༺IV - SEBASTIAN༻

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ஜீ፝͜͜͡͡Temia o pior.

Enquanto caminhávamos em direção ao terraço pra que eu pudesse lhe contar sobre o que acontecera na noite passada, sentia meu coração se contorcendo dentro do meu peito, completamente tomado pelo medo. Não queria que ele pensasse o pior de mim. Não havia invadido os seus sonhos de propósito. Tudo havia sido apenas uma infeliz coincidência. Não queria ter visto aquele sonho. Não apenas por ter invadido a privacidade da mente dele, mas porque foi perturbador o suficiente para mim também.

A verdade era que não estava apenas com medo dele me odiar por invadir a cabeça dele sem permissão, mas porque sabia que o futuro depois do que vira em seus sonhos, já estava mais que certo. No fundo, eu torcia apenas para que fosse apenas mais um pesadelo qualquer, mas depois de tudo o que eu já havia vivido até aquele momento, não acreditava mais em coincidências.

O fato é que eu havia acabado de começar algo muito bom com Dorian depois de tanta renegação. Fora muito difícil para mim aceitá-lo. Tive que ultrapassar diversas barreiras dentro de mim, e agora que eu simplesmente estava feliz por não ter me limitado mais, tudo poderia estar ameaçado. O pior de tudo, é que se realmente fosse exatamente aquilo que eu estava pensando, não teria mais volta e dessa vez, poderia perder o amor da minha vida para todo o sempre.

Subimos pela escada até finalmente chegarmos ao terraço. O céu naquela noite estava mais estrelado do que nunca, ganhando toda a minha atenção no minuto que se seguira. Ao meu lado, Dorian também pareceu fascinado com o vislumbre diante de seus olhos e pude ver um sorriso singelo surgindo em meio à sua expressão, o que aqueceu meu coração por alguns breves segundos.

Voltei a sentir o amargor em minha boca e aquela pontada gélida em meu coração. Tinha de falar o que viera até ali para dizer. Teria de atrapalhar aquele momento tão aprazível para o garoto. Os olhos dele possuíam uma atmosfera tão delicada, como se ele pudesse ver o mundo de uma forma bem mais bonita que as outras pessoas, de maneira que até mesmo as coisas mais corriqueiras, se tornavam um evento de grande escala. Odiaria ver aqueles olhos tristes ou decepcionados, principalmente se eu fosse a causa disso.

Caminhei até a sacada, olhando para o meu jardim lá embaixo com algumas luminárias acesas que impediam que o ambiente ficasse totalmente submerso nas sombras que vinham com a noite. Remexia meus dedos tentando aliviar um pouco da tensão que se instalara dentro do meu ser, enquanto ouvia os passos de Dorian na minha direção. Ele se posicionou bem ao meu lado sem nenhum espaço entre nós, de maneira que seu braço tocava o meu, fazendo com que sentisse seu calor ultrapassar o tecido da minha roupa e encontrar a minha pele.

― E então, o que você queria conversar comigo? ― indagou Dorian focando seus olhos escuros diretamente em mim, fazendo eu querer recuar por um segundo, mas me mantive firme o máximo que consegui.

― Ah... é que... bem... é...  ― balbuciei sentindo que as palavras estavam fugindo de meu intelecto tão depressa quanto um raio. Sentia como se um espaço branco fosse tudo o que havia restado.

Dorian continuava me fitando com expectativa e sorriu ao me ver tão atrapalhado como nunca antes. Ele tocou me braço como um gesto de apoio, o que fez com que eu respirasse fundo e aos poucos fosse me acalmado. Ele exalava tranquilidade, mesmo dando para ver a preocupação sutilmente em seu olhar.

― Desculpa, é que eu não sei como te dizer isso de uma maneira que não soe tão agressiva! ― expus erguendo minhas sobrancelhas, enquanto minha testa se vincava.

― Eu prometo não levar para o lado pessoal! ― disse ele soltando uma risadinha.

Aquele gesto de certa forma me deixou um pouco mais tranquilo e fez eu criar certa coragem para contar de uma vez por todas que eu tinha invadido sua mente. Enrijeci meus músculos e respirei fundo.

Entre Maldições [Livro 02]Onde histórias criam vida. Descubra agora