Capítulo 11

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Nesse momento as únicas coisas que consigo sentir são o frio descomunal que seria capaz de fazer com que uma mão humana caia se por muito tempo exposta sem nenhuma proteção, o ardor das feridas abertas em meu corpo que só piorou quando os guardas vigiando minha cela jogaram álcool sobre elas, e a fratura em meu ombro.

Não me importava com todos os outros sintomas do possível resfriado que eu pegaria ou com todos os hematomas inchados. Havia um em meu olho, esse com a mais absoluta certeza era o pior de todos, não em questão de dor, mas sim no quanto ele me deixava incapacitada. O inchaço estava tanto que não conseguia enxergar nada do lado esquerdo.

Me apoiei na pilha de feno que tinha ali dentro, olhei em volta e notei certas coisas que não havia reparado antes. Na parede atrás de mim, bem no alto, há uma janela, não uma janela de vidro, mas sim com três espaços entre duas barras de ferro.

Uma tocha presa por uma haste de metal na parede dando ao local sua única iluminação e calor. A cela possuía somente uma grande porta de metal com uma pequena janela para entregar comida.

As paredes e chão de pedra deixavam tudo mais gelado, meu corpo tremia levemente causando mais dor por estar se mexendo sem controle, causando batidas dolorosas nos músculos doloridos e feridas em processo de cicatrização.

Tinham me entregado outra roupa por aquela que eu estava antes ser "confortável e cara demais para uma prisioneira", uma desculpa horrível para me causar mais frio. Agora para cobrir meu corpo, havia uma leve camiseta branca frouxa de linho junto com uma calça três quartos do mesmo material só que na cor preta, ou pelo menos acho que algum dia ela foi dessa cor. Felizmente pude continuar com minhas botas.

Um barulho na fechadura fez meus olhos subirem por extinto me causando uma leve dor na têmpora direita. A porta se abriu lentamente e pude ver aquele que tinha os olhos tão parecidos com a noite, aquele homem que tanto me atentava as vezes e me fazia ficar com raiva só de olhar para algo e lembrar dele.

O rapaz andou tranquilamente pelo cômodo mal iluminado, suas mãos guardadas nos bolsos da calça social se desprenderam dela rapidamente enquanto ele vinha em minha direção, no meio tempo disso a porta se fechou.

Assim que ele chegou perto pude ver seu rosto com expressões de raiva e susto, ele segurou meu rosto entre as mãos frias, mas que tinham as pontas dos dedos quentes. Sua mão direta passava por minha bochecha direita enquanto a outra estava alojada em meu pescoço fazendo um leve carinho em minha nuca.

-Quem fez isso com você? – Agora podia ver a raiva transbordar por seus olhos, o maxilar travado e a coloração vermelha surgindo em seus olhos.

Acabei por esquecer de mencionar que depois dos guardas me trazerem para a cela eles acabaram por me dar uma surra extra, por pensar que a equipe era composta por um bando de retardados que não iriam conseguir pegar uma humana. Palavras deles, não minhas.

-Não foi nada demais, você tem alguma atadura aí? – Pergunto tentando evitar olhar em seus olhos, sabia que não iria conseguir resistir se olhasse para eles, iria acabar contando a verdade. Iria dizer que estava com medo, iria dizer que estava sentindo dor, iria dizer muitas outras coisas que me deixariam exposta.

-Como não foi nada demais? Olha só para você, está toda machucada. – Ele lentamente se sentou em minha frente e me colocou em seu colo com cuidado para não me causar dor. Mesmo eu querendo afastá-lo, estranhamente sinto que não posso e nem quero fazer isso.

-O que vai fazer? – Pergunto com a voz fraca pelo sono que tentava me consumir, seu colo estava quente e confortável, Sasuke era quente.

-Fique quieta, irei te ajudar. – Diz passando os braços ao redor de meu corpo e o segurando contra ele enquanto uma luz espectral verde brilhava na pequena marquinha em minha mão.

Terra da Chuva e NeblinaOnde histórias criam vida. Descubra agora