaria isso à ninguém, mesmo que fosse o meu pior inimigo.

Depois que fechei meus olhos imaginando a sala de estar da minha casa, todos aqueles pensamentos se silenciaram e assim que abri os meus olhos senti o alívio por estar novamente em casa, longe dos perigos noturnos e principalmente mantendo Sofia longe dos efêmeros que foram feitos para ser a sua perdição. Soltamos nossas mãos. As mãos de Blair estavam úmidas provavelmente por ter ficado nervosa o suficiente para acumular um suor frio nas palmas de suas mãos. A olhei de relance e pude perceber que respirava aliviada por tudo ter acabado finalmente, assim como e também estava.

― Se quiser descansar Blair, pode ir! ― disse tocando o seu ombro, atraindo o olhar dela para mim. ― Eu posso vigiar Sofia para você descansar, afinal a aula de vocês já acabou mesmo não é?

Blair não respondeu nada, apenas assentiu com a cabeça entendendo o meu tom de crítica, pois ainda estava chateado com ela por ter tomado aquela decisão tão vacilante levando Sofia para o convívio dos efêmeros sendo uma vampira tão recente. Resolvi não discutir com ela, afinal era nítido que se culpava pela decisão inconsequente que havia tomado e aquilo já servia de lição para ela mesma antes que tomasse qualquer outra nova decisão.

Entre Maldições [Livro 02]Onde histórias criam vida. Descubra agora