Entre Maldições [Livro 02]

༺XIII - SEBASTIAN༻

ஜீ፝͜͜͡͡Tudo em mim estava caótico.

A possibilidade de voltar a estar diante da maldição do caçador me assustava como uma fobia colossal. Meu peito se contraía dentro da minha caixa torácica como se uma mão invisível pudesse acessar o meu interior e esmagá-lo até que ele explodisse completamente, lançando os pedaços para todos os lados. Minha mente estava prestes a entrar em colapso, quase como se fosse se partir ao meio sem deixar mais nada para ser aproveitado. A onda gélida atingia até os meus ossos, quase como se pudessem se instalar ali para sempre não me dando a opção de ter nenhum segundo de paz sequer.

Mesmo sendo um ser tão poderoso, eu tinha um ponto fraco. O amor. O amor era a única coisa que poderia me levar a total ruína. Era onde residia a minha total desgraça e poderia me levar a mais profunda degradação. Eu era capaz de fazer qualquer coisa que eu quisesse, mas era totalmente incapaz de salvar Dorian de sua maldição naquele momento, sendo esse o meu maior desejo no momento atual. Me sentia como um efêmero diante de um câncer que está em seu estágio mais avançado, sendo impossível de se curar.

A última vez que eu havia passado por aquela situação eu achei que nunca mais me recuperaria, pois era como se eu tivesse chegado ao mais profundo abismo infernal onde eu reviveria aquele momento dilacerante por dias o suficientes para destruir qualquer resquício do que havia restado da minha sanidade. Por sorte a Blair me encontrou à tempo antes de eu me afundar ainda mais no meu estágio de luto à ponto de ficar impossível voltar e os danos que eu havia causado serem irreversível tanto para mim, quanto para o mundo.

Foi quando Daynna cravou a adaga em si mesma que eu percebi que ela me amava tanto quanto eu a amei. Ele estava disposta a morrer por mim para não ter que me matar, pois era o que a maldição do caçador a obrigaria a fazer. Quando diziam que o amor tudo vence, tentava imaginar que ele venceria aquela maldição, mas infelizmente só venceu a força de vontade de Daynna de não me machucar.

Não estava disposto a perder Dorian dessa forma também, ainda mais agora que estava apaixonado por ele depois de tanto tempo de negação. Sentia que uma injustiça grotesca pairava sobre aquela situação, mas sentia que aquilo seria apenas mais uma obra de Victoria depois de ter descoberto que estávamos no nosso melhor momento da vida juntos, pois a maldição só atingiria Dorian quando ele estivesse em seu vigésimo aniversário, mas já que ele havia se tornado um imortal, seu corpo jamais envelheceria para tal idade, sendo impossível ser atingido por essa maldição exasperante.

Sofia parecia um pouco impaciente me assistindo andar de um lado para o outro com todos os pensamentos turbulentos que rondavam a minha mente naquele instante. Mesmo que ainda não tivesse me repreendido era visível seu descontentamento, pois sua boca estava contraída para baixo e seus braços cruzados. Quando virei de costas pude ver de soslaio que ela revirou os olhos, mas não disse nada, afinal eu sabia como aquele gesto era irritante e só deixavam as pessoas ainda mais estressadas, mas meu corpo não conseguia se manter parado diante de tantos pensamentos contrários que me atingiam como uma espada afiada cortando todo o meu ser.

― Ainda não entendi uma coisa ― anunciou Sofia por fim quebrando o silêncio de minutos consecutivos. ― Como o Dorian lutou contra um lobisomem se ele basicamente nunca fez mal a uma mosca, já que a mamãe era contra violência na nossa casa? Por acaso a maldição dele deu um upgrade no cérebro dele e ele ganhou essas novas habilidades do nada?

― Bem, não sei o que upgrade significa, mas a maldição não dá à ele o dom da luta, apenas o desejo incessante de matar seres sobrenaturais. Geralmente caçadores treinam desde criança com os seus pais, mas à medida que eles reencarnam, algumas habilidades já vem incluídas no subconsciente para facilitar caso eles não nasçam em uma família dotada de caçadores.